PODER 360 - Sabrina Freire
© Sérgio Lima/Poder360
Governadores
divulgaram carta aberta neste domingo (19.abr.2020) repudiando participação e
discurso do presidente Jair Bolsonaro em ato pelo fechamento do Congresso
Nacional e do STF (Supremo Tribunal Federal) e contra as
medidas de isolamento social pela epidemia do coronavírus. Eis a íntegra da carta (433
KB). A carta está em
nome do Fórum Nacional de Governadores, mas foi assinada por governadores de 20
Estados: Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro,
Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e
Tocantins. A carta não foi
assinada pelos governadores do Acre, Amazonas, Distrito Federal, Minas Gerais,
Paraná, Rondônia e Roraima.
Na carta, os
governadores manifestam apoio aos presidentes da Câmara dos Deputados e do
Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), respectivamente.
“Nesse momento em que o mundo vive uma das
suas maiores crises, temos testemunhado o empenho com que os presidentes do
Senado e da Câmara têm se conduzido, dedicando especial atenção às necessidades
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios brasileiros. Ambos demonstram
estar cientes de que é nessas instâncias que se dá a mais dura luta contra
nosso inimigo comum, o coronavírus, e onde, portanto, precisam ser concentrados
os maiores esforços de socorro federativo”, diz trecho do documento.
Os gestores dos Estados
brasileiros também afirmam que diante da pandemia da covid-19 deve-se “superar
eventuais diferenças” políticas “através do esforço do diálogo
democrático e desprovido de vaidades”. “A saúde e a vida do povo brasileiro
devem estar muito acima de interesses políticos, em especial nesse momento de
crise”, afirmam.
Frequentemente,
Bolsonaro critica duramente os governadores por eles não adotarem medidas que
flexibilizem o isolamento decretado por causa da covid-19, como a determinação
de abertura de comércios. Dizem ainda que as
medidas de isolamento decretadas se dão com base em “indicativos da
ciência, por orientações de profissionais da saúde e pela experiência de países
que já enfrentaram etapas mais duras da pandemia”.
ATO CONTRA O CONGRESSO E SUPREMO
A manifestação pelo
fechamento do Legislativo e do Judiciário foi em frente ao Quartel-General do
Exército, em Brasília, onde Bolsonaro se reuniu com os filhos, o senador Flávio
Bolsonaro (Republicanos-RJ), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o
vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).
No ato, os
apoiadores do presidente gritavam “fora, Maia“, em referência ao
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), carregavam diversas faixas a favor
do AI-5 (Ato Institucional 5, decreto emitido na Ditadura Militar que dava ao
presidente a prerrogativa de fechar o Congresso e cassar mandatos de
políticos; leia aqui a íntegra do texto)
e defenderam uma “intervenção militar”.
Em 1 discurso de 2
minutos e 30 segundos, o presidente disse que foi no ato porque acredita nas
reivindicações dos manifestantes. Afirmou que não quer negociar com políticos
questões relacionadas à continuidade do isolamento social, decretado nos
Estados pelo governadores e prefeitos para evitar a propagação da covid-19
–doença causada pelo novo coronavírus.
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