quinta-feira, 26 de novembro de 2020

NOTA do PCB SOBRE AS ELEIÇÕES DO GARANHUNS E DA CIDADE DE RECIFE/PE

 

Parque Euclides Dourado


  Nestas eleições municipais de 2020, o PCB fez uma aliança com o PSOL, com apoio da UP (Unidade Popular) para lançar uma chapa para a Prefeitura do Garanhuns/PE, com Paulo Camelo – Prefeito, e Cristina Oliveira - Vice-Prefeita. Essa chapa nasceu do entendimento que seria, e foi, fundamental apresentar aos nossos conterrâneos uma opção classista, uma candidatura inequivocamente compromissada com os interesses das classes trabalhadoras, haja visto que o PT capitulou, preferindo adotar sua política de conciliação de classes, dando ao candidato do PSB, Sivaldo Albinoum “verniz de esquerda” que Ele não possui.  Os três  partidos, ao formarem a Frente de Esquerda do Garanhuns/PE, entenderam que era fundamental uma proposta política que contemplasse a  afirmação de outro projeto de sociedade: Crítica ao Capitalismo, Defesa do Poder Popular e Defesa do Socialismo”. 


   Pensar o município a partir da visão de uma esquerda socialista, que entende a gestão municipal como um espaço para fortalecer a organização, mobilização e consciência política das classes trabalhadoras, ou seja, da construção do Poder Popular, e que enxerga na Prefeitura um papel de gestão política direcionada para defender os interesses daqueles que produzem as riquezas do nosso município, ou seja, os trabalhadores(as) do campo e da cidade, combatendo a agressão ambiental, defendendo o patrimônio público, restabelecendo o Hospital Municipal, implantando o Hospital de Transição para combater a COVID 19, estatizando a AESGA, dinamizando o Turismo, implantando as Cooperativas Urbanas e Rurais, dentre outros itens do nosso já consagrado Programa de Governo.  


    O pessoal do PSB e seus apoiadores criaram um “terrorismo eleitoral”   utilizando um falso argumento de que a candidatura de Paulo Camelo a Prefeito, poderia “atrapalhar” a candidatura de Sivaldo Albino, favorecendo seu “irmão” direitista, Silvino Duarte. Convém lembrar que tanto PCB, como PSOL e UP, não fazem parte da base aliada do governador “Paulo Câmara Lenta”.  Mas, o nosso slogan de campanha “NEM O PASSADO COM ERA, NEM O PRESENTE COMO ESTÁ, espelha bem o que vivenciamos, uma vez que Sivaldo, Silvino, Zaqueu e Izaías, eram aliados e hoje são adversários e vice-versa. Portanto, a eleição de Sivaldo significa dizer que houve uma troca de “seis por meia dúzia”, conforme dito popular. 


     Tivemos um bom desempenho eleitoral, com propostas, participação nas entrevistas e debates, além do Guia Eleitoral e das Inserções no Rádio e no Instagram (paulocamelo21), mas contraditoriamente o resultado  foi  muito modesto, seja pelo “verniz esquerdista” que o PT deu a Sivaldo Albino, seja pelo “terrorismo eleitoral”. Contudo, temos a consciência tranquila de termos cumprido nosso papel político ao tentar contribuir com a conscientização das classes trabalhadoras. 


    Por outro lado, aos desavisados e desinformados pode ficar parecendo que, na Cidade de Recife, há uma disputa de centro-esquerda, mas não é difícil perceber que não é isso. Já fazem muito tempo que o Partido Socialista Brasileiro (PSB) não é um partido sequer de centro-esquerda, que dirá socialista. Como diria o empresário Paulo Skaff, que foi candidato a governador de São Paulo pelo PSB, o S do PSB é só uma letra. 

 

    Em 2010 o PSB apoiou Aécio Neves na eleição presidencial. O PSB teve uma aliança muito duradora com o PSDB em São Paulo.   


     E, em 2016, o PSB nacional e Sivaldo Albino em Garanhuns/PE, apoiaram o golpe contra a Ex-presidente Dilma Roussef, com o agravante que aqui em Garanhuns o Sivaldo Albino  participou de uma passeata pela cassação de Dilma e detonando o Ex-Presidente Lula, por “corrupção”. A questão ali não era ser simplesmente oposição aquele governo. Pois o PCB faz oposição de esquerda ao PT desde 2005. A questão foi que o golpe foi dado exatamente para viabilizar a agenda ultraliberal que tem desmontado a saúde, a educação, o meio ambiente, o emprego e pavimentado o caminho para a ascensão do Bolsonarismo 


    Essa guinada à Direita também se reflete nas gestões do PSB nos governos do Estado e das cidades de Pernambuco, em especial na Cidade de Recife. 


      No segundo turno, em 29.11.2020, o PCB se colocou contra a candidatura do PSB não apenas por condenar a gestão municipal liderada por Geraldo Júlio, mas por entender que a Prefeitura da Cidade de Recife é uma trincheira relevante na luta eleitoral de 2022, e que eleger o PSB em Recife tende a significar dar palanque para a extrema-direita, seja Dória, Moro, Luciano Huck ou outro similar. 


     Apesar das divergências programáticas e da política equivocada de alianças ora promovidas pelo PT, as vezes se aliando com seus "carrascos", a exemplo de Sivaldo em Garanhuns e do PSB que votou no Congresso Nacional, em 2016,  pela cassação da ex-presidente Dilma, condenamos veementemente os ataques deferidos pelo PSB de João Campos, via  desinformação e  violência política  contra Marília Arraes e o próprio PT. A rigor o PSB agiu incorporando com perfeição o estilo Bolsonarista de ataque a centro-esquerda e esquerda. O pior é que o PT local e estadual não reagem. Donde se conclui que não é de se estranhar que o PSB se alie com à Direita e Centro-Direita nas Eleições de 2022. Este é mais um motivo para o PT local não ter se aliado com Sivaldo Albino. Mas, vamos em frente. Coerência e determinação na política é para poucos.  


quarta-feira, 25 de novembro de 2020

PSB perde mais uma ação na Justiça

 

Postado por Magno Martins

Com edição de Ítala Alves

A juíza eleitoral Virginia Gondim Dantas deferiu medida liminar, hoje, e determinou que o candidato do PSB à Prefeitura do Recife, João Campos, não realize a distribuição dos adesivos contra a candidata do PT, Marília Arraes. Os adesivos trazem os dizeres “Se você cochilar o PT vai voltar; PT nunca mais; Essa praga nunca mais e Votei em Mendonça agora é 40”.

Para a magistrada, o candidato João Campos é nítido beneficiário do material veiculado. Nesse sentido, além de determinar que João Campos se abstenha em realizar a distribuição dos impressos, que contêm irregularidades e o beneficiam, determinou que os fiscais da propaganda procedam à imediata apreensão dos adesivos e que o Detran realize a identificação dos proprietários dos veículos que estavam a distribuir os adesivos.

EM TEMPO: Reage PT de Garanhuns. Não diz nada aos seus carrascos? 

PSB usa canais oficiais de comunicação para agredir Marília

 

Postado por Magno Martins 

Com edição de Ítala Alves

Adotando uma conduta cada vez mais criminosa e baixa com relação à candidata Marília Arraes, o PSB de João Campos, através de órgãos oficiais de comunicação interna do partido, está enviando para a sua militância a produção de vídeos apócrifos contra Marília. O chamado Lado B.

O mais atual, profissionalmente elaborado e enviado pelo chefe do gabinete do ódio, Flávio Campos, reproduz página da revista Veja e faz referência a uma possível conversa entre a candidata e o deputado federal Túlio Gadelha (PDT) sobre a construção de um suposto esquema de “rachadinha”, o que já foi provado por Marília ser inexistente e uma inverdade.

Flávio ainda determina oficialmente que o vídeo deve ser compartilhado em todas as redes sociais da militância.

Especialistas consultados pelo blog afirmam categoricamente que pelo tipo e qualidade da produção, o conteúdo é com certeza feito dentro da própria produtora responsável pelo guia eleitoral da campanha de João Campos. A produção utiliza-se, inclusive, de tradutora de LIBRAS.

Mais uma afronta e um crime cometidos pela campanha de João Campos contra a Justiça Eleitoral.

EM TEMPO: Muito bonito para o PT local ter apoiado Sivaldo Albino. 

sábado, 14 de novembro de 2020

As eleições nos EUA e os impactos no Brasil


Edmilson Costa*

As eleições nos Estados Unidos ocorreram numa conjuntura em que o império enfrenta um processo acelerado de decadência, combinado com uma tripla crise: uma crise econômica, uma crise sanitária e uma crise de hegemonia. 

Mesmo antes da emergência dramática desses fenômenos, o sistema já tinha sido abalado pela crise de 2008, da qual até agora o País ainda não se recuperou. A crise expôs com rudeza explícita os graves problemas sociais longamente omitidos pela mídia corporativa.

A eleição de Donald Trump e seus quatro anos de governo representaram uma espécie de tentativa desesperada das classes dominantes de reverter a crise, retomar a hegemonia do império e colocar o ônus na conta dos trabalhadores. 

Mas o governo Trump, com sua agressividade e extravagância patológica, em vez de resolver os problemas, acirrou todas as contradições, tanto do ponto de vista interno quanto externo. Os impérios em decadência são assim mesmo: naturalizam as bizarrices e nem percebem que essas bizarrices representam seu esgotamento.

Durante os quatro anos de governo nos Estados Unidos, Trump colocou o sistema de cabeça para baixo. Apoiou supremacistas brancos, barbarizou os imigrantes, reprimiu os pretos e a juventude e renegou a ciência na crise sanitária. 

Do ponto de vista internacional, rompeu todas as regras constituídas pelo próprio sistema desde o pós-guerra, brigou com velhos aliados da Europa, desencadeou uma ofensiva contra a China, principal financiador de seu déficit, estimulou golpes de Estado, impôs sanções selvagens contra nações que não se curvaram aos seus pés, além de uma agenda política abertamente agressiva e extravagante que incluía o apoio a bandos fascistas em várias partes do mundo – tudo isso na vã perspectiva de que essas bravatas seriam suficientes para resolver a crise. 

Quando a pandemia chegou, a economia norte-americana já estava a caminho de uma nova onda da crise sistêmica global e a doença apenas acelerou e potencializou os problemas que já estavam inscritos num sistema fragilizado.

Portanto, para se compreender a confusão em torno da eleição de Biden à presidência e a resistência de Trump em reconhecer a derrota, além da crise institucional em curso, é preciso atentar para o fato de que todo esse imbróglio imperial não é nada mais nada menos do que a expressão política da decadência imperialista. Como escrevi em trabalho anterior, por mais que os escribas a serviço de Wall Street propaguem que tudo que está acontecendo é resultado da pandemia, a crise na verdade é do próprio sistema capitalista. 

Trump e seus arroubos patológicos significam apenas os rugidos de um bufão em final de espetáculo, um arranjo das classes dominantes que não deu certo e que agora o sistema procura corrigir apostando todas as fichas em Biden. Como se pode imaginar, as classes dominantes também cometem erros e, em muitos casos, esses erros abrem janelas de oportunidades para a construção de alternativas populares.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Bolsonaro em guerra: Trump derrotado, denúncia contra Flávio, vacina e outras nuvens que pairam sobre Bolsonaro

 

Mariana Schreiber - @marischreiber - Da BBC News Brasil em Brasília

qui., 12 de novembro de 2020  

Nesta semana, postura de Bolsonaro foi de radicalização diante de novos desafios

O presidente Jair Bolsonaro voltou a elevar o tom de suas declarações nesta semana, o que alguns críticos veem como uma tentativa de desviar o foco de uma série de notícias recentes negativas para o seu governo, como a denúncia criminal apresentada contra seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro, e a derrota eleitoral de sua principal referência externa, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Bolsonaro, que até o momento não congratulou o democrata Joe Biden pela vitória sob Trump, aproveitou um discurso na terça-feira (10/11), em cerimônia sobre o setor de turismo, para polemizar com o futuro presidente americano, afirmando que o Brasil precisaria de "pólvora" para fazer frente à ameaça de retaliação comercial — durante a campanha, Biden disse que isso poderia ser feito caso o desmatamento não pare na Amazônia.

No mesmo evento, Bolsonaro defendeu que o Brasil "tem que deixar de ser um país de maricas" e "enfrentar de peito aberto" a pandemia de coronavírus. Mais cedo, ele comemorou a suspensão (já revertida) dos testes da CoronaVac, vacina contra coronavírus desenvolvida pelo Instituto Butantan que pode render dividendos políticos a um de seus principais adversários, o governador de São Paulo, João Doria.

Para completar a "tempestade perfeita" que ganha forma contra o presidente, candidatos apoiados por ele nas maiores capitais do país devem ir mal na eleição municipal de domingo, segundo apontam as pesquisas eleitorais.

domingo, 8 de novembro de 2020

O SUS é nosso, ninguém tira da gente!

NÃO ao alargamento da privatização na atenção primária do SUS pelo governo Bolsonaro: Fora o Decreto presidencial nº 10.530!

Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde (FNCPS)

O governo neofascista Bolsonaro vem intensificando a participação do setor privado na atenção primária do SUS, desde a criação do novo modelo de alocação de recursos federais nesse nível de atenção à saúde, instituído por meio do Previne Brasil, Portaria do Ministério da Saúde n. 2.979/2019. Com a emissão do Decreto presidencial nº 10.530, de 26 de outubro de 2020, esse projeto privatizante do governo federal fica mais ainda explícito. 

O Decreto, escrito de forma sintética com um artigo apenas, atrela a qualificação da política de fomento ao setor de atenção primária à saúde ao Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República. Fica determinada a elaboração de estudos de alternativas de parcerias com a iniciativa privada para a construção, a modernização e a operação de Unidades Básicas de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Apesar de a Covid-19 mostrar, de forma objetiva, a importância da APS 100% pública, como porta de entrada do SUS com alta resolutividade na atenção dessa pandemia, o governo resolve entregá-la às “mãos” da lógica do mercado. Trata-se de um passo significativo no fortalecimento de um projeto de atenção primária à saúde em que o capital passe a desempenhar um papel destacado, aniquilando o SUS público, universal, integral e de qualidade.

Não se deve perder de vista que esse Decreto integra o conjunto de medidas que foram sendo implantadas pelo governo Bolsonaro na atenção primária à saúde desde 2019, com a criação da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (APS) do MS, tendo como base a “retrógada” PNAB/2017 elaborada pelo governo golpista do Temer. 

Destacam-se duas medidas mais importantes: 1) a Medida Provisória nº 890/2019, convertida em dezembro na Lei nº13.958 que institui o Programa Médicos pelo Brasil e autoriza a criação da Agência para Desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde (ADAPS) – sendo formalmente criada pelo Decreto nº 10.283, de 20 de março de 2020, em plena pandemia do coronavírus, com atribuição de prestação direta da APS por meio da contratação de prestadores privados; 2) a Carteira de Serviços para a APS (CaSAPS), com a instituição da relação de serviços a serem ofertados pela atenção básica, por meio da criação de uma lista com um rol de procedimentos, constituindo-se instrumento necessário para o estabelecimento de contratos com qualquer prestador, seja público ou, especialmente privado, como prefere a proposta desse governo.

'Você é o próximo': Saiba quais líderes mundiais receberam 'aviso prévio' de opositores nas redes após derrota de Trump

Foto: Alan Santos/Presidência da República

Extra. Texto publicado em 07.11.2020

 

Líderes mundiais alinhados ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foram lembrados no Twitter por opositores após a confirmação neste sábado da vitória do candidato democrata Joe Biden nas eleições americanas. Entre os alvos de "aviso prévio" nas redes está o presidente Jair Bolsonaro.

No início da tarde deste sábado, pouco após a confirmação da vitória de Biden na Pensilvânia, a hashtag #BolsonaroEoProximo se tornou um dos assuntos em alta no Twitter, assim como a frase "Chora Bolsonaro". Na sexta, quando a derrota do candidato à reeleição já se consolidava, Bolsonaro relativizou o alinhamento que vinha mostrando ao presidente dos EUA e afirmou que Trump "não é a pessoa mais importante do mundo". Nos dias anteriores, porém, Bolsonaro havia indicado que torcia pela vitória do aliado contra Biden.

Políticos de oposição ao governo Bolsonaro, com os deputados federais Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ), se juntaram ao coro dos internautas na comemoração da derrota de Trump, e tuítaram a frase "Bolsonaro, você é o próximo".

Além do presidente brasileiro, outro alvo das redes após a derrota de Trump foi o filipino Rodrigo Duterte, considerado um dos mais notórios representantes da extrema-direita mundial. A hashtag #OustDuterteNOW ("Derrubem Duterte Agora", em tradução livre), já usada em outros momentos contra o presidente das Filipinas, ressurgiu nas redes neste sábado em posts que comemoravam a vitória de Biden. Trump e Duterte, também eleito em 2016, já trocaram elogios entre si. As próximas eleições filipinas só ocorrerão em 2022.

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, expoente da extrema-direita e um dos principais aliados de Trump na Europa, também foi lembrado no "aviso prévio" das redes. Já o premiê britânico Boris Johnson, que parabenizou a eleição de Biden pelo Twitter, se tornou alvo tanto de opositores quanto de apoiadores - estes últimos questionaram o reconhecimento da vitória do democrata, sugerindo em resposta ao tweet de Jonhson que o resultado teria sido fraudado.

Outros seguidores do primeiro-ministro do Reino Unido lembraram que Biden já condicionou as relações comerciais entre os dois países à manutenção do Acordo de Belfast ("Good Friday Agreement"), um tratado de paz entre Irlanda e Irlanda do Norte que está sob risco após o Brexit, defendido por Johnson.

EM TEMPO: A rigor Trump  nunca foi amigo de Bolsonaro. Apenas Bolsonaro tenta forçar a natureza e a todo custo quer  ser "amigo" de Trump. É um amor "Platônico", unilateral, ou seja, não correspondido. Esse Bolsonaro é uma fuleragem. Que acha? 

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Eleições nos EUA: se Biden vencer, relação com Brasil será mais 'normalizada' e menos de 'compadres', diz ex-chefe do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca

 

Marcia Carmo - De Buenos Aires para a BBC News Brasil

Sexta-feira,  6 de novembro de 2020

Biden deve ter uma política externa bem diferente da de Trump

Se o democrata Joe Biden for eleito como novo presidente americano, haverá uma guinada na relação do Brasil e de outros países com os Estados Unidos.

E as vias diplomáticas e institucionais voltarão a ter prioridade sobre as relações pessoais entre os presidentes — como, por exemplo, a relação de Jair Bolsonaro com Donald Trump.

Estas são avaliações do professor Arturo Valenzuela, da universidade de Georgetown, nos EUA. Valenzuela colaborou com a campanha de Joe Biden e foi subsecretário responsável pelas relações com a América Latina no primeiro governo de Barack Obama. Também foi chefe do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca no segundo mandato de Bill Clinton.

"Não pode ser uma relação de amigos, de compadres, que têm certas tendências parecidas. A relação terá que ser mais normalizada, no âmbito diplomático", disse.

"Acho que Biden e sua equipe vão buscar fortalecer as relações com todos os países e, especialmente, com o Brasil, pela importância que o Brasil tem na América Latina e no mundo."

Em entrevista à BBC News Brasil, falando de Washington, Valenzuela disse que Biden retomará a linha de política externa do governo Obama.

A ideia é privilegiar o multilateralismo, o diálogo entre os países, e valorizar as instituições internacionais, como as Nações Unidas, a comissão de direitos humanos da própria ONU, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Mundial de Comércio (OMC), entre outras.

Valenzuela diz que a postura de Bolsonaro — que chegou a dizer que torcia pela vitória de Trump —pode ser um problema na relação com Biden, mas que a tendência é o democrata normalizar as relações para que aconteçam no plano diplomático, e não pessoal.

Eleições nos EUA: de 'ele vai ser reeleito' a 'não é o mais importante do mundo', o que Bolsonaro já disse sobre Trump

 

O presidente Donald Trump ao lado de Bolsonaro

BBC News Brasil, 6 de novembro de 2020

Leal apoiador do presidente americano, Donald Trump, o presidente Jair Bolsonaro disse na sexta-feira (06/11) que o republicano "não é a pessoa mais importante do mundo".

   

A declaração ocorreu pouco depois de o candidato democrata Joe Biden chegar mais perto de derrotar Donald Trump e ser eleito o próximo presidente dos Estados Unidos, conforme avança a contagem de votos em Estados-chave. Nesta manhã, Biden passou à frente do republicano na apuração de votos nos Estados da Geórgia e da Pensilvânia, ficando mais perto de conquistar os 270 delegados necessário para chegar à Casa Branca.

Nos EUA, a eleição para presidente é indireta, feita a partir dos delegados que os candidatos conquistam pela maioria dos votos recebidos em cada Estado. Até o início da tarde desta sexta-feira no Brasil, o placar estava em 264 delegados para Biden e 214 para Trump. Dos Estados com resultado ainda em aberto, o democrata também lidera em Nevada e Arizona, enquanto Trump está na frente no Alaska e na Carolina do Norte — a vitória apenas nesses dois, porém, é insuficiente para ser reeleito.

"Eu não sou a pessoa mais importante do Brasil, assim como Trump não é a pessoa mais importante do mundo, como ele bem mesmo diz. A pessoa mais importante é Deus, a humildade tem que se fazer presente entre nós", afirmou Bolsonaro, ao discursar em Florianópolis, durante formatura de 650 agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

A declaração é uma mudança de tom em relação ao que o presidente tem falado sobre Trump e a eleição americana. Bolsonaro manifestou diversas vezes torcer pelo republicano, contrariando a tradição diplomática brasileira de não interferir em pleitos de outros países — estratégia que permite estar bem posicionado para estabelecer relações com o governo eleito, seja ele qual for.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Não existe estupro culposo!

 

TODA SOLIDARIEDADE A MARIANA FERRER!

Coordenação Nacional do Coletivo Feminista Ana Montenegro

É inadmissível a classificação persecutória e misógina de “estupro culposo” que inocentou o empresário catarinense do crime de estupro contra a jovem Mariana Ferrer. O Brasil se encontra entre os países mais violentos para as mulheres. Somente em 2018 foram registrados 180 casos de estupro por dia, o que significa mais de 66.000 casos em um ano, sendo que 54% das vítimas tem menos de 13 anos, cerca de 81% são do sexo feminino e 51% são mulheres negras (dados do 13° anúario de Segurança Pública, 2018).

Não existe nenhum caso de estupro em que a culpa seja da vítima, como foi apresentado de forma extremamente violenta pelo o advogado do empresário, ao expor fotos da jovem na internet. Não importa o conteúdo das fotos de Mariana, é um direito dela se vestir e tirar fotos como quiser. Isso não é um convite para ser estuprada e de forma alguma pode servir de justificativa para a violência praticada. Ela tem todo direito a seu corpo e sua imagem. Para além disso, ainda é apresentado que a jovem perdeu o emprego no último período, como mais uma justificativa para inocentar o empresário, que além de estuprar, drogou a jovem para consumar o ato.

Estamos em um país assolado pelo desemprego estrutural e as principais vítimas de estupro são aquelas em piores condições de vida e trabalho. A decisão judicial reforçará ainda mais a possibilidade de culpabilização das mulheres e a permissividade do estupro. Estudo realizado pelo Fórum de Segurança Pública em 2016, mostrou que 43% dos brasileiros do sexo masculino maiores de 16 anos acreditam que “mulheres que não se dão ao respeito são estupradas”.

O problema é a estrutura social na qual vivemos, onde o corpo e a vida das mulheres são colocadas como pertencentes aos homens – principalmente aos homens brancos – e como passíveis de serem violentados como forma de demonstração de poder. A possibilidade de liberdade sexual precisa ser perseguida, violada, a fim de manter essa estrutura patriarcal, machista e exploradora, que além de utilizar o trabalho reprodutivo não pago das mulheres (trabalho doméstico, maternal e amoroso), também nos reserva os piores e mais desgastantes trabalhos, bem como menores salários devido à condição de gênero, sexual e racial.

Outra questão fundamental no caso é a condição de classe do acusado, um empresário branco, que tem todas os recursos de pagar um advogado para defendê-lo e que conta com a moral burguesa e classista que o apresenta como “superior” devido à sua condição econômica, de gênero e cor. Se fosse um homem negro da periferia, provavelmente já estaria na prisão, sofrendo com a violência da polícia ou até mesmo morto. A lei não é igual para todos e muito menos justa, ela serve a uma classe.

Nesse contexto extremamente violento para as mulheres, é um absurdo que as mulheres que sofrem com essa violência e ousam romper o silêncio e buscar justiça, sejam submetidas a tantas outras violências, como ver seus agressores inocentados, o que faz que muitas delas sofram sozinhas e não busque justiça para seus casos. Manifestamos nosso total apoio e solidariedade a Mariana Ferrer e seguimos em luta pelo fim da cultura do estupro e de todas as formas de violência contra as mulheres.

O "eleitor oculto" de Trump e o novo erro dos institutos de pesquisa

 

Texto extraído do Blog do  Magno Martins. 

Com edição de Ítala Alves

Por Thaís Oyama

Aconteceu de novo. 

Ainda que a principal previsão se confirme — e Joe Biden seja eleito presidente dos Estados Unidos —, os institutos de pesquisa já têm de se ajoelhar no milho. Seu método fracassou outra vez.

Com raríssimas exceções, os principais institutos de pesquisas mostravam o democrata Biden à frente do republicano Donald Trump por uma média nacional que variava entre oito e dez pontos.

Era a tal "onda azul", que até agora ninguém viu. Já em alguns estados-chave, a madrugada se encarregou de dissipar as primeiras miragens. O ABC-Washington Post havia afirmado que Biden levaria a Flórida por três pontos de vantagem. Deu o exato oposto, com Trump ganhando pela mesma margem prevista para o seu concorrente.

O instituto Quinnipiac apostou que o candidato democrata ganharia em Ohio por quatro pontos. O vitorioso foi o republicano, por oito pontos. Os números disponíveis mostram ainda que Trump saiu-se melhor do que o previsto entre os eleitores que votaram pelo correio e também entre os eleitores negros e latinos (estes últimos não apenas desmentiram as pesquisas como foram fundamentais para a vitória do presidente na Flórida).

Aqui e ali, os institutos começam a balbuciar satisfações ao público enganado. O principal argumento para justificar os erros que se avistam foi antecipado pelo Trafalgar Group, um dos únicos institutos que, em 2016, apostaram firme na vitória de Trump quando os demais diziam que a democrata Hillary Clinton venceria facinho.

Ao site Politico, o responsável pelo Trafalgar Group, Robert Cahaly, afirmou em entrevista publicada no último dia 29 acreditar na existência de muitos "eleitores ocultos" de Donald Trump. Para o pesquisador, esses eleitores estariam "escondendo" sua preferência pelo republicano por receio de "censura social". Cahaly lembrou que, em 2016, Hillary Clinton chamou de "deploráveis" os apoiadores de Trump, e desde então, os adjetivos pioraram bastante. "As pessoas são agredidas por colar um adesivo no carro, por isso preferem não dizer nada", afirmou o pesquisador.

A se confirmar que os estados de Wisconsin e Michigan vão com Biden e que a Georgia fica com Trump, resta ainda a crucial Pensilvânia, onde um caminhão de votos aguarda contagem. Não dá para dizer quem será o candidato vitorioso. Mas já é possível cravar quem perdeu. E nessa categoria entram, além dos institutos, todos os que confundiram  torcida com realidade.

EM TEMPO: Tomara que os institutos de pesquisa desabem também em Garanhuns/PE

Ex-assessora de Flávio Bolsonaro assume ter participado de esquema de rachadinha

Yahoo Notícias, 4 de novembro de 2020

Flávio Bolsonaro foi denunciado pelo esquema de rachadinha no gabinete quando era deputado estadual (Foto: AP Photo/Eraldo Peres, File)

Luiza Souza Paes, ex-assessora do gabinete de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na Assembleia Legislativa do rio de Janeiro, admitiu fazer parte de um esquema de rachadinha. Ao Ministério Público do RJ, ela contou que era obrigada a devolver mais de 90%. A informação foi revelada pelo jornal O Globo, que teve acesso ao depoimento.

A ex-funcionária do gabinete de Flávio, quando este era deputado estadual, mostrou extratos bancários. Os documentos comprovam que, entre 2011 e 2017, repassou cerca de R$ 160 mil a Fabrício Queiroz por meio de transferências e depósitos bancários.

Queiroz é apontado como operador do esquema no gabinete de Flávio na época. O procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem, denunciou ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio o senador e Fabrício Queiroz. Segundo informações do Extra, a denúncia foi oferecida à Justiça do Rio em 19 de outubro, mas a informação veio à tona na madrugada desta quarta-feira, 4.

Luiza é a primeira ex-assessora a admitir que existia o esquema de rachadinha no gabinete de Flávio. Ela foi nomeada para o posto em 12 de agosto de 2011 e ficou menos de um ano no cargo. Depois, ocupou outras funções na Alerj. Durante todo o período, relatou ap MP, teve de devolver a maior parte do que recebia. No depoimento, ela contou que ficava com R$ 700 por mês. No período, os salários dela variaram entre R$ 4,9 mil e R$ 5,2 mil. Segundo Luiza, ela também era obrigada a devolver os valores referentes a férias, 13º, vale-alimentação e até mesmo os valores recebidos pela Receita Federal na restituição do imposto de renda.

A ex-assessora ainda revelou que outras funcionárias viviam a mesma situação, como Nathália e Evelyn, as duas filhas de Queiroz, além de Sheila Vasconcellos, amiga da família. A investigação verificou que as três devolveram R$ 878,4 mil para Fabrício Queiroz. A investigação acerca de Luiza começou por causa de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, entregue ao Ministério Público Federal e repassado ao órgão do Rio de Janeiro. 

Os relatos dela são de que só soube do esquema no primeiro dia de trabalho na Alerj. Ela foi orientada a abrir uma conta na agência da Assembleia Legislativa e, todos os meses, deveria sacar o dinheiro no caixa. Quando pegava o dinheiro, tinha de fazer um depósito na conta de Queiroz. Foram repassados cerca de R$ 155 mil em depósitos.

Ao jornal O Globo, ela afirmou que não podia se manifestar, já que o processo está em sigilo. A defesa de Flávio Bolsonaro não quis comentar o depoimento e, sobre a denúncia, disse que já era esperada, mas não se sustenta. A defesa de Fabrício Queiroz seguiu o mesmo caminho e não comentou o depoimento. Sobre a denúncia, disse que teve conhecimento, mas não teve acesso ao conteúdo.

EM TEMPO: Como é bom medir as palavras. Não acha Bolsonaro? E se Trump perder as eleições nos Estados Unidos. Como fica sua situação interna e externa? Vai mostar "arminha"? Agora durmam com essa bronca. 

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Eleições nos EUA: O que o Brasil ganhou e perdeu com a proximidade entre Bolsonaro e Trump

BBC NEWS, terça., 3 de novembro de 2020

 

Bolsonaro já afirmou 'amar' Trump, mas não foi retribuído pelo americano

Bolsonaro tem se alinhado aos EUA em questões geopolíticas

 

Em 16 de maio de 2019, quando visitava a cidade de Dallas, nos Estados Unidos, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, adaptou seu tradicional bordão para o seguinte: "Brasil e Estados Unidos acima de todos", disse. Além disso, no mesmo evento comercial, o mandatário brasileiro bateu continência para a bandeira americana.

Meses depois, em setembro do mesmo ano, Bolsonaro demonstrou seu apreço por Donald Trump, em um evento em Nova York. "Eu te amo", disse o brasileiro, em um momento registrado pelas câmeras. O presidente americano, no entanto, não foi tão carinhoso e respondeu apenas: "Bom te ver de novo". Por outro lado, Trump já afirmou que Bolsonaro e ele são "grandes amigos".

Bolsonaro e Trump, candidato à reeleição no pleito disputado nesta terça-feira (3/11), partilham o posicionamento ideológico de direita, o conservadorismo nos costumes e o estilo populista e online de fazer política. Mas a gestão Bolsonaro defende que a aproximação de agendas dos países não é resultado apenas da simpatia mútua entre a dupla de políticos, mas o reconhecimento de que a relação até então morna com os americanos representava uma oportunidade desperdiçada de aumentar o fluxo de negócios bilaterais e a influência política brasileira na América Latina.

Mas até que ponto a dita amizade entre Trump e Bolsonaro de fato se reverteu em benefícios para o país latino-americano? Em quais pontos houve avanços e quais outros o Brasil saiu perdendo?

A BBC News Brasil ouviu especialistas em relações internacionais e comércio exterior para entender essas questões.

1 - Assimetria e política de imigração

Para Felipe Loureiro, professor e coordenador do curso de Relações Internacionais da USP, a relação entre Brasil e Estados Unidos nos dois últimos anos, com Trump e Bolsonaro no poder, pode ser classificada como "assimétrica".

"É assimétrica porque Brasil cedeu de maneira concreta em vários setores, mas recebeu em troca apenas promessas", afirma. "O governo Trump fez pouquíssimas concessões, de modo que o Brasil ganhou muito pouco nesse período."

Um desses pontos citados pelo acadêmico foram as políticas de visto e imigração. Enquanto Bolsonaro extinguiu a necessidade de visto para turistas americanos entrarem no Brasil, Trump não fez o mesmo nem anunciou qualquer mudança sobre as ações contra imigrantes brasileiros que estejam de maneira clandestina nos Estados Unidos. Pelo contrário: aviões fretados pelo governo brasileiro trouxeram centenas de imigrantes de volta ao país.