(SERGIO LIMA/AFP via Getty Images) |
Yahoo Notícias, 17 de abril de 2020
O governo Jair Bolsonaro (sem
partido) demitiu nesta sexta-feira (17) o presidente do CNPq (Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), João Luiz Filgueiras de Azevedo.
Azevedo, que vinha combatendo o
esvaziamento do órgão promovido pelo governo, não foi avisado com antecedência
de sua demissão e soube da exoneração após a publicação do ato no Diário
Oficial da União desta sexta.
Quem assume o órgão é o pesquisador
Evaldo Ferreira Vilela, ex-reitor da UFV (Universidade Federal de Viçosa).
O CNPq é ligado ao MCTIC (Ministério
da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), pasta comandada por Marcos
Pontes. O órgão é responsável pelo fomento da produção científica no país, com
financiamento a projetos e a pesquisadores. Até o ano passado, o CNPq pagava 84
mil bolsas.
Sob a gestão de Pontes, o órgão
perdeu prestígio na relação institucional dentro da pasta e foi rebaixado
hierarquicamente. Azevedo despachou pessoalmente com o ministro raras vezes.
O CNPq também sofreu esvaziamento
orçamentário do órgão. No ano passado, o governo só conseguiu recursos para o
pagamento das bolsas no fim do ano, e o montante destinado à compra de equipamentos,
por exemplo, teve forte redução. Em 2020, o MCTIC preteriu o CNPq na
distribuição de recursos do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico).
O ministério também excluiu, em
portaria de março, as ciências humanas das prioridades de projetos de pesquisa
no CNPq até 2023. Questionado na ocasião pela Folha, o conselho respondeu que
só seguiria as determinações da pasta.
Depois da má repercussão da medida
entre a comunidade científica, a pasta editou novo ato que restabeleceu, em
parte, as ciências humanas no escopo das prioridades. Azevedo não se posicionou
publicamente contra a exclusão, mas internamente defendia que o CNPq se
mantivesse como uma agência forte e independente.
O MCTIC não respondeu aos
questionamentos da Folha. A reportagem procurou João Azevedo, que disse ter
sido pego de surpresa com a exoneração mas não fez outros comentários.
Também no Diário Oficial da União
desta sexta foi publicada a nomeação da nova secretária de Educação Básica do
Ministério da Educação, Ilona Becskeházy. O titular anterior do cargo, Janio
Macedo, pediu demissão após desgaste com o ministro da Educação, Abraham
Weintraub.
Da FOLHAPRESS]
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