sábado, 30 de janeiro de 2021

Amazônia caminha para espiral de morte com salto no desmatamento em 2020

 

Área desmatada da floresta amazônica na região de Porto Velho (RO)

Jake Spring

Por Jake Spring

BRASÍLIA (Reuters) - Uma área do tamanho de Israel foi desmatada no bioma da Amazônia no ano passado, quando a destruição aumentou 21% na região que se estende por nove países e abriga a maior floresta tropical do mundo, de acordo com a organização Amazon Conservation.

Sob esse índice acelerado, a floresta amazônica atingirá um ponto de inflexão em de 10 anos a 20 anos, após o qual entrará em uma espiral sustentada de morte e secará, transformando-se em uma savana, disse Carlos Nobre, cientista da Universidade de São Paulo. Cerca de 17% a 18% do bioma já foi destruído, e com 1% a mais de desmatamento a cada três anos, o ponto de inflexão de 20% a 25% de destruição está se aproximando rapidamente, afirmou Nobre, que não faz parte da Amazon Conservation.

"É fundamental atingir o desmatamento zero em toda a Amazônia em menos de cinco anos", disse Nobre. Um primeiro olhar da Amazon Conservation sobre o desmatamento no ano inteiro de 2020 mostra que cerca de 21 mil quilômetros quadrados de floresta de crescimento antigo foram cortados ou queimados, o equivalente ao tamanho de Nova Jersey, segundo as descobertas do grupo norte-americano sem fins lucrativos em sua análise de dados de satélite.

"Estes números são atordoantes", disse Matt Finer, que comanda o projeto de monitoramento amazônico da ONG. O bioma da Amazônia é dominado majoritariamente pela floresta tropical, mas inclui outros ecossistemas que compartilham uma variedade semelhante de plantas e animais. Muitas partes da Amazônia sofreram com um clima mais seco no ano passado, e por isso ficaram mais suscetíveis a incêndios.

A Bolívia respondeu pelo maior aumento da destruição na comparação com 2019, já que incêndios enormes devastaram as florestas secas de Chiquitano, disse Finer. Muitos bolivianos usam táticas de corte e queima para liberar terras para o gado e a soja, e as chamas podem sair de controle e invadir a floresta em condições secas.

A Bolívia anunciou um estado de emergência em outubro, dizendo que 600 famílias haviam sido afetadas pelos incêndios. Depois da Bolívia, Peru, Colômbia e Equador testemunharam aumentos menores do desmatamento. O Brasil é o campeão de desmatamento, respondendo por 61% dos focos de incêndio na Amazônia como um todo, embora a destruição florestal de 2020 tenha sido semelhante à de 2019, segundo Finer.

"Acho que 2019 é visto como um ano muito ruim para a Amazônia brasileira. (O ano de) 2020 teve menos notícias e atenção, mas foi igualmente ruim, se não pior." Os dados de 2020 se baseiam em uma análise preliminar de alertas de desmatamento gerados pela Universidade de Maryland, e as cifras definitivas serão confirmadas mais tarde neste ano.

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