Correio Braziliense - Jorge Vasconcellos
© Abdias Pinheiro/ASCOM/TSE
Fernandes
é o relator de ações que pedem cassação da chapa do presidente
A operação desta
terça-feira (16/6) da Polícia Federal aumentou a preocupação do Planalto com
possíveis reflexos em ações que pedem, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a
cassação da chapa que elegeu o presidente Jair Bolsonaro e o vice, Hamilton
Mourão. O temor da cúpula do governo é com o provável compartilhamento de
informações entre os dois tribunais.
Dos alvos da ação
da PF, pelo menos três são investigados também em um outro inquérito do STF, o
que apura fake news e ataques a membros da Corte. São eles o deputado Daniel
Silveira (PSL-RJ), o blogueiro Allan dos Santos e o empresário Otávio Fakhoury,
um dos fundadores do Aliança pelo Brasil.
Já em relação aos
11 parlamentares que tiveram o sigilo bancário quebrado ontem, no âmbito do
inquérito sobre atos antidemocráticos, quatro deles também são alvo da
investigação contra fake news: os deputados Bia Kicis (PSL-DF), Carla Zambelli
(PSL-SP), Daniel Silveira (PSL-RJ) e Junio Amaral (PSL-MG).
Na semana passada,
o ministro Og Fernandes, do TSE, deferiu um pedido da coligação O povo feliz de
novo (PT/PCdoB/Pros) para que os dois tribunais compartilhassem informações,
perícias e diligências. Fernandes é o relator de quatro ações que tratam da
contratação de disparos de mensagens em massa, via WhatsApp, nas eleições de 2018.
Na decisão, o
corregedor também enviou ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito
das fake news, uma solicitação para ter acesso a dados da investigação. O temor
do Palácio do Planalto é que, agora, o ministro do TSE adote o mesmo
procedimento em relação ao inquérito do Supremo que apura os atos
antidemocráticos, já que alguns suspeitos são citados em ambos os casos.
As ações no TSE
contra a chapa Bolsonaro-Mourão acusam os candidatos de abuso de poder
econômico no pleito de 2018. Tanto na Corte eleitoral quanto no STF, as
suspeitas apontam para a existência de um esquema de doações eleitorais ilegais
por meio da divulgação de fake news e ataques a adversários, autoridades e
instituições. Essa organização criminosa, segundo as investigações, estaria
atuando até os dias de hoje.
À medida que as
apurações vão convergindo, Bolsonaro tem demonstrado preocupação com o rumo das
ações eleitorais no TSE, ao mesmo tempo em que radicaliza o discurso. Na
segunda-feira, por exemplo, durante entrevista à BandNews, ele afirmou que as
Forças Armadas não vão aceitar “julgamento político para destituir um
presidente democraticamente eleito”. Na ocasião, em um recado ao Supremo, disse
que está “sendo complacente demais”.
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