(Photo: Adriano Machado / Reuters) |
HuffPost Brasil, 14 de junho de 2020
O ministro Gilmar Mendes ,
do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou neste
domingo que invadir e estimular invasões de hospitais é crime e cobrou uma ação
do Ministério Público contra essas atitudes, depois que o presidente Jair
Bolsonaro pediu que apoiadores entrem em hospitais e façam vídeos.
“Invadir hospitais é crime -
estimular também. O Ministério Público (a PGR e os MPs Estaduais) devem atuar
imediatamente. É vergonhoso ―para não dizer ridículo― que agentes públicos se
prestem a alimentar teorias da conspiração, colocando em risco a saúde
pública”, disse o ministro do STF em rede social.
Na quinta-feira (11), durante a transmissão de sua live semanal pelo Facebook, Bolsonaro pediu que apoiadores entrem em hospitais e façam vídeos dos leitos destinados a pacientes contaminados com covid-19, doença respiratória causada pelo novo coronavírus, para mostrar se há ou não há lotação dessas unidades.
“Tem hospital de campanha perto de
você, tem hospital público, arranja uma maneira de entrar lá e filmar”, disse o
presidente. “Muita gente está fazendo isso, mas mais gente tem que fazer para
mostrar se os leitos estão ocupados ou não. Se os gastos são compatíveis ou
não. Isso nos ajuda. Tudo que chega para mim nas redes sociais a gente faz um
filtro e eu encaminho para a Polícia Federal ou para a Abin (Agência Brasileira
de Inteligência) e lá eles veem o que fazer com esses dados”, acrescentou.
Bolsonaro questiona os números de
casos e de mortes da covid-19 no Brasil e acusa governadores de inflaram os
dados em seus Estados para obter ganhos políticos. No início do mês, o
Ministério da Saúde chegou a tirar do ar a plataforma com dados da doença no
Brasil e ocultou os números consolidados de infecções e óbitos, mas voltou
atrás após determinação do STF.
Com mais de 850 mil casos confirmados
e quase 43 mil óbitos, o Brasil é o segundo país do mundo com mais infecções
pela Covid-19 e mortes provocadas pela doença, atrás apenas dos Estados Unidos.
Também neste domingo (14), o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, afirmou que pedirá aos chefes dos Ministérios Públicos estaduais que abram investigação sobre casos de invasão a hospitais e ofensas contra profissionais e equipes de saúde.
Segundo o G1, até a
tarde deste domingo (14), a equipe de Aras já tinha preparado ofícios
endereçados aos procuradores-gerais de Justiça de São Paulo, Mário Luiz
Sarrubbo, e do Distrito Federal, Fabiana Costa Barreto. Os documentos devem ser
enviados ao longo da semana.
Após a declaração do
presidente, segundo o jornal O Globo,
um grupo de cinco pessoas da mesma família entrou no Hospital municipal Ronaldo
Gazolla, no unidade de referência no tratamento da covid-19 no Rio de Janeiro.
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O grupo provocou tumulto em alas
restritas a médicos e pacientes na tarde desta sexta-feira. De acordo com
relatos de profissionais ao jornal, uma mulher, pertencente ao grupo, muito
alterada, teria chutado portas, derrubado computadores e até tentado invadir
leitos de pacientes internados.
No início deste mês, deputados
estaduais entraram no hospital de campanha montado no complexo do Anhembi pela
prefeitura de São Paulo com auxílio de recursos do governo do Estado ―alguns
deles sem máscaras e outros equipamentos de proteção individual―, geraram
tumulto e filmaram pacientes e leitos vazios.
Vídeos publicados nas redes sociais
mostraram profissionais de saúde em trajes de proteção pedindo que os
parlamentares e seus assessores usassem máscaras.
A prefeitura disse que os leitos
vazios ficam preparados para serem utilizados em caso de necessidade e que o
hospital de campanha atende casos de baixa e média complexidade ―não casos
graves― e que este tipo de unidade ajudou a aliviar a pressão sobre os
hospitais regulares.
A declaração do presidente foi
duramente critica por governadores do Nordeste. “No último episódio, que choca
a todos, o presidente da República usa as redes sociais para incentivar as
pessoas a invadirem hospitais, indo de encontro a todos os protocolos médicos,
desrespeitando profissionais e colocando a vida das pessoas em risco, principalmente
aquelas que estão internadas nessas unidades de saúde”, disseram em uma carta
aberta.
“O presidente Bolsonaro segue, assim,
o mesmo método inconsequente que o levou a incentivar aglomerações por todo o
país, contrariando as orientações científicas”, acrescentam.
Manifestantes favoráveis e contrários ao presidente Jair Bolsonaro foram às ruas neste domingo, em São Paulo, em atos realizados em locais distintos e acompanhados de perto pela polícia.
Em maior número, o grupo de oposição
a Bolsonaro marchou pela Avenida Paulista após concentração em frente ao Masp.
O ato foi convocado por grupos populares e contou com a participação de
torcedores de times de futebol de São Paulo, como tem ocorrido nos últimos
domingo.
Manifestantes levaram cartazes em
defesa da democracia e pediram o impeachment do presidente da República, que é
alvo de dezenas de pedidos de afastamento apresentados à Câmara dos Deputados.
Uma enorme faixa “Fora Bolsonaro” foi aberta na avenida.
O protesto a favor do presidente
ocorreu nos arredores do Viaduto do Chá, perto da sede da Prefeitura de São
Paulo. Participantes levaram cartazes com críticas ao governador de SP, João
Doria (PSDB), um dos principais adversários políticos do presidente.
Assim como no fim de semana passado,
os atos foram realizados em locais diferentes para evitar conflitos, depois de
terem sido registrados tumultos em atos no fim do mês passado, em que a polícia
usou bombas de efeito moral para evitar que grupos favoráveis e contrário ao
presidente entrassem em confronto na Avenida Paulista.
Policiais militares estavam presentes
em ambos as manifestações deste domingo, mas não houve registro de ocorrências.
Imagens exibidas ao vivo pela
Globonews por volta das 15h mostraram um número maior de manifestantes no ato
contra o presidente do que na manifestação dos apoiadores. A Polícia Militar
não divulgou estimativas de presentes.
Apesar de a maioria dos manifestantes
estar usando máscara, os protestos resultaram em aglomerações, o que contraria
recomendação das autoridades de saúde para frear a disseminação da Covid-19,
doença respiratória causada pelo novo coronavírus.
Neste domingo também houve um ato de
apoio ao presidente em Brasília, onde manifestantes se reuniram em frente ao
quartel-general do Exército e levaram cartazes defendendo o fechamento do
Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em Brasília, o governador do Distrito
Federal, Ibaneis Rocha (MDB), fechou a Esplanada dos Ministérios para carros e
pedestres neste domingo, proibindo a realização de protestos em um local onde
apoiadores do presidente Jair Bolsonaro tradicionalmente se reúnem aos domingos
para manifestar apoio ao governo e atacar os demais Poderes.
Apesar do fechamento da Esplanada,
apoiadores de Bolsonaro voltaram a se manifestar neste domingo, como têm feito
semanalmente, com cartazes e palavras de ordem contra o Congresso Nacional e o
Supremo Tribunal Federal (STF). Houve uma aglomeração de apoiadores em frente
ao quartel-general do Exército.
A decisão de fechar a Esplanada foi
tomada por decreto publicado na noite de sábado depois que um grupo de
apoiadores de Bolsonaro subiu na parte externa do prédio do Congresso Nacional
e tentou invadir áreas restritas, após ser expulso mais cedo pela polícia do DF
de um acampamento na Esplanada.
O acampamento era do grupo “Os 300 do
Brasil”, de inspiração paramilitar, que se autodenomina como movimento de
militância bolsonarista.
Na noite de sábado, apoiadores do
presidente também protestaram em frente ao prédio do Supremo e lançaram fogos
de artifício em frente ao local.
“O fechamento leva em consideração as
aglomerações verificadas na Esplanada nos últimos dias. Manifestações que
contrariam as normas sanitárias de combate ao novo coronavírus. O governo
também está atento às ameaças declaradas, por alguns manifestantes, aos Poderes
constituídos”, disse o governo do DF em nota sobre o decreto. O trânsito de
veículos e pedestres foi “proibido entre 00h e 23h59 deste domingo”, segundo o
decreto.
Apoiadores de Bolsonaro têm realizado
protestos semanalmente aos domingos na Esplanada com pedidos de fechamento do
Congresso e do Supremo. O próprio presidente costuma comparecer aos atos em
frente ao Palácio do Planalto para cumprimentar os manifestantes.
Entre o grupo de apoiadores do
presidente, que se reuniu em frente ao quartel-general do Exército neste
domingo, alguns manifestantes também gritaram palavras de ordem e levaram
cartazes contra o Congresso e o Supremo, além de pedir a saída do governador do
DF.
Apesar de manifestantes estarem
usando máscara, houve aglomeração de pessoas, o que contraria recomendação das
autoridades de saúde para frear a disseminação da Covid-19, doença respiratória
causada pelo novo coronavírus.
O decreto do governo do DF acrescentou que
manifestações na Esplanada dos Ministérios serão admitidas desde que
comunicadas com antecedência e autorizada pela Secretaria de Segurança.
EM TEMPO: Já pensaram se essas badernas acontecessem nos governos Lula e/ou Dilma? Agora durmam com essa bronca
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