ESTADÃO - Pedro Caramuru
© Gabriela
Biló/Estadão O presidente
Jair Bolsonaro na saída do Palácio da Alvorada nesta segunda-feira, 17
Após os recentes
ataques do presidente Jair Bolsonaro, vinte
governadores assinaram uma carta aberta em que o criticam por fazer
declarações que "não
contribuem para a evolução da democracia no Brasil". Eles citam os
recentes comentários do presidente sobre a investigação em curso do assassinato
da vereadora Marielle Franco, em que Bolsonaro, segundo o documento, se
antecipa "a investigações policiais para atribuir fatos graves à conduta
das polícias e de seus Governadores".
Bolsonaro disse no
sábado, 15, que o governador da Bahia, Rui Costa (PT), "mantém fortíssimos laços" com
bandidos e que a "PM da Bahia, do PT" era
responsável pela morte do ex-capitão do Batalhão de Operações
Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Adriano da Nóbrega.
A carta também traz
os os comentários de Bolsonaro em que desafiou que os chefes dos Executivos
estaduais para que reduzissem, segundo a carta, "impostos vitais à
sobrevivência dos Estados".
Recentemente Bolsonaro havia dito que zeraria
os impostos federais sobre combustíveis se todos os governadores abrissem mão
do ICMS sobre os produtos.
O texto pede ainda
que se observe "os limites institucionais com a responsabilidade que
nossos mandatos exigem", e cobra: "Equilíbrio, sensatez e diálogo
para entendimentos na pauta de interesse do povo é o que a sociedade espera de
nós". Os governadores também convidam Bolsonaro para participar do próximo Fórum Nacional de Governadores, a ser
realizado em 14 de abril.
Essa não é a
primeira vez que governadores reagem a Bolsonaro através de uma carta de
repúdio. Em maio de 2019, governadores de 13 Estados mais o Distrito
Federal assinaram uma carta contra o decreto
que facilitava o porte de armas e o acesso a munições no País,
publicado pelo governo Jair Bolsonaro. No documento, eles argumentam que as
novas regras podem piorar os indíces de violência nos Estados.
O decreto acabou sendo suspenso pelo Senado. Em outubro, oito governadores do Nordeste
publicaram um documento em solidariedade ao colega de Pernambuco, Paulo Câmara
(PSB), chamado de “espertalhão” pelo presidente por fazer propaganda
da versão estadual do décimo terceiro salário do Bolsa Família, um programa
federal.
Assinaram a carta
desta segunda-feira, 17, Gladson Cameli (Progressistas-AC), Renan Filho
(MDB-AL), Waldez Góes (PDT-AP), Wilson Lima (PSC-AM), Rui Costa (PT-BA), Camilo
Santana (PT-CE), Ibaneis Rocha (MDB-DF), Renato Casagrande (PSB-ES), Flávio
Dino (PCdoB-MA), Reinaldo Azambuja (PSDB-MS), Romeu Zema (Novo-MG), Helder Barbalho
(MDB-PA), João Azevedo (Cidadania-PB), Paulo Câmara (PSB-PE), Wellington Dias
(PT-PI), Wilson Witzel (PSC-RJ), Fátima Bezerra (PT-RN), Eduardo Leite
(PSDB-RS), João Doria, (PSDB-SP) e Belivaldo Chagas (PSD-SE).
Não assinaram o
texto Ronaldo Caiado (DEM-GO), Mauro Mendes (DEM-MT), Ratinho Júnior (PSD-PR),
Marcos Rocha (PSL-RO), Antônio Denarium (PSL-RR), Carlos Moisés (PSL-SC), Mauro
Carlesse (DEM-TO).
A reportagem entrou
em contato com a Secretaria de Imprensa da Secretaria Especial de Comunicação Social
(Secom), ligada à Secretaria de Governo da Presidência da República, e aguarda
uma resposta.
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