Foto: Andressa Anholete/Getty Images |
RENATO ONOFRE
Folhapress, 16 de junho de 2020
Integrantes do grupo
"300 do Brasil" teriam ameaçado o bispo-auxiliar de Brasília, dom
Marcony Vinícius Ferreira
Após identificar ameaças a representante da Igreja Católica em Brasília, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), fechou a Esplanada dos Ministérios por dois dias — desta terça-feira (16) até o fim da quarta-feira (17).
Os setores de inteligência da Polícia
Civil identificaram ameaças ao bispo-auxiliar de Brasília, dom Marcony Vinícius
Ferreira, por parte de integrantes do grupo armado de extrema-direita 300 do Brasil. A informação foi confirmada pela assessoria do
Governo do DF.
O grupo é formado por apoiadores
de Jair Bolsonaro e tem como uma das lideranças a ativista
Sara Winter, que foi presa na segunda-feira (15) em investigação que tramita no
STF (Supremo Tribunal Federal) sobre protestos antidemocráticos.
O bispo-auxiliar atua no edifício da
Cúria Metropolitana, localizado ao lado da Catedral de Brasília, um dos cartões
postais da cidade e da Esplanada. O prédio abriga setores administrativos,
pastorais, judiciais e de comunicação da Arquidiocese da capital federal.
O decreto de Ibaneis justifica o
fechamento da Esplanada afirmando que foram verificadas
"aglomerações" nos últimos dias, "perigo de contágio" pelo
novo coronavírus e ameaças de alguns manifestantes "aos Poderes
constituídos e à Cúria Metropolitana de Brasília".
Ibaneis diz ainda que é necessário
coibir "manifestações de conteúdos anticonstitucionais e outras medidas
para contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública".
A medida proíbe o trânsito de
veículos e pedestres desde a Rodoviária do Plano Piloto até a Praça dos Três
Poderes. Somente autoridades devidamente identificadas poderão passar pelo
local.
O entorno da área da Catedral
Metropolitana também teve a segurança reforçada por forças de Segurança Pública
do DF.
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Não é a primeira vez que a Esplanada
é fechada nesta semana por conta de atos de manifestantes. No domingo, a área
foi interditada. Na véspera, um grupo de manifestantes disparou fogos de
artifício em direção ao prédio do STF.
Na segunda-feira, por determinação do
ministro do STF Alexandre de Moraes, a ativista Sara Winter foi presa
temporariamente num desdobramento das investigações sobre a realização de atos
antidemocráticos.
O pedido contra a bolsonarista foi
feito pelo vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, na
sexta-feira (12).
"Os pedidos de prisão foram
apresentados a partir de indícios obtidos pelo Ministério Público Federal de
que o grupo continua organizando e captando recursos financeiros para ações que
se enquadram na Lei de Segurança Nacional, objeto do inquérito. O objetivo das
prisões temporárias é ouvir os investigados e reunir informações de como
funciona o esquema criminoso", afirma nota divulgada pela PGR.
Depois de ter sido alvo de busca e
apreensão no fim de maio no inquérito das fake news, a ativista publicou um
vídeo afirmando ter vontade de "trocar socos" com Moraes e prometendo
infernizar a vida do ministro e persegui-lo.
Em seguida, no dia 31 de maio, Winter
liderou um protesto em frente ao STF acompanhada de manifestantes usando
máscaras e carregando tochas.
No sábado, o acampamento do movimento
foi desmontado pelo Governo do Distrito Federal. À tarde, liderados pela
ativista, um grupo de 20 pessoas rompeu a área cercada no entorno do Congresso
e invadiu a laje do prédio.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, no
dia 12 de maio, Sara Winter reconheceu que alguns membros do movimento estavam
armados, embora tenha dito que as armas eram apenas para defesa do grupo e não
para atividades de militância.
No domingo, a PGR instaurou uma
investigação preliminar sobre o ato da noite de sábado em que manifestantes
atiraram fogos de artifício em direção ao STF simulando um bombardeio.
A PF cumpre nesta terça (16) 21
mandados de busca e apreensão solicitados pela PGR no inquérito sobre atos
antidemocráticos. As medidas, que atingem aliados de Jair Bolsonaro, têm o
objetivo de instruir o inquérito que investiga a origem de recursos e a
estrutura de financiamento de grupos suspeitos da prática das ações.
Entre os alvos estão um advogado e um
marqueteiro ligados à Aliança pelo Brasil, partido que Bolsonaro tenta criar
desde sua saída do PSL, no final do ano passado.
Uma linha de apuração neste inquérito, segundo a
PGR, busca esclarecer se os investigados se articularam com parlamentares e
outras autoridades com prerrogativa de foro no STF "para financiar e
promover atos que se enquadram em práticas tipificadas como crime pela Lei de
Segurança Nacional (7.170/1983)".
EM TEMPO: O silêncio do governo diante das ações desses "terroristas" é que o grande problema da atualidade. Agora durmam com essa bronca.
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