ESTADÃO - Tulio Kruse
© Dida
Sampaio/Estadão (30/11/2015) A
ex-presidente Dilma Rousseff, durante entrevista coletiva em Brasília
SÃO PAULO – A
ex-presidente Dilma Rousseff (PT)
criticou nesta quinta-feira, 28, a indicação de procuradores-gerais da
República ( PGR) mais votados nas
listas tríplices de eleições internas do Ministério Público Federal. Em uma
transmissão na internet que debatia a democracia no Brasil, Dilma argumentou
que a tradição iniciada com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
e continuada em seu governo, reduz a “estrutura de pesos e contrapesos que tem
de haver dentro das instituições”.
“Nos equivocamo-nos
quando aceitamos uma regra meio sindicalista de indicar o procurador-geral a
partir de uma lista tríplice feita por eles”, disse a ex-presidente, ao ser
questionada o que faria diferente durante seu governo em relação ao sistema de
Justiça. “No Brasil, aquele que é escolhido e tem a legitimidade do mandato
popular é considerado menor do que aquele que prestou concurso individual para
um cargo. Isso contraria qualquer princípio constitucional de algo parecido com
democracia.
É impossível que o poder popular, que é o fundamento do poder
democrático, seja considerado menor.” Dilma disse, ainda,
que “em lugar nenhum do mundo” a chefia de órgãos do Ministério Público são
eleitas pelos membros da própria corporação. Durante seu governo, ela conviveu
com dois os procuradores-gerais eleitos de acordo com essa tradição: Roberto Gurgel, que ocupava o cargo desde o governo Lula
quando ela assumiu a Presidência, e Rodrigo Janot.
Ambos conduziram
investigações que causaram turbulência nos governos petistas e, no caso de
Dilma, contribuíram para seu impeachment em 2016. Gurgel ofereceu denúncia
contra integrantes do governo Lula no caso do mensalão. Já sob Janot, a Operação Lava Jato
abriu no 137 investigações Supremo Tribunal Federal, cujos alvos foram 5
ex-presidentes e 93 parlamentares, a maioria da base governista.
A tradição de
nomear o candidato mais votado à PGR foi quebrada em 2017 pelo então
presidente Michel Temer (MDB).
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Ele indicou Raquel Dodge, a primeira
mulher a ocupar o cargo, que havia ficado em segundo lugar na consulta interna.
As declarações de Dilma ocorrem em meio a críticas à atuação
do atual PGR, Augusto Aras, no
inquérito que apura um esquema de veiculação de fake news.
Escolhido por Bolsonaro no ano passado, Aras não estava entre os nomes mais
votados pelo MPF.
Dilma falou em uma
entrevista online realizada pelo Instituto para a Reforma das Relações entre
Estado e Empresa (IREE) , pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) e
pela Editora Contracorrente, que tem entrevistado lideranças políticas.
Polícia Federal
Questionada sobre
as acusações contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de aparelhamento da Polícia Federal
para interesses pessoas, Dilma defendeu a blindagem da corporação
contra influências política. Ela disse que tanto a PF quanto a Receita Federal
devem ser protegidas, e que seu aparelhamento ameaça diretamente a democracia.
“Essas duas instituições (PF e Receita), de maneira alguma, podem deixar
de estar blindadas”, disse Dilma. “Elas não podem se transformar em instrumento
de luta política, porque aí se degringola o sistema democrático.”
Ela também lembrou
que, quando ainda estava no governo, sofreu acusações de aparelhar a corporação
– e que hoje, apesar de ter ficar demonstrado que isso não ocorreu, há quem
defenda que isso deveria ter ocorrido. “Eu acho que fica muito difícil tentar
falar ou tentar colocar que nós devíamos interferir. É dito isso para mim e para
o (ex-ministro da Justiça, José Eduardo) Cardozo”, disse a
ex-presidente.
Sobre o cenário
político do governo Bolsonaro, a ex-presidente disse que a melhor alternativa
para o sistema democrático no País seria construir uma frente de oposição com
“amplos setores da sociedade”. No entanto, para ela, a possibilidade de que
Bolsonaro tente uma espécie de “autogolpe” também é provável. “Não se podem
descartar as aproximações sucessivas. Ele faz um absurdo hoje, amanhã diz que
não foi compreendido e continua a fazer o absurdo”, ela diz.
EM TEMPO: Nós brasileiros éramos felizes e não sabíamos no governo Dilma, a qual foi cassada indevidamente e o que dizem das "Pedaladas Fiscais", não chega a hum milésimo do que o Bolsonaro tem feito e provocado. Agora durmam com essa bronca. Dilminha, nossa eterna Presidente!
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