Foto: PCB da Bahia |
Nota Política do Partido Comunista Brasileiro – PCB
2021 se apresenta
como um ano em que se prevê o acirramento da luta de classes no Brasil e no
mundo, em decorrência do aprofundamento da crise estrutural do capitalismo,
agravada pela pandemia da Covid-19, com consequências cruéis para a classe
trabalhadora, que já sofre há tempos com os ataques da burguesia aos direitos
sociais e trabalhistas, o desmonte dos serviços públicos, o crescimento brutal
do desemprego, o aumento da carestia de vida e as constantes ameaças do
imperialismo aos povos do planeta.
Nos Estados Unidos, o episódio da invasão do Congresso por grupos da extrema direita – nazistas supremacistas brancos e outros segmentos – representou uma ação de desespero de Trump para tentar manter-se no poder e evitar que seja julgado pelos inúmeros crimes que cometeu. Há uma crise mais profunda no próprio imperialismo, pois os Estados Unidos vêm rapidamente perdendo influência no cenário político internacional e força no terreno econômico, onde a China avança com crescimento interno e com a montagem de uma rede de alianças internacionais que inclui, além de trocas comerciais, o compartilhamento da produção e a construção de infraestrutura produtiva em muitos países em condições mutuamente vantajosas, podendo esperar-se a ultrapassagem em relação aos EUA em um horizonte próximo.
A derrota de Trump foi o resultado das pressões vindas dos movimentos
antirracistas, feministas, da revolta dos mais pobres, sem perspectivas, do
desgaste das posturas supremacistas e negacionistas de seu governo, da
resistência de muitos segmentos da sociedade estadunidense frente à ameaça de
golpe fascista sob sua liderança.
Biden governará sob
pressão popular para que promova mudanças nas políticas de direitos civis e de
alguns direitos sociais, como emprego e acesso à saúde, o que pode ser
acompanhado de um maior questionamento ao regime político partidário
representativo, claramente obsoleto e excludente, inclusive em relação a outros
sistemas democráticos burgueses. Mas não há que ter ilusões. Biden representa
os interesses do complexo industrial-militar dos EUA e, mesmo que venha a
adotar um tom mais negociador, com pressão, à la Obama, sobre Cuba e Irã,
tenderá a recrudescer as ações militares em diversas regiões do planeta, com
ênfase na América Latina e, em particular, em relação à Venezuela.
Continue lendo.
BASTA DE POLÍTICA
GENOCIDA E DE DESTRUIÇÃO DE DIREITOS!
No Brasil,
aprofunda-se a crise econômica e política, ampliada pela retração do PIB – que
poderá chegar a 5% – e pelas ações criminosas do Governo Bolsonaro-Mourão, que,
por seu negacionismo em relação à gravidade da pandemia e em reação à ciência,
contribuiu em muito para o agravamento da crise sanitária. O caso de Manaus é
emblemático.
Pode-se prever, para o período 2021 – 2022, a ampliação das contradições de classe, com maior precarização das condições de trabalho e da vida da população, fazendo aumentar o infortúnio dos trabalhadores formais e informais, subempregados, desempregados e setores populares. Já se observa um processo de quebradeira de pequenas empresas e demissões em maior volume no setor privado e no setor público, como decorrência da retomada das privatizações. A adoção do programa de demissões “voluntárias” do Banco do Brasil é um claro indício dessa tendência.
Mais ainda, o desemprego se acelera por conta do processo de
desindustrialização, já em curso no Brasil há tempos, a exemplo da recente
saída da montadora automobilística Ford e de parte da Mercedes-Benz, entre
outras empresas. O Brasil sujeita-se às decisões dos grandes grupos econômicos
e não tem, hoje, uma política de desenvolvimento industrial, perdendo a ponta
na maioria dos setores.
Já há 14 milhões de
brasileiros sem acesso à alimentação, o custo da cesta básica vem aumentando
expressivamente, o salário mínimo é o menor em dez anos e a decisão – genocida
– de pôr fim ao auxílio emergencial concedido no período da pandemia são
fatores que reforçam a insatisfação popular.
As classes dominantes
se mantêm em ofensiva para manter seus privilégios e retirar direitos dos
trabalhadores, que são forçados a apertar os cintos. Essa ofensiva se viabiliza
pela aliança existente entre o bolsonarismo e a direita tradicional. No
entanto, para uma parte da burguesia brasileira, Bolsonaro passou a ser um
estorvo, pois dificulta os seus negócios pela profunda incompetência de seu
governo, como demonstrado na gestão da pandemia, pelas posturas agressivas em
relação a países parceiros na economia como a China e pelo enorme desgaste que
traz para a sociedade em diversas questões como a ligação com milícias e as
posturas homofóbicas e misóginas, assim como para a imagem do Brasil no
exterior, pois suas ações na questão ambiental e no combate à pandemia provocam
reações negativas junto à opinião pública de diversos países.
Um processo de
impeachment pode ser deflagrado após a eleição das mesas da Câmara e do Senado,
assim como uma CPI para investigar as ações do governo federal, mas não deve
ser descartada a hipótese de uma saída negociada entre o Governo
Bolsonaro-Mourão e a direita representada pelo chamado Centrão. Por sua vez,
Bolsonaro parece acenar para suas bases mais radicais com a possibilidade de um
golpe, para o qual contribuiria em muito a influência de Bolsonaro junto às
Polícias Militares nos Estados.
A luta pelo
impeachment é central na conjuntura atual. A retirada de Bolsonaro reforça a
noção de que a mudança é possível e pode reduzir o risco do golpe fascista,
embora, seguramente, os grupos de extrema direita e parte dos segmentos sociais
que convergiram para o apoio a Bolsonaro seguirão ativos.
Os comunistas devem
se somar às amplas iniciativas que estão sendo organizadas pelo impeachment de
Bolsonaro, pautando no interior dessas ações a necessidade de organizar a
classe trabalhadora em torno de bandeiras políticas como a manutenção do
auxílio emergencial, de empregos e salários, criação de postos emergenciais de
trabalho, revogação da emenda constitucional de congelamento de gastos
públicos, revogação das contrarreformas da previdência e trabalhista, garantia
de moradia e saneamento básico para o conjunto da população e a defesa
intransigente do SUS 100% público, estatal e gratuito. É urgente a mobilização
do povo trabalhador em defesa da imediata vacinação em massa para erradicar a Covid-19.
Acreditamos que
somente um amplo movimento de massas poderá derrotar o governo Bolsonaro e sua
política genocida. Neste sentido, devemos ampliar as ações e mobilizações de
massas nas ruas e nos bairros populares, participando ativamente das articulações
e lutas para fazer avançar o processo de reorganização dos trabalhadores, das
trabalhadoras e da juventude e na construção de um necessário Encontro Nacional
da Classe Trabalhadora. É fundamental reforçar a organização do Fórum Sindical,
Popular e de Juventudes por Direitos e Liberdades Democráticas nos estados e
municípios.
O PCB propõe a
construção de uma frente de caráter social e político baseada em organizações
políticas, movimentos sociais, populares, sindicais e da juventude para
derrotar a política antipopular do governo Bolsonaro-Mourão. Os trabalhadores
não podem perder sua autonomia política nem sua independência de classe nas
necessárias amplas lutas que devemos travar na atual conjuntura. O PCB orienta
toda a sua militância e coletivos a participar dos atos de rua pelo
impeachment, pelos direitos da classe trabalhadora e contra os ataques do
capital, respeitando o distanciamento e tomando os cuidados necessários em
função da pandemia.
Fora Bolsonaro e
Mourão!
Vacina para todos já!
Pelo Poder Popular no
rumo do Socialismo!
Comitê Central do PCB
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