Foto: Mário Vilela/Funai |
Novas ações de criminalização da parte da presidência da FUNAI
Fração Indígena do
PCB
Não faz muito
assistimos, não sem certo espanto, a medidas – requisição de instauração de
inquérito policial pela polícia federal – em face de lideranças indígenas pela
Fundação Nacional do Índio – FUNAI, que vinham desempenhando papel protagonista
na defesa dos povos indígenas em razão da pandemia pelo Covid 19. Almir Suruí e
Sônia Guajajara foram os então alcançados pelos atos intimidatórios e criminalizadores
da presidência da FUNAI. A repercussão negativa de tais providências teve
alcance mundial, os estapafúrdios inquéritos foram para o ralo, um arquivado
pela própria polícia federal, trancado o outro por decisão da justiça, tudo
isso depois de muita pressão da opinião pública.
Passadas poucas semanas, nos chega a notícia de que a obstinada política persecutória e criminalizadora da presidência da FUNAI segue de vento em popa: agora os perseguidos e intimidados com nova requisição de inquérito policial são funcionários da própria Fundação, um advogado que assessora a associação indígena e uma das mais expressivas lideranças indígenas do país, Mário Pawre Atroari.
O pano de fundo desse indecoroso ato da presidência da FUNAI é o
Linhão de Tucuruí e o respectivo licenciamento ambiental desse empreendimento,
que, recordamos, se trata de megaempreendimento com inúmeras torres de alta
tensão que se quer construir em paralelo e às margens da BR 174 que atravessa
esse território indígena, ligando Manaus (AM) a Boa Vista (RR), ou seja,
cortando de Sul a Norte esse território indígena.
Pretexta a presidência da FUNAI que servidores do próprio órgão estariam obstando a realização das providências administrativas que competem à Fundação para o licenciamento do empreendimento, que tem inquestionável componente indígena, direcionando possível indenização compensatória para a associação civil que reúne os Waimiri Atroari (Kinja em sua autodenominação), tudo isto em articulação com a liderança Mário Pawre Atroari, agindo este último sob direta (e interessada) influência de um advogado.
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Sem embargo da presidência da FUNAI
estar desdenhando da obrigatoriedade de obediência à Convenção 169 / OIT –
Organização Internacional do Trabalho, instrumento convencional com plena vigência
constitucionalizada no Brasil, que estabelece inafastável necessidade da
consulta e consentimento prévio, informado e de boa-fé aos povos originários em
circunstâncias dessa natureza e estar fazendo tábula rasa do fato de os Waimiri
Atroari terem construído após inúmeras reuniões o regramento desse protocolo de
consulta, ora suspenso em virtude da pandemia que assola o país, é
escancaradamente nítido que usa essa nefasta presidência desse expediente
policial para tentar coagir e intimidar o povo Waimiri Atroari e suas
lideranças, seus próprios funcionários e um profissional do Direito que nada
mais faz do que honrar o mandato legal lhe conferido pela associação indígena.
Conquanto todo esse
contexto de abuso de autoridade e outras ilegalidades em que incorre a
presidência da FUNAI, o que se espera seja objeto de apuração devida pelos
órgãos de controle com essa finalidade, temos certeza de que Mário Pawre
Atroari, um dos sobreviventes do massacre perpetrado contra o seu povo por
agentes do Exército e outros durante a ditadura empresarial militar por ocasião
da construção da BR 174, resistirá junto com seu bravo povo a mais essa
investida das classes dominantes que operam via seus prepostos encastelados no
Estado brasileiro. Não será uma traiçoeira medida dessa natureza, a curso pelas
mãos dos fascistas que infestam esse governo genocida, que fará os Waimiri
Atroari baixarem a cabeça.
A Fração Indígena do
PCB e o Partido Comunista Brasileiro expressam sua irrestrita solidariedade e
apoio ao povo Waimiri Atroari, à sua história e sua resistência, assim como aos
funcionários da FUNAI que honram o mandato de ordem social e público lhes
outorgado pelo Estado brasileiro, não olvidando de estender seu apoio ao
advogado que cumpre o seu papel e mister profissional junto à nação Kinja.
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