terça-feira, 12 de maio de 2020

O fim de semana, na realidade paralela, em que vive a família Bolsonaro


Editora sênior, HuffPost Brasil
Enquanto a população brasileira está confinada em casa por causa da rápida  propagação do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro, sua família e apoiadores habitam outro planeta. Estão em uma realidade na qual é permitido tudo que os brasileiros são orientados a evitar.

O sábado seria de churrasco, com uns 30 convidados, para bater papo e jogar uma pelada. Na vida real, pegou muito mal a ironia do presidente ao convidar seus apoiadores na porta do Palácio da Alvorada e dizer que colocaria até 3 mil pessoas para dentro. Depois da chuva de críticas, o presidente chamou o churrasco de fake.

Não era fake, no entanto, a ideia de aproveitar o sábado de sol  em um fim de semana emblemático para o Brasil que vive fora do Palácio. O País atingiu a marca de 10 mil mortos, e o presidente decidiu dar um passeio de jet ski no Lago Paranoá, em Brasília, no sábado 09.05.2020. Como o governo já disse, não é a escalada no número de mortes que vai fazer mudar a política em relação à pandemia. 

 

Apesar da ausência do mandatário na residência oficial do Alvorada, a bandeira da presidência da República continuou hasteada, contrariando o que prevê o decreto 70.274


Ao menos 15 pessoas ciceroneavam o presidente, em uma pequena aglomeração, no deck de partida do jet ski, registrada pelo Metrópoles. A maioria sem máscara, incluindo crianças. Afinal, o item só é útil aos que estão do lado de cá e temem pela vida.

No domingo, Dia das Mães, mais uma sambada na cara dos brasileiros. Na realidade em que o presidente e sua família vivem, juntar os entes queridos para um chá de revelação está liberado. Lá, parece até que não é covid-19, e sim convide 19. No dia em que muitos filhos gostariam do calor humano de estar com seus pais, o filho 03 do presidente, deputado Eduardo (PSL-SP), divulgou o vídeo do seu chá de revelação — ao lado da família.
Cercado por pelo menos 6 pessoas, Eduardo usou uma espingarda para estourar o balão que fez a revelação. O futuro pai de uma menina nem pôde abraçar direito a esposa porque estava a segurando a arma.
Em frente ao Palácio da Alvorada, o fim de semana contou com outro episódio que foge à realidade dos mortais. Apoiadores do presidente se aglomeram, não usam máscara e até reviram lixo em busca de nomes de jornalistas. São inspirados pelas atitudes do presidente, que manda repórter “calar a boca”.
A realidade paralela, no entanto, se torna exemplo aos brasileiros que estão fora de uma redoma. Do lado de fora do Palácio da Alvorada, a “gripezinha”, como o presidente se refere à covid-19, é uma doença dramática, que pode ser fatal. Já atingiu pelo menos 160 mil brasileiros e fez mais de 11 mil vítimas.
Em um País sem testes disponíveis para boa parte da população e com sistema de saúde com previsão de colapso para os próximos meses, o único método para conter a rápida disseminação do vírus é o isolamento social. Usar máscaras, em caso de necessidade de ir à rua, e evitar ao máximo aglomeração também são úteis.
Mas nada disso importa para quem  está vivendo em outra realidade... 

EM TEMPO: Está difícil sairmos dessa situação caótica em que vivemos. 

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