ANDRESSA ANHOLETE. VIA GETTY IMAGES |
Segundo
o procurador-geral da República, saída do grupo que integrava a força-tarefa da
operação na PGR já estava prevista.
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Procuradores da força-tarefa da Lava Jato na PGR deixaram MP após divergências com subprocuradora próxima a Aras.
O procurador-geral da
República, Augusto Aras, afirmou que a Lava Jato “não é um órgão autônomo” do
Ministério Público e que uma atuação fora desse parâmetro passaria o grupo para
a “ilegalidade”. A declaração consta em nota divulgada no domingo (28.06.2020), após a saída há dois dias de procuradores que
integravam a força-tarefa da operação que atua na PGR (Procuradoria-Geral da
República). O chefe da PGR disse ainda, que os desligamentos já estavam
previstos. O caso foi revelado pelo jornal O Globo.
“A Lava Jato, com êxitos obtidos e
reconhecidos pela sociedade, não é um órgão autônomo e distinto do Ministério
Público Federal, mas sim uma frente de investigação que deve obedecer a todos
os princípios e normas internos da instituição. Para ser órgão legalmente
atuante, seria preciso integrar a estrutura e organização institucional
estabelecidas na Lei Complementar 75 de 1993”, disse Aras.
“Fora disso, a atuação passa para a
ilegalidade, porque clandestina, torna-se perigoso instrumento de
aparelhamento, com riscos ao dever de impessoalidade, e, assim, alheia aos
controles e fiscalizações inerentes ao Estado de Direito e à República, com
seus sistemas de freios e contrapesos”, completou Aras.
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Os procuradores deixaram a força-tarefa
por divergências com a coordenadora do grupo, a subprocuradora Lindôra Maria de
Araújo, uma das principais auxiliares de Aras na PGR. O chefe do Ministério
Público Federal já teve outros atritos com integrantes da força-tarefa e
colegas de outros casos sensíveis.
Na nota deste domingo, Augusto Aras
disse que os quatro procuradores que se desligaram integravam a equipe desde a
gestão anterior, pediram desligamento e foram admitidos na atual administração
para ajudar nas investigações da Lava Jato perante o STJ (Superior Tribunal de
Justiça) e o STF (Supremo Tribunal Federal).
“Há cerca de um mês, uma das
integrantes retornou à unidade onde está lotada e, na sexta-feira (26), outros
três se desligaram, antecipando o retorno para as Procuradorias da República
nos municípios de origem, o que já estava previsto para ocorrer no próximo dia
30. Os profissionais continuarão prestando valorosos serviços às comunidades
para onde retornarão”, explicou.
“Com a redução natural dos trabalhos no
grupo da Lava Jato, decorrente de fatores como a restrição do foro por
prerrogativa de função determinada pelo STF, a demanda existente continuará a
ser atendida por assessores e membros auxiliares remanescentes, sem qualquer
prejuízo para as investigações”, acrescentou o procurador-geral.
Relação conflituosa
A saída dos procuradores se deu após
Lindôra ter ido ao Paraná visitar os trabalhos da força-tarefa da Lava Jato do
MPF naquele Estado. Segundo reportagem de O Globo, ela teria pedido a acesso
aos dados na visita, o que desagradou os integrantes da força-tarefa.
Procuradores da República têm independência funcional e não há subordinação
entre o trabalho deles.
Em nota na sexta (26.06.2020), a PGR esclareceu
que a visita não foi uma inspeção e sim uma visita de trabalho que visava a
obtenção de informações globais sobre o atual estágio das investigações e o acervo
da força-tarefa, para solucionar eventuais passivos.
“Não se buscou compartilhamento informal de dados,
como aventado nas notícias da imprensa, mas compartilhamento formal com
acompanhamento de um funcionário da Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise
(Sppea), órgão vinculado à PGR, conforme ajustado previamente com a equipe da
força-tarefa em Curitiba”, justificou.
EM TEMPO: Os Procuradores da Lava Jato, especialmente Deltan Dallagnol, estavam intervindo política e judicialmente nos processos sem o devido acompanhamento da PGR, órgão a que estão subordinados. Ao ponto de alguns Procuradores terem mantido uma espécie de "convênio", indevido, com o FBI, sem o conhecimento do governo brasileiro e dos órgãos superiores. É o caso das ações irregulares contra Lula, na época com a anuência do ex-Juiz Sérgio Moro. Agora há pouco foi o caso da ação irregular de busca e apreensão contra o senador José Serra e sua filha, uma vez que o processo contra ambos não está na Lava Jato e, sim, na Justiça Eleitoral.
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