segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Reorganizar a classe e criar o poder popular

Coordenação Nacional da Unidade Classista

Nos últimos meses, com a crise sanitária causada pela pandemia do novo coronavírus, ficaram ainda mais expostas às debilidades estruturais do capitalismo e sua face mais cruel.

Apesar de todos estarem expostos a uma doença que ainda não tem cura, as formas de enfrentamento têm sido absurdamente distintas, pois alguns países tiveram a capacidade de mobilizar e organizar a população para desenvolver respostas econômicas e sanitárias eficientes, reduzindo drasticamente as mortes, as contaminações e as projeções de queda nas taxas de crescimento e de outros indicadores econômicos e sociais, tais como a China, Cuba, o Vietnã, entre outros.

Já nos demais casos, com destaque para os EUA, o Brasil e a maioria dos países da Europa, assistimos exatamente o contrário, com o aumento diário e avassalador de casos e mortes, agora inclusive, com novas “ondas de contaminação”. Do ponto de vista econômico entre os trabalhadores já contabilizamos milhões de demissões, congelamentos e reduções de salários, destruição de acordos coletivos e retiradas de direitos e entre as empresas já são milhões de falências, já temos números comparáveis aos da crise de 1929 e do pós-guerra.

Vivemos o chamado “novo normal”, com a banalização das mortes, da perda de empregos, do rebaixamento de salários, da retirada de direitos e tudo isto tem sido propagado pela burguesia em suas mídias como algo natural e inevitável. E para piorar a situação em todo o mundo e mais recentemente no Brasil, vemos a retomada da atividade dos chamados setores “não essenciais” da economia e a genocida reabertura das escolas públicas e privadas, para definitivamente acabar com as frouxas “quarentenas”.

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No Brasil, o PIB deverá sofrer queda de mais de 10%, mais de 700 mil pequenas empresas já faliram, a fuga de capitais já atingiu mais de 60 bilhões de dólares nos últimos 12 meses e o real se desvaloriza a cada dia. Segundo a PNAD, mais da metade da força de trabalho está fora do mercado, são mais de 13 milhões desempregados e 40 milhões no mercado informal. Mais de 100 milhões de brasileiros recorreram ao chamado “auxílio emergencial” de R$ 600,00, destes, apenas 60 milhões conseguiram sacar o dinheiro, além disso diversas projeções indicam que até o final deste ano voltaremos ao mapa mundial da fome. 

Enquanto isso o governo, por meio do Banco Central, liberou 1 trilhão e duzentos milhões para os bancos e milhares de empresas que suspenderam contratos de trabalho, rasgaram acordos coletivos e demitiram milhares de trabalhadores, continuam com altas taxas de lucro, algumas inclusive com números melhores do que registravam antes da pandemia.

A burguesia se movimenta no sentido de promover um pacto que propicie o avanço das políticas neoliberais e a continuidade das privatizações, os partidos e as centrais sindicais do campo da conciliação apostam suas fichas nas negociatas e nas eleições e o governo Bolsonaro avança na construção da política de caos controlado, com uma postura tática mais mediadora, mas que a qualquer momento pode descambar para ações mais radicalizadas e para um golpe articulado com suas bases da extrema direita.

Se por um lado tal conjuntura apresenta enormes desafios para a classe trabalhadora, por outro devemos encará-la como uma grande oportunidade para construirmos a contraofensiva, pois talvez nunca tenhamos tido na história recente do capitalismo, tantos elementos para dialogar com os trabalhadores sobre a necessidade de superarmos revolucionariamente este modo de produção.

A crise também revelou a superioridade dos serviços públicos e da ação estatal planejada, pois foram os países que mantém sistemas de saúde públicos estatais e de qualidade os que melhor enfrentaram a pandemia, ao contrário do que vem acontecendo nos que destruíram os sistemas de bem-estar e privatizaram os serviços públicos.

Os recentes atos de rua dos entregadores que trabalham para as empresas de aplicativos, os atos antifascistas e antirracistas e pelo Fora Bolsonaro, evidenciaram a contradição capital-trabalho, afastaram os grupos da extrema direita das ruas e denunciaram o processo de fascistização e militarização da sociedade brasileira, sentidos principalmente pelo proletariado e a população negra das periferias, e abriram boas perspectivas de atuação das organizações populares.

Nos próximos meses e no pós-pandemia, o Estado aprofundará os ataques e a repressão e somente os trabalhadores e a juventude, organizados programaticamente nas ruas, nos locais de trabalho, estudo e nos movimentos populares poderão resistir.

Sendo assim, torna-se fundamental que a militância em conjunto com os mais diversos setores da classe trabalhadora desenvolvam ações de agitação e propaganda para deslegitimar o discurso neoliberal e as políticas capitalistas, intensifiquem o trabalho de base e concentrem amplos esforços para a construção e o enraizamento do Fórum Sindical, Popular e da Juventude, de Luta por Direitos e Liberdades Democráticas em todas as regiões do país, para que por meio deste instrumento possamos potencializar a resistência aos ataques, a reorganização da classe e criar instrumentos de poder popular para a construção do socialismo.

FORA BOLSONARO E MOURÃO!

PELA CONSTRUÇÃO DO FÓRUM POR DIREITOS E LIBERDADES DEMOCRÁTICAS!

PELA REORGANIZAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA!

RUMO AO ENCLAT!

AVANTE CAMARADAS!

UNIDADE CLASSISTA, FUTURO SOCIALISTA!

COORDENAÇÃO NACIONAL DA UNIDADE CLASSISTA

FIQUE ATENTO E PARTICIPE DA CONSTRUÇÃO DO SEGUINTE CALENDÁRIO DE LUTAS:

07/08 – 2º Dia Nacional de Mobilização pelo Fora Bolsonaro;

23/08 – Movimento mundial “Stop Bolsonaro”;

07/09 – Grito dos Excluídos.


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