Foto: Andressa Anholete/Getty Images |
A extremista Sara
Winter, presa na segunda (15).
Um empresário,
um publicitário e um investidor do setor imobiliário são alguns dos alvos da
Operação da Polícia Federal deflagrada nesta terça-feira (16) por ordem do
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Batizada de
Lume, em referência à necessidade de jogar luz ao esquema obscuro de financiamento
de atos anti-democráticos que se instalaram em Brasília, a operação poderia
chamar-se “Siga o dinheiro”.
Ao autorizar as
investigações, em abril, o ministro disse ser “imprescindível a verificação da
existência de organizações e esquemas de financiamento de manifestações contra
a democracia" e da “divulgação em massa de mensagens atentatórias ao
regime republicano, bem como as suas formas de gerenciamento, liderança,
organização e propagação”.
A lista dos
visitados pela polícia quase dois meses depois dão pistas de como fechar a
torneira.
A investigação
foi aberta a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, após as
manifestações de 19 de abril, que pediam o fechamento do Congresso, do STF e a
reedição do AI-5, o ato institucional da ditadura que cassou e prendeu
opositores do regime. O ato contou com a participação de Jair Bolsonaro, que
subiu em uma camionete em frente ao Quartel General do Exército e saudou os
manifestantes. “Estou aqui porque acredito em vocês”, discursou, na ocasião.
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O cumprimento de
mandados na casa de youtubers apoiadores de Bolsonaro, como Allan dos Santos,
dão uma sensação de déjà-vu à operação, mas ela não se refere ao inquérito das
“fake news” -- e sim os atos anti-democráticos que ocorrem na capital dia sim,
outro também. O último contou com a participação especial do ministro da
Educação Abraham “Imprecionante” Weintraub, que entrou na mira da Justiça desde
que manifestou o desejo de prender os “vagabundos” do STF.
Como numa
ferradura, os inquéritos tem inquéritos que podem se encontrar em breve. Há
quem avalie que se trata de duas paredes da mesma sala. Uma sala que começa a
ver o cerco se fechar.
Bolsonaro não é
alvo da ação, mas respira o seu entorno. Um dos alvos está o deputado federal
Daniel Silveira, que dias atrás defendeu o fuzilamento de quem participasse de
protestos anti-fascistas.
Na mira estão o
empresário Luís Felipe Belmonte, um dos principais apoiadores da futura legenda
de Bolsonaro, o Aliança pelo Brasil, o publicitário Sérgio Lima, responsável
pela identidade visual e a coleta de assinaturas da legenda e o investidor do
ramo financeiro Otavio Fakhoury, colaborador do site conservador “Crítica
Nacional”, que já disponibilizou até caminhão para os manifestantes
bolsonaristas.
Nessas
manifestações, teve extremista prometendo trocar até soco com ministro do STF
-- caso de Sara Giromini, nome verdadeiro de Sara Winter, enquadrada na Lei de
Segurança Nacional e presa desde segunda-feira (15).
Até então, ela
liderava o grupo de extrema direita 300 do Brasil, que continha militantes
armados e foi desbaratado pela Polícia Militar do Distrito Federal no último
fim de semana. O grupo ganhou manchetes pelo mundo ao fazer um cosplay da
Ku-Klux-Klan com palavras de ordens contra o Supremo usando máscaras, roupas
pretas, tochas e símbolos de movimentos supremacistas.
Viraram caso de
polícia antes de botarem fogo no barril de pólvora alimentado com ameaças
diárias, inclusive contra enfermeiros e jornalistas que circulavam por ali.
No último sábado
(13), a sede do Supremo, em Brasília, foi alvo de manifestantes que atiraram
fogos e rojões contra o edifício. Moraes respondeu:
"O STF
jamais se curvará ante agressões covardes de verdadeiras organizações
criminosas financiadas por grupos antidemocráticos que desrespeitam a
Constituição Federal, a Democracia e o Estado de Direito. A lei será
rigorosamente aplicada e a Justiça prevalecerá".
No fim de maio,
após o STF determinar o cumprimento de mandados de busca e apreensão contra
aliados do presidente no inquérito das “fake news”, Bolsonaro declarou:
“Acabou, porra! Me desculpem o desabafo. Acabou! Não dá para admitir mais
atitudes de certas pessoas individuais, tomando de forma quase que pessoal
certas ações”.
Pelo jeito, não
acabou.
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