Por Lisandra Paraguassu
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BRASÍLIA
(Reuters) - Relatores de direitos humanos da Organização das Nações Unidas
(ONU) classificaram de "irresponsáveis" as políticas econômicas e
sociais do Brasil durante a pandemia de coronavírus, e afirmaram que a
restrição aos investimentos públicos imposta pelo teto de gastos pode colocar a
vida de milhões de pessoas em risco.
"A epidemia
de Covid-19 ampliou os efeitos adversos da emenda constitucional de 2016 que
colocou um teto nos gastos públicos por 20 anos", disseram o especialista
independente em direitos humanos e dívida externa Juan Pablo Bohoslavsky e o
relator especial sobre pobreza extrema Philip Alston. "Os efeitos são
dramaticamente visíveis na atual crise.”
As críticas
constam de um comunicado divulgado nesta quarta-feira pelo escritório do Alto
Comissariado de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, dirigido especificamente
ao Brasil.
Para os
especialistas, "as políticas econômicas e sociais irresponsáveis do Brasil
colocam milhões de vidas em risco", e os cortes no Orçamento violaram os
padrões internacionais de direitos humanos, inclusive na educação, moradia,
alimentação, água e saneamento e igualdade de gênero.
"Economia
para quem? Não é possível colocar em risco a vida e a saúde das pessoas,
inclusive trabalhadores da saúde, pelos interesses econômicos de poucos. Quem
será o responsável quando pessoas morrerem por causa de decisões que vão contra
a ciência e as indicações medicamente responsáveis?", questionaram.
Segundo os
especialistas, o sistema de saúde está sobrecarregado e falhando em proteger os
direitos à vida e a saúde de milhões de brasileiros, que estão em sério risco.
"Já é hora de revogar a Emenda Constitucional 95 e outras medidas de
austeridade contrárias à lei internacional dos direitos humanos”, cobraram.
Ambos elogiaram
a ajuda emergencial dada pelo governo e as medidas tomadas pelos governadores
para tentar conter a epidemia, mas afirmaram que mais precisa ser feito e a
epidemia é um momento para os países repensarem suas prioridades.
Adolfo Sachsida,
secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, respondeu em sua
conta no Twitter ao comunicado dos especialistas da ONU.
"Absurdo e
errado o posicionamento de relatores da ONU. O Brasil está gastando 4,1% do PIB
no combate à Covid-19, valor bem superior à média dos demais países emergentes
(1,35%), e mesmo dos países desenvolvidos (3,1%). Respeito!", escreveu.
EM TEMPO: Como não há "Barreiras Sanitárias" e quando há não são eficazes na maioria das situações, o vírus se propaga com rapidez. Além de inexistência de equipamentos de proteção, respiradores, leitos, etc. Some-se a isso tudo o sucateamento do SUS. Para piorar a situação tem o mal exemplo dado pelo presidente Bolsonaro, o qual diz que é uma "gripezinha" e tenta impedir o isolamento social, desobedecendo as recomendações da OMS e participa de aglomerações públicas. Além disso a demissão do Ex-Ministro da Saúde, Mandetta, desarticulou o pouco que tinha de estratégia para combater o COVID-19. Deste modo, estamos entregues a própria sorte.
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