Aguirre Talento
O Globo, 3 de agosto
de 2020
Fabrício Queiroz, personagem central do esquema da rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro, em banho de sol durante a prisão domiciliar na sacada de seu apartamento, na Taquara, Rio de Janeiro. A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou um pedido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para reverter a soltura do ex-assessor Fabrício Queiroz e de sua mulher Márcia Oliveira de Aguiar, concedida liminarmente pelo presidente do STJ João Otávio Noronha em regime de plantão.
Com o fim do plantão do Judiciário, o pedido da PGR foi destinado ao relator do habeas corpus, o ministro Félix Fischer, e à Quinta Turma do STJ. A manifestação é assinada pelo subprocurador-geral da República Roberto Luís Oppermann Thomé. Ele aponta a "inexistência de ilegalidade" na prisão preventiva de Queiroz, cita que a jurisprudência impede a concessão de benefícios para alvos foragidos, como era o caso de Márcia Aguiar, e solicita que seja restabelecida a prisão deles.
"Conquanto
cediços cultura jurídica e espírito público do ínclito Ministro Presidente, sua
v. decisão monocrática, ora agravada, merece integral reforma para que se
respeite até mesmo a percuciente, abalizada e escorreita fundamentação lavrada
em oito de dez laudas pela inexistência de ilegalidade alguma na necessária
constrição judicial cautelar, e mesmo se resgate o respeito à iterativa
jurisprudência pátria que rechaça concessão de benesses a pessoas que se
encontrem foragidas da Justiça", escreveu o subprocurador.
Ao final da manifestação, ele solicita que Fischer conceda monocraticamente a reforma da decisão ou leve o assunto para a Quinta Turma do STJ. "Ante o exposto, o Ministério Público Federal respeitosamente espera que seja por Vossa(s) Excelência(s), de modo monocrático pelo ínclito Ministro relator ou colegiado por esta colenda Turma, provido este agravo regimental/interno/pedido de reconsideração para resgatar a dignidade da função jurisdicional e o respeito devido às decisões prolatadas por juízos competentes e o bom nome e conceito da Justiça", escreveu.
Em 9 de julho,
durante o plantão, o presidente do STJ João Otávio Noronha concedeu prisão
domiciliar para Queiroz e sua mulher, alegando questões de saúde do ex-assessor
e que a prisão preventiva foi proferida por juiz sem atribuição para o caso, já
que o Tribunal de Justiça do Rio decidiu enviar a investigação para o órgão
especial do TJ.
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