terça-feira, 25 de agosto de 2020

A casa da extrema-direita mundial começa a cair

 

No Brasil também pode cair! É preciso ampliar as lutas!

Edmilson Costa – Secretário Geral do PCB (Partido Comunista Brasileiro)

A prisão de Steve Bannon deixa claro que a extrema-direita mundial não passa de uma gangue de criminosos, corruptos e mafiosos que se utilizaram de todos os métodos sujos para alcançar o poder em várias partes do mundo, com o apoio entusiasta do grande capital internacional, especialmente da oligarquia financeira, que é a principal beneficiada com essa ordem agressiva neoliberal. 

Bannon foi preso como um ladrãozinho de segunda linha porque estava fraudando dinheiro de uma campanha de arrecadação de fundos para a construção do muro separando Estados Unidos do México. Parte da grana embolsou para despesas pessoais, utilizando a emissão de notas fiscais fictícias junto com seus comparsas, que também foram presos. Mesmo tendo pagado a fiança no valor de US$ 5 milhões (R$ 27,7 milhões), a Justiça federal de Nova York determinou que ele terá o passaporte retido e não poderá usar aviões ou barcos privados até a conclusão do processo, que poderá lhe render a condenação de 20 anos de cadeia.

A prisão de Bannon torna também claro que esses líderes da extrema-direita encarnam a degeneração típica dessa fase agressiva neoliberal em que as classes dominantes, já não tendo mais nada a oferecer à humanidade, apelam para qualquer figura desclassificada para impor os ataques contra trabalhadores e trabalhadoras, a juventude e a população pobre. Bannon ficou conhecido pelo site Breibart News, a partir do qual propagava suas ideias de extrema-direita, misturadas com racismo e supremacia branca. Como se destacou na mídia, foi o principal estrategista da campanha de Trump a presidente e um dos responsáveis pela sua vitória, com a manipulação descarada de informações e uso de falsas notícias pelas redes sociais.

Como um dos principais líderes da extrema-direita e fundador do The Moviment, a articulação da extrema-direita mundial, Bannon se tornou um ícone dos grupos fascistas internacionais. Ele também está envolvido com a Cambridge Analytica, empresa que se tornou conhecida por manipular dados nas redes sociais para influenciar eleições em vários países do mundo, a partir da manipulação da base de dados e perfis dos internautas.

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Bannon também foi um dos conselheiros da família Bolsonaro nas eleições presidenciais e responsável ideológico pela montagem da rede de fake news e disparos de mensagens falsas em grupos de whatsapp, que teve um papel central na vitória do capitão. O esquema de fake news foi tão bem articulado que, mesmo depois das eleições, continuou sendo realizado pelo chamado gabinete do ódio, dirigido por um dos filhos do presidente.

Como uma espécie de deferência por seu papel nas eleições no Brasil, Bannon foi convidado especial para um jantar com o presidente na embaixada dos Estados Unidos, junto com Olavo de Carvalho, em sua visita ao país. Os laços entre a família Bolsonaro e Bannon também se estreitaram em função da coincidência de ideias extremistas e, por isso, Eduardo Bolsonaro foi nomeado embaixador do movimento extremista para a América do Sul, com o objetivo de combater o chamado marxismo cultural e as ideias socialistas na região. Agora se sabe que, por trás desse movimento, estava uma gangue envolvida até o tutano com a corrupção.

Aprofundar as investigações no Brasil

Da mesma forma como ocorreu nos Estados Unidos, aqui no Brasil as investigações que estão sendo realizadas pelo Congresso, pelo Supremo Tribunal Federal e pela Justiça do Rio de Janeiro devem ser ampliadas e aprofundadas porque, com certeza, o esquema aqui no país deve ser mais escandaloso do que nos Estados Unidos. É necessário que as instituições acelerem as investigações sobre os crimes cometidos pela família Bolsonaro, porque é fundamental tornar público, desmoralizar e punir essa corja que assaltou o Palácio do Planalto com os mesmos métodos e sob a orientação da gangue de Steve Bannon.

O Supremo Tribunal Federal deve intensificar as investigações sobre a rede de fake news montada a partir do gabinete do ódio, dirigido pelo filho do presidente, tornar público e punir os responsáveis pelos crimes de ódio que envenenam a conjuntura e manipulam vários setores da sociedade, com ênfase para setores médios conservadores e vastos setores populares desesperados diante da gravidade da crise brasileira. Importante também investigar quais os setores empresariais que financiaram essa rede criminosa, as carreatas da morte e manifestações de caráter fascistas no País. Também é muito importante que a Câmara dos Deputados acelere as apurações sobre a rede de notícias falsas e apresente para a sociedade os responsáveis, de forma que sejam desmoralizados politicamente e punidos judicialmente.

A Justiça também deve ainda intensificar as investigações sobre a família Bolsonaro, especialmente seu filho senador e suas relações corruptas com as “rachadinhas”, já amplamente evidenciadas, bem como seu enriquecimento às custas da extorsão de seus funcionários. Também é fundamental aprofundar as investigações que envolvem os depósitos na conta da mulher do presidente da República, pois os depósitos podem ser a ponta do iceberg do envolvimento mais amplo de Bolsonaro no mesmo esquema. Além disso, é importante que os órgãos policiais e jurídicos investiguem com mais ênfase as relações entre a família Bolsonaro e as milícias do Rio de Janeiro, a natureza e o significado das várias medalhas que o então deputado Flávio Bolsonaro concedeu a conhecidos integrantes dessas facções criminosas, bem como os empregos que deu a vários familiares desses bandidos em seu gabinete e o assassinato de Marielle Franco.

Não se pode esquecer também que o Brasil se transformou num dos epicentros da extrema-direita internacional, tendo Eduardo Bolsonaro como um dos líderes desses extremistas, cujo dinheiro público financiou suas reuniões internacionais. Vangloriava-se servilmente de ser amigo de Bannon e de sua nomeação para líder da extrema-direita na região, desfilava deslumbrado com o boné de Trump 2020 e agora parece que está na rua da amargura com a prisão de seu guru. Muito ativo nas redes sociais, até agora não escreveu nenhuma linha sobre o episódio, afinal vai ser difícil colocar a culpa na esquerda, como costuma fazer no Brasil.

Aliás, a prisão de Steve Bannon revela de maneira clara como age a gangue internacional da extrema-direita e seus discípulos no Brasil. Portanto, é hora de apertar o cerco e não dar trégua na luta para derrotar o governo Bolsonaro/Mourão, inimigo dos trabalhadores e da juventude e promotor de uma política genocida em meio à pandemia da Covid-19. Tudo indica que Trump perderá a eleição nos Estados Unidos, o que, caso se confirme, deixará o bolsonarismo sem o porto seguro internacional para continuar aplicando a política de terra arrasada comandada por Paulo Guedes, que é uma espécie de fachada técnica dessa gangue internacional. A casa da extrema-direita está caindo e pode cair também no Brasil.

A hora é de intensificar a luta de todas as formas possíveis: nas redes sociais, nas ruas, em grandes mobilizações públicas com a juventude, lutadores e lutadoras sociais, especialmente aqueles e aquelas que estão fora dos grupos de risco, no Parlamento e por meio das greves, cujos últimos movimentos têm demonstrado que o proletariado está acordando do choque que foi a derrota na eleição presidencial. A hora é de luta de todos aqueles que querem as transformações sociais no Brasil, mas sem ilusões de que a direita possa contribuir de alguma forma para qualquer processo de mudança profunda que tenha como norte os interesses populares.

Ousar lutar, ousar vencer!

Pelo Poder Popular, rumo ao Socialismo!

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