terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Segurança pública e sistema carcerário



Em 2019, abusos policiais dificultaram o combate à criminalidade porque, segundo a HRW, estas ações “desencorajam as comunidades a denunciarem crimes ou a cooperarem com as investigações”. 
Estes abusos, que não são especificados no estudo, contribuem para um ciclo de violência que prejudica a segurança pública e põe em risco a vida da população e dos próprios policiais. “Enquanto algumas das mortes provocadas por ação policial decorrem de legítima defesa, muitas outras resultam do uso ilegal da força”, diz o relatório. 
O estudo aponta que, durante o governo Bolsonaro, só em São Paulo, as mortes por policiais em serviço aumentaram 8% de janeiro a setembro de 2019. Já no Rio de Janeiro, a polícia matou 1.402 pessoas de janeiro a setembro, o maior número já registrado para esse período. Os dados compilados pela organização são do relatório realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. 
Declarações do presidente Bolsonaro e ações do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel sobre o tema são destacadas, e é apontado que ambos têm incentivado a polícia a executar suspeitos. Em agosto, o presidente afirmou que os criminosos deveriam “morrer na rua igual baratas”.

Em setembro, quando Agatha Felix, de 8 anos, foi morta por um policial durante operação no Complexo do Alemão, Witzel mudou sistema de bonificação a policiais que tinha como régua a diminuição de mortes causadas por ações policiais no Rio.

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Sobre condições carcerárias, o relatório destaca dados do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Segundo o órgão, mais de 830 mil adultos estavam em prisões brasileiras e mais de 40% deles aguardavam julgamento ― número este que excede a capacidade máxima as instalações prisionais em 70%.
Devido à superlotação e ligação com facções criminosas, o estudo chama atenção para o dado de que, só em 2019, detentos mataram 117 outros presos em cinco prisões do Amazonas e do Pará.
Dados oficiais destacados pela HRW também revelam que, apesar de decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre prisão preventiva em vez de prisão domiciliar para mulheres grávidas, em julho de 2019 mais de 5.100 mulheres com direito a prisão domiciliar ― 310 delas grávidas ― continuavam presas aguardando julgamento. 


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