Por Jake Spring
Caminhão
trafega em área desmatada da floresta amazônica no Estado do Amazonas
BRASÍLIA (Reuters) - O desmatamento agressivo da Amazônia está começando
mais cedo neste ano, disseram agentes do Ibama, ao passo que nesta sexta-feira
dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostraram que a
destruição dobrou em janeiro se comparada com um ano atrás.
Mais de 280 quilômetros quadrados da floresta tropical brasileira foram
destruídos em janeiro, de acordo com dados preliminares do (Inpe), que só
divulgou dados dos 30 primeiros dias do mês, sem dar explicações.
O desmatamento da Amazônia brasileira disparou no ano passado, e
ativistas ambientais dentro e fora do Brasil responsabilizaram o presidente
Jair Bolsonaro ao apontarem que seu governo está enfraquecendo mecanismos de
proteção ambiental e que sua retórica incentiva a ocupação ilegal, a grilagem e
a atividade de madeireiros clandestinos.
Bolsonaro diz que o país continua sendo um modelo de conservação e que é
demonizado injustamente pelos ambientalistas.
O desmatamento recuou das cifras recordes de mais de 1.000 quilômetros
quadrados por mês entre julho e setembro, devido à chegada da estação de
chuvas, quando o solo da floresta se transforma em lama, dificultando o
transporte terrestre em certos lugares.
Mas ao invés de diminuir para níveis mínimos, como em anos anteriores,
três agentes de proteção ambiental disseram à Reuters que o desmatamento
continua atipicamente alto para esta época do ano, já que madeireiros
clandestinos e grileiros ainda atuam agressivamente.
"Houve uma diferença muito grande", disse um deles. "A
gente achou que ia dar uma queda, né? Por conta do clima e tudo mais, mas não
ocorreu."
Um segundo agente disse que, normalmente, não há muito trabalho a fazer
em janeiro, mas que neste ano "o desmatamento começou mais cedo, então a
gente foi mais cedo para campo".
Os agentes falaram sob condição de anonimato, já que o governo proibiu o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) de responder à mídia no ano passado.
A assessoria de imprensa do Ibama e o Ministério do Meio Ambiente não
responderam a pedidos de comentários.
Os dois agentes disseram que encontraram madeireiros com maquinário
pesado, até "serrarias móveis", em áreas protegidas, como reservas
indígenas, o que é muito atípico nesta época do ano.
A agência continua com problemas sérios de falta de financiamento e
pessoal, o que os agentes dizem impedi-los de deter a alta do desmatamento.
"A situação continua muito ruim. Está cada vez mais perigoso, e a
população cada vez mais encorajada a não aceitar a fiscalização", disse um
terceiro agente do Ibama.
Bolsonaro já
repreendeu o Ibama devido ao que chama de multas ambientais excessivas.
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