27 de dezembro de 2020
Reprodução: El País
Por Milton Pinheiro –
membro do Comitê Central do PCB
O MOMENTO – PCB da
Bahia
Uma conjuntura de morte: vamos à luta! O Brasil do caos controlado saiu do processo eleitoral com o declínio das hordas bolsonaristas, contudo, apesar da derrota eleitoral, o apoio popular ao militar presidente continua em um patamar importante. O voto nas eleições municipais deu uma vitória importante ao campo ideológico da direita tradicional. Cresceu o DEM, mas, também cresceram os seus parceiros, os partidos do balcão da pequena política a exemplo do PSD do Kassab, PTB de Roberto Jefferson, PR dos negócios políticos do comerciante Edir Macedo, e outros partidos congêneres que estão unidos na desqualificação das pautas populares.
A grande questão que
deve chamar atenção nessa análise da relação de forças no campo da
institucionalidade da política é que essa direita tradicional, que venceu nas
eleições, é aliada institucional do governo federal nas mais diversas pautas
que têm impactado a conjuntura: contrarreformas, pauta dos costumes,
fundamentalismo religioso e, em alguns casos, na posição diante do Covid 19.
Neste mesmo processo
eleitoral, tivemos uma queda substancial – diminuição do número de prefeituras
-, no campo da social democracia tardia (PT) e do neodesenvolvimentismo
pragmático (PC do B). Contudo, a esquerda socialista teve uma importante
vitória em Câmaras Municipais de grandes cidades do país. Para além disso, as
trilhas abertas pela candidatura de Guilherme Boulos (Psol/PCB) permite à
esquerda uma nova intervenção no cenário das lutas populares e uma diferenciada
sinalização para 2022.
No entanto, em um país marcado pelo impasse da crise, e pelo papel irresponsável do governo federal, cresce na conjuntura uma relação dicotômica entre vida e morte, fazendo crescer as ações políticas que estimulam a morte da população.
Seja a
partir das contrarreformas, a exemplo da previdência e trabalhista, que
desarticulam o sistema de arrecadação, que desemprega e expõe a população à
incerteza na velhice; seja através da cruel e nefasta política do teto de
gastos; seja com a destruição do sistema único de saúde que, por falta de
investimentos, que coloca o conjunto da população em risco; seja pela falta de
um planejamento nacional para um provável processo geral de vacinação no
sentido de combater o Covid 19; seja pelo comportamento fundamentalista do
agitador fascista, Jair Bolsonaro, diante da questão da vacina, estimulando a
antivacinação, promovendo mitos obscurantistas sobre a vacina; ou através da
política deplorável sobre questões de saúde pública em relação a AIDS, Hepatite
C, saúde mental, etc.
Precisamos deixar
muito nítido que, quando as liberdades democráticas tiverem maior repercussão
em nosso país e o obscurantismo deixar de ser política pública e o agitador
fascista sair do governo da república, devemos constituir uma Comissão Nacional
da Verdade para estudarmos o quadro de morte por Covid 19 (que deve ser bem
maior) e a política assassina deste governo.
Diante desse quadro,
consideramos que estamos numa conjuntura de morte. Amplia-se a presença da
contaminação pelo SARS-CoV-2 no Brasil, contudo, sem termos nenhum plano de
combate, sem nenhuma orientação oficial sobre a vacinação e sem a necessária
logística para esse procedimento. Como se esse quadro já não fosse lamentável,
cresce a miséria social que avançará com o fim do auxílio emergencial: temos
uma situação de fome que é crescente e pode ser ainda maior em todo o Brasil; o
desemprego estabelecendo-se como fator de miséria social; a inflação e a
carestia dos produtos da cesta básica ainda conformam esse dramático quadro da
conjuntura de morte no Brasil.
Mesmo com este grave
cenário de desespero social, gestado pela lógica do caos controlado, o governo
de direita e ultra neoliberal do agitador fascista, Jair Bolsonaro, avança na
construção balizas para destruir o patrimônio público, com a venda de grande
parte da Petrobras e de outras empresas estatais; além da destruição do
ecossistema nacional e dos ataques sem trégua às populações em situação de
risco. Agora, na ordem do dia das ações destrutivas está a contrarreforma
administrativa para desarticular o que sobrou do Estado brasileiro.
Em um quadro
histórico de profunda crise social e avanço da crise econômica, podemos ter um
acirramento da luta de classes. Portanto, é urgente a necessidade do trabalho
de base, bem como precisamos superar o déficit organizativo que existe na
esquerda para que consigamos avançar na reorganização da classe trabalhadora e
na articulação de uma frente única das organizações populares e proletárias, em
unidade profunda com as organizações políticas da esquerda brasileira.
Esse conjunto
ideopolítico pode ser o operador dos enfrentamentos para barrar a direita,
combater seu projeto de destruição, e avançar numa pauta que tenha como
perspectiva a defesa dos interesses da classe trabalhadora e do povo pobre das
periferias.
Vamos à luta!
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