No Brasil também pode cair! É preciso ampliar as lutas!
Edmilson Costa –
Secretário Geral do PCB (Partido Comunista Brasileiro)
A prisão de Steve Bannon deixa claro que a extrema-direita mundial não passa de uma gangue de criminosos, corruptos e mafiosos que se utilizaram de todos os métodos sujos para alcançar o poder em várias partes do mundo, com o apoio entusiasta do grande capital internacional, especialmente da oligarquia financeira, que é a principal beneficiada com essa ordem agressiva neoliberal.
Bannon foi preso como um
ladrãozinho de segunda linha porque estava fraudando dinheiro de uma campanha
de arrecadação de fundos para a construção do muro separando Estados Unidos do
México. Parte da grana embolsou para despesas pessoais, utilizando a emissão de
notas fiscais fictícias junto com seus comparsas, que também foram presos.
Mesmo tendo pagado a fiança no valor de US$ 5 milhões (R$ 27,7 milhões), a
Justiça federal de Nova York determinou que ele terá o passaporte retido e não
poderá usar aviões ou barcos privados até a conclusão do processo, que poderá
lhe render a condenação de 20 anos de cadeia.
A prisão de Bannon
torna também claro que esses líderes da extrema-direita encarnam a degeneração
típica dessa fase agressiva neoliberal em que as classes dominantes, já não
tendo mais nada a oferecer à humanidade, apelam para qualquer figura
desclassificada para impor os ataques contra trabalhadores e trabalhadoras, a
juventude e a população pobre. Bannon ficou conhecido pelo site Breibart News,
a partir do qual propagava suas ideias de extrema-direita, misturadas com
racismo e supremacia branca. Como se destacou na mídia, foi o principal
estrategista da campanha de Trump a presidente e um dos responsáveis pela sua
vitória, com a manipulação descarada de informações e uso de falsas notícias
pelas redes sociais.
Como um dos
principais líderes da extrema-direita e fundador do The Moviment, a articulação
da extrema-direita mundial, Bannon se tornou um ícone dos grupos fascistas internacionais.
Ele também está envolvido com a Cambridge Analytica, empresa que se tornou
conhecida por manipular dados nas redes sociais para influenciar eleições em
vários países do mundo, a partir da manipulação da base de dados e perfis dos
internautas.
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Bannon também foi um
dos conselheiros da família Bolsonaro nas eleições presidenciais e responsável
ideológico pela montagem da rede de fake news e disparos de mensagens falsas em
grupos de whatsapp, que teve um papel central na vitória do capitão. O esquema
de fake news foi tão bem articulado que, mesmo depois das eleições, continuou
sendo realizado pelo chamado gabinete do ódio, dirigido por um dos filhos do
presidente.
Como uma espécie de
deferência por seu papel nas eleições no Brasil, Bannon foi convidado especial
para um jantar com o presidente na embaixada dos Estados Unidos, junto com
Olavo de Carvalho, em sua visita ao país. Os laços entre a família Bolsonaro e
Bannon também se estreitaram em função da coincidência de ideias extremistas e,
por isso, Eduardo Bolsonaro foi nomeado embaixador do movimento extremista para
a América do Sul, com o objetivo de combater o chamado marxismo cultural e as
ideias socialistas na região. Agora se sabe que, por trás desse movimento,
estava uma gangue envolvida até o tutano com a corrupção.
Aprofundar as
investigações no Brasil
Da mesma forma como
ocorreu nos Estados Unidos, aqui no Brasil as investigações que estão sendo
realizadas pelo Congresso, pelo Supremo Tribunal Federal e pela Justiça do Rio
de Janeiro devem ser ampliadas e aprofundadas porque, com certeza, o esquema
aqui no país deve ser mais escandaloso do que nos Estados Unidos. É necessário
que as instituições acelerem as investigações sobre os crimes cometidos pela
família Bolsonaro, porque é fundamental tornar público, desmoralizar e punir
essa corja que assaltou o Palácio do Planalto com os mesmos métodos e sob a
orientação da gangue de Steve Bannon.
O Supremo Tribunal
Federal deve intensificar as investigações sobre a rede de fake news montada a
partir do gabinete do ódio, dirigido pelo filho do presidente, tornar público e
punir os responsáveis pelos crimes de ódio que envenenam a conjuntura e
manipulam vários setores da sociedade, com ênfase para setores médios
conservadores e vastos setores populares desesperados diante da gravidade da
crise brasileira. Importante também investigar quais os setores empresariais
que financiaram essa rede criminosa, as carreatas da morte e manifestações de
caráter fascistas no País. Também é muito importante que a Câmara dos Deputados
acelere as apurações sobre a rede de notícias falsas e apresente para a
sociedade os responsáveis, de forma que sejam desmoralizados politicamente e
punidos judicialmente.
A Justiça também deve
ainda intensificar as investigações sobre a família Bolsonaro, especialmente
seu filho senador e suas relações corruptas com as “rachadinhas”, já amplamente
evidenciadas, bem como seu enriquecimento às custas da extorsão de seus
funcionários. Também é fundamental aprofundar as investigações que envolvem os
depósitos na conta da mulher do presidente da República, pois os depósitos
podem ser a ponta do iceberg do envolvimento mais amplo de Bolsonaro no mesmo
esquema. Além disso, é importante que os órgãos policiais e jurídicos
investiguem com mais ênfase as relações entre a família Bolsonaro e as milícias
do Rio de Janeiro, a natureza e o significado das várias medalhas que o então
deputado Flávio Bolsonaro concedeu a conhecidos integrantes dessas facções
criminosas, bem como os empregos que deu a vários familiares desses bandidos em
seu gabinete e o assassinato de Marielle Franco.
Não se pode esquecer
também que o Brasil se transformou num dos epicentros da extrema-direita
internacional, tendo Eduardo Bolsonaro como um dos líderes desses extremistas,
cujo dinheiro público financiou suas reuniões internacionais. Vangloriava-se
servilmente de ser amigo de Bannon e de sua nomeação para líder da
extrema-direita na região, desfilava deslumbrado com o boné de Trump 2020 e
agora parece que está na rua da amargura com a prisão de seu guru. Muito ativo
nas redes sociais, até agora não escreveu nenhuma linha sobre o episódio,
afinal vai ser difícil colocar a culpa na esquerda, como costuma fazer no
Brasil.
Aliás, a prisão de
Steve Bannon revela de maneira clara como age a gangue internacional da
extrema-direita e seus discípulos no Brasil. Portanto, é hora de apertar o
cerco e não dar trégua na luta para derrotar o governo Bolsonaro/Mourão,
inimigo dos trabalhadores e da juventude e promotor de uma política genocida em
meio à pandemia da Covid-19. Tudo indica que Trump perderá a eleição nos
Estados Unidos, o que, caso se confirme, deixará o bolsonarismo sem o porto
seguro internacional para continuar aplicando a política de terra arrasada
comandada por Paulo Guedes, que é uma espécie de fachada técnica dessa gangue
internacional. A casa da extrema-direita está caindo e pode cair também no
Brasil.
A hora é de
intensificar a luta de todas as formas possíveis: nas redes sociais, nas ruas,
em grandes mobilizações públicas com a juventude, lutadores e lutadoras
sociais, especialmente aqueles e aquelas que estão fora dos grupos de risco, no
Parlamento e por meio das greves, cujos últimos movimentos têm demonstrado que
o proletariado está acordando do choque que foi a derrota na eleição
presidencial. A hora é de luta de todos aqueles que querem as transformações
sociais no Brasil, mas sem ilusões de que a direita possa contribuir de alguma
forma para qualquer processo de mudança profunda que tenha como norte os
interesses populares.
Ousar lutar, ousar
vencer!
Pelo Poder Popular,
rumo ao Socialismo!
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