Editora sênior, HuffPost Brasil
Enquanto a população
brasileira está confinada em casa por causa da rápida propagação do
novo coronavírus, o
presidente Jair Bolsonaro, sua família e
apoiadores habitam outro planeta. Estão em uma realidade na qual é permitido
tudo que os brasileiros são orientados a evitar.
O sábado seria de
churrasco, com uns 30 convidados, para bater papo e jogar uma pelada. Na vida
real, pegou muito mal a ironia do presidente ao convidar seus apoiadores na
porta do Palácio da Alvorada e dizer que colocaria até 3 mil pessoas para
dentro. Depois da chuva de críticas, o presidente chamou o churrasco de fake.
Não era fake, no
entanto, a ideia de aproveitar o sábado de sol em um fim de semana emblemático para o Brasil
que vive fora do Palácio. O País atingiu a marca de 10 mil mortos, e o presidente decidiu dar um passeio de jet
ski no Lago Paranoá, em Brasília, no sábado 09.05.2020. Como o governo já
disse, não é a escalada no número de mortes que vai fazer mudar a política em
relação à pandemia.
Apesar
da ausência do mandatário na residência oficial do Alvorada, a bandeira da
presidência da República continuou hasteada, contrariando o que prevê o decreto
70.274
Ao menos 15 pessoas
ciceroneavam o presidente, em uma pequena aglomeração, no deck de partida do
jet ski, registrada pelo Metrópoles. A
maioria sem máscara, incluindo crianças. Afinal, o item só é útil aos que estão
do lado de cá e temem pela vida.
No domingo, Dia das Mães, mais uma
sambada na cara dos brasileiros. Na realidade em que o presidente e sua família
vivem, juntar os entes queridos para um chá de revelação está liberado. Lá,
parece até que não é covid-19, e sim convide 19. No dia em que muitos filhos
gostariam do calor humano de estar com seus pais, o filho 03 do presidente,
deputado Eduardo (PSL-SP), divulgou o vídeo do seu chá de revelação — ao lado
da família.
Cercado por pelo menos 6 pessoas,
Eduardo usou uma espingarda para estourar o balão que fez a revelação. O futuro
pai de uma menina nem pôde abraçar direito a esposa porque estava a segurando a
arma.
Em frente ao Palácio da Alvorada, o fim
de semana contou com outro episódio que foge à realidade dos mortais.
Apoiadores do presidente se aglomeram, não usam máscara e até reviram lixo em
busca de nomes de jornalistas. São inspirados pelas atitudes do presidente, que
manda repórter “calar a boca”.
A realidade paralela, no entanto, se
torna exemplo aos brasileiros que estão fora de uma redoma. Do lado de fora do
Palácio da Alvorada, a “gripezinha”, como o presidente se refere à covid-19, é
uma doença dramática, que pode ser fatal. Já atingiu pelo menos 160 mil brasileiros
e fez mais de 11 mil vítimas.
Em um País sem testes disponíveis para
boa parte da população e com sistema de saúde com previsão de colapso para os
próximos meses, o único método para conter a rápida disseminação do vírus é o
isolamento social. Usar máscaras, em caso de necessidade de ir à rua, e evitar
ao máximo aglomeração também são úteis.
Mas nada disso importa para quem está vivendo em outra realidade...
EM TEMPO: Está difícil sairmos dessa situação caótica em que vivemos.
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