ESTADÃO - Redação
© Reprodução Gasto do governo com leite condensado vira meme nas redes sociais
Na cena política
nacional, o leite condensado ganhou
destaque recente como protagonista do peculiar café da manhã do presidente Jair Bolsonaro. Desde a campanha
eleitoral de 2018, Bolsonaro difunde o gosto matinal pela combinação do pão
francês com a mistura cremosa formada por leite e açúcar. O produto se tornou
um dos temas mais comentados do Twitter após o site Metrópoles mostrar
que a administração federal – o que inclui de ministérios a autarquias – gastou
mais de R$ 15 milhões em recursos públicos para comprar o doce em 2020.
O valor é, por exemplo, cinco vezes superior a tudo que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) recebeu para fazer o monitoramento por satélite de toda a Amazônia, Pantanal e demais regiões do País – R$ 3,2 milhões no mesmo período, segundo dados levantados pela consultoria Rubrica. Nos últimos dois anos, o Inpe – principal órgão federal responsável pelas pesquisas espaciais e monitoramento –, o Ibama e o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) tiveram seus orçamentos reduzidos, o que comprometeu a capacidade de o governo realizar ações estruturais de proteção, fiscalização e combate do desmatamento nas florestas nacionais – a Amazônia registrou volume recorde de queimadas no ano passado.
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Os gastos alimentícios do governo federal, que somaram mais de R$ 1,8 bilhão em 2020, entraram na mira da oposição. Parlamentares formalizaram uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) pedindo a abertura de investigação sobre as compras do Executivo. Segundo o site Metrópoles, o gasto global do Executivo federal com alimentos e bebidas registrou um aumento de 20% em relação a 2019. Neste total estão ainda despesas de cerca de R$ 2,2 milhões com chicletes e R$ 32,7 milhões com pizza e refrigerante, por exemplo. No ranking de memes na internet, porém, nenhum gasto superou a aquisição de leite condensado. O doce também era o mais buscado no serviço que contabiliza as pesquisas diárias feitas no Google.
‘Supérfluo’
Em documento
protocolado no TCU, o senador Alessandro
Vieira (Cidadania-SE) e os deputados federais Tabata Amaral
(PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES) argumentam que o aumento das despesas fere o
princípio da moralidade administrativa. “Em meio a uma grave crise econômica e
sanitária, o aumento de gastos é absolutamente preocupante, tanto pelo
acréscimo de despesas como pelo caráter supérfluo de muitos dos gêneros
alimentícios mencionados”, diz um trecho da representação.
Representantes do PSOL, o deputado David Miranda (RJ) e as deputadas Fernanda Melchionna (RS), Sâmia Bomfim (SP) e Vivi Reis (PA) protocolaram uma ação para que o procurador-geral da República, Augusto Aras, abra investigação sobre os gastos de R$ 1,8 bilhão. Nas redes, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) escreveu: “O leite condensado do @jairbolsonaro. É a versão atual da elba do Collor. Impeachment NELE!”, em uma referência ao caso do veículo Elba, pivô do processo de impedimento do ex-presidente.
Procurado pela
reportagem e questionado sobre os gastos com alimentos, o governo federal não
havia se manifestado até a conclusão desta edição. /ANDRÉ BORGES, RAYSSA MOTTA e SAMUEL COSTA
EM TEMPO: A corrupção é inerente ao Sistema Econômica Capitalista. Para debelar temos que construir uma nova sociedade igualitária e socialista. Agora levem Bozo para concluir sua educação, civilidade e honestidade (rsrsrs).
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