BBC NEWS
© Isac Nóbrega/Presidência da República (08/05/2019).
Após
deixar ministério, Santos Cruz voltou a atuar junto à ONU, tachada de
'globalista' pelo governo atual.
Demitido do governo em junho,
o ex-ministro da Secretaria de Governo general Carlos Alberto dos Santos Cruz
hoje quer distância do presidente Jair Bolsonaro.
O militar da reserva pensa em
se filiar a um partido político e disputar eleição no futuro - ainda não sabe
por qual sigla e para qual cargo, mas tem certeza que não fará isso ao lado do
seu antigo chefe. Para ele, Bolsonaro deixou o
PSL para criar uma nova sigla, a Aliança pelo Brasil, não por divergência
ideológica, mas devido a disputas para controlar dinheiro dos fundos partidário
e eleitoral.
"Eu não entraria em um
partido hoje do presidente Bolsonaro de
jeito nenhum. Ele tem valores que não coincidem com os meus; ele tem atitudes
que eu acho que não têm cabimento", disse, em entrevista à BBC News
Brasil. Santos Cruz deixou o governo
após sofrer uma onda de ataques nas redes sociais que teria sido orquestrada
por um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). A
campanha de difamação incluiu uma imagem, falsa segundo o general, de uma conversa
dele com ataques ao governo.
"Uns criminosos
vagabundos de baixo nível fazem aquilo, entregam para o presidente (a imagem
forjada), incrivelmente ele acredita naquilo e incrivelmente ele até hoje se
nega a dizer quem levou aquilo para ele. São coisas que não se pode esperar de
uma autoridade que tem essa responsabilidade", afirma.
Desde então, o general retomou
uma intensa agenda de viagens pelo Brasil e o exterior. Prestigiado
internacionalmente após ter comandado a maior missão de paz da ONU (Organização
das Nações Unidas), chefiando mais de 23 mil capacetes azuis na República
Democrática do Congo entre 2013 e 2015, ele voltou a atuar junto à instituição
que hoje é tachada de "globalista" pelo governo brasileiro. O general conta que a política
externa de Bolsonaro, marcada por uma "alinhamento automático" aos Estados
Unidos, tem causado surpresa entre atores internacionais.
"É completamente
ideológica (a política externa). Desde o discurso de posse do ministro das
Relações Exteriores (Ernesto Araújo), quase transformando a Bíblia num plano de
governo", critica. Ao fazer um balanço do
primeiro ano de Bolsonaro, Santos Cruz aponta incoerências com o discurso de
campanha, marcado pela bandeira anticorrupção.
Na sua avaliação, o governo
trouxe "desilusão para muita gente" nessa área, citando como exemplo
pressões sobre o diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, e o
enfraquecimento do Coaf - órgão que foi rebatizado de Unidade de Inteligência
Financeira e teve sua atuação limitada por quatro meses após o STF atender um
recurso de outro filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Sem
partido-RJ), investigado por suposto desvio de verba do seu antigo gabinete de
deputado estadual.
O ex-ministro mostra mais otimismo
com o governo na área econômica, mas diz que é preciso "prestar atenção
pra não ficar só na matemática financeira", sem chegar nos mais
desfavorecidos. Questionado pela BBC News
Brasil sobre declarações do presidente e seus filhos em apoio à Ditadura Militar
(1964-1985), Santos Cruz diz que "é o tipo de manifestação completamente
deslocada no tempo, infeliz". Ao contrário de Bolsonaro, ele não comemora
a tortura e assassinatos políticos praticados pelo regime militar (são 434
entre mortos e desaparecidos), mas evita apontar os erros dos governos desse
período e equipara os crimes de agentes do Estado aos dos grupos armados que
militavam contra a ditadura.
"Essas deformações dos
dois lados não podem acontecer de novo. Então, seja do Brilhante Ustra (coronel
que comandou torturas) ou seja dos criminosos da esquerda, isso não pode
acontecer novamente", rechaça.
"Não adianta ficar
trazendo e discutindo coisas (do passado) pra um Brasil que hoje tem 12,5% de
desempregados, que tem que fazer uma conciliação, que tem que parar com a
divisão social, com os grupos extremistas que nós temos aí hoje", reforça.
Confira a seguir a entrevista
concedida em 27 de dezembro, de sua residência, em Brasília.
BBC News Brasil - O senhor tem
viajado muito desde que deixou o governo. Já esteve em Nova York, na Coreia do
Sul, acaba de voltar do Congo, e em janeiro estará nos Estados Unidos
novamente. Que trabalhos tem realizado nesses países?
Carlos Alberto dos Santos Cruz - Eu
tenho participado de alguns eventos da Organização das Nações Unidas (ONU). Na
Coreia do Sul, por exemplo, foi um curso para civis e militares para exercer as
funções mais altas nas operações de paz da ONU. Em Nova York, foi um
treinamento específico para pessoas que já estão em função, como por exemplo nas
Colinas de Golã, em Abyei (região disputada por Sudão e Sudão do Sul), no
Western Sahara (Saara Ocidental, território entre Marrocos, Mauritânia e
Argélia). E agora fui liderar uma equipe de cinco pessoas, contando comigo,
para fazer uma avaliação da violência ali na região leste do Congo, na
fronteira com Uganda. Tem vários outros trabalhos também, dentro do Brasil
(tenho feito) muitas viagens. Já era uma rotina que eu tinha interrompido para
trabalhar no governo por um tempo.
BBC News Brasil -
Nas viagens ao exterior, as pessoas perguntam sua avaliação sobre o governo?
Qual a impressão que elas têm da gestão Bolsonaro?
Santos Cruz
- As pessoas com as quais eu tenho contato, que se
interessam mais por política internacional e acompanham o Brasil, elas realmente
ficaram um pouco surpresas com algumas posições do governo, mas veem a eleição
do presidente como uma eleição absolutamente normal. Algumas posições é que
chamam atenção.
BBC News Brasil -
Por exemplo?
Santos Cruz - A
política externa do Brasil chama muita atenção. Alguns posicionamentos como foi
o caso da eleição na Argentina, algumas ideias como trocar a embaixada nossa
(em Israel) de Tel Aviv para Jerusalém, o nosso voto na ONU agora em relação ao
embargo de Cuba (pela primeira vez o Brasil votou contra a resolução que
condena o embargo americano a Cuba; apenas Israel também ficou ao lado dos
EUA).
BBC News Brasil -
No caso da Argentina, o senhor se refere ao apoio do presidente Bolsonaro à
reeleição do Mauricio Macri, que acabou derrotado pelo Alberto Fernández?
Santos Cruz - Não
é bem o apoio à reeleição do Macri, uma coisa até que já se sabia que seria o
posicionamento dele, mas em dizer que a Argentina iria fazer uma péssima opção
(com a eleição de Fernández), quando é um problema absolutamente argentino.
BBC News Brasil -
Em mensagem de Natal transmitida em cadeia nacional de televisão, o presidente
Bolsonaro afirma que seu governo acabou com a ideologia na política externa.
Isso aconteceu?
Santos Cruz - Acho
que não, acho que é completamente ideológica. Desde o discurso de posse do
ministro das Relações Exteriores (Ernesto Araújo), quase transformando a Bíblia
num plano de governo, e outras como a parte de mudar nossa embaixada de Tel
Aviv para Jerusalém, a maneira como se aproximou dos Estados Unidos. (Quero
dizer,) Não se aproximou, porque nós somos próximos dos Estados Unidos, mas a
maneira como mostrou essa prioridade sem nenhum cuidado.
BBC News Brasil -
Um alinhamento?
Santos Cruz - Um
alinhamento automático. Isso é absolutamente ideológico. Depois, houve um
retrocesso (no viés ideológico) do próprio discurso de campanha quando
(Bolsonaro) dizia que a China ia comprar o Brasil, que isso não ia ser
permitido, etc, (e em outubro) acabou viajando para a China. Então você pode
considerar até que deu para trás ideologicamente por uma questão de
necessidade. O restante foi absolutamente ideológico.
BBC News Brasil -
O senhor considera que isso está afetando a imagem do Brasil e a forma como os
outros países se relacionam conosco?
Santos Cruz
- Sem dúvida nenhuma. Você vê que o presidente
Bolsonaro não pôde ir à Nova York receber um prêmio (da Câmara de Comércio
Brasil-Estados Unidos em maio). Nova York é um lugar internacional que todo
mundo vai. O presidente do Brasil não pôde ir por que? Por causa de condutas
ideológicas que prejudicaram a imagem dele.
BBC News Brasil -
Nessa mensagem de Natal, o presidente começa agradecendo "em especial a
grande parte da população brasileira que me deu a missão de ser presidente
dessa nação". Chama atenção ele se direcionar especialmente ao eleitorado
dele. Na sua avaliação, o presidente está governando para todos os brasileiros
ou está muito focado em sua base eleitoral?
Santos Cruz - Já
passou tanto tempo, um ano depois, não sei se é o caso mais (de agradecer aos
eleitores). É a mesma coisa que eu dar parabéns pra você pelo aniversário do
ano passado. Eu não vi o discurso, mas o presidente tem que ser presidente para
todo mundo. Estamos tendo um problema no Brasil que é o perdedor não reconhecer
que perdeu e o vencedor parece que não vê que tem que governar para todo mundo.
Logo após a eleição é normal você agradecer seus eleitores. Um ano depois não
sei nem se é conveniente. Agora, também tem o lado oposto. Nós estamos vivendo
essa polarização, tem dois extremos, tem o extremo ideológico atual e o extremo
ideológico dos governos anteriores, basicamente de esquerda.
BBC News Brasil -
O presidente demitiu ministros próximos, como o senhor e o Gustavo Bebianno.
Além disso, o partido que o elegeu, o PSL, hoje está totalmente fragmentado no
Congresso. Na sua leitura, por que o presidente briga com seus próprios
aliados? Falta capacidade de dialogar e lidar com as diferenças nesse governo?
Santos Cruz - O
que eu vejo é que o partido que elegeu o presidente saiu de 2 para 55 deputados
(com a eleição de 2018), sem estrutura, sem liderança firmada, sem ter uma
tradição de partido. Então, esse é um primeiro problema, é possível uma fragmentação
caso não fosse feito um trabalho de liderança que eu acho que faltou. Outra
coisa é que essa fragmentação não é por uma questão ideológica. Não vejo
ideologia nessa fragmentação. Eu vejo uma disputa de liderança principalmente
por controle de recursos, o fundo partidário é muito forte no Brasil e no ano
que vem o fundo eleitoral é outro valor grande (serão R$ 2 bilhões, dos quais
cerca de R$ 185 milhões devem ir para o PSL). Então, eu vejo essa divisão, essa
briga toda, mais vinculada a controle de recursos de fundo partidário, de fundo
eleitoral, do que de discordância em filosofia. Não tem discordância em
filosofia, tem briga política por controle (de recursos), por poder, só isso.
BBC News Brasil -
Em entrevista recente ao jornalista Pedro Bial, o senhor descartou totalmente
participar da criação do Aliança pelo Brasil.
Santos Cruz
- Tem alguns partidos que eu não entraria de jeito
nenhum, esse é um deles
BBC News Brasil -
Qual é a sua discordância tão forte, por que o senhor não se vê nesse partido?
Santos Cruz - Em
primeiro lugar, eu não entraria em um partido hoje do presidente Bolsonaro de
jeito nenhum. Até por uma questão de conduta, não é pela filosofia do partido,
não. Ele tem valores que não coincidem com os meus, ele tem atitudes que eu acho
que não têm cabimento. Então eu não entraria de jeito nenhum para esse partido,
assim como não entraria para o PT, para o PSOL, para outros de esquerda.
BBC News Brasil -
Quais valores o senhor vê de tão diferente entre o senhor e o presidente?
Santos Cruz
- Em primeiro lugar, a maneira como se conduz as
coisas. A maneira de se tratar dos problemas, a maneira de você ser honesto nos
seus propósitos e como você lida com as pessoas. A influência familiar, por
exemplo, eu acho que não é boa, a sociedade brasileira não aceita. Ela votou no
presidente Bolsonaro, ela não votou na família Bolsonaro. Na sociedade
brasileira, a gente não gosta nem que parente se meta na vida particular da
gente, muito menos num ambiente nacional. O presidente tem uma responsabilidade
muito grande e todas essas interferências acabam trazendo desgaste para ele
mesmo, eu acredito. É uma coisa que os assessores precisam alertar muitas
vezes. São momentos até um pouco mais... não constrangedores, mas mais
delicados para os assessores, mas eles têm que assessorar, né?
BBC News Brasil -
O senhor tentou alertar o presidente sobre isso?
Santos Cruz
- Não só isso, eu acho que no nosso sistema ali você
tem dentro do Palácio quatro ministros: Segurança Institucional (general
Augusto Heleno), a Secretaria-Geral (Jorge Antônio Oliveira), a Casa Civil
(Onyx Lorenzoni) e a Secretaria de Governo (general Luiz Eduardo Ramos). Esses
quatro (cujos gabinetes ficam) ali dentro do Planalto naturalmente são mais
próximos, os outros já são mais espalhados na Esplanada, o contato físico é até
um pouco menor. Então, quando percebe alguma coisa tem que exercer sua função,
dizer com honestidade. Com educação, mas com honestidade.
E claro que têm coisas que não
são do inteiro agrado da autoridade, mas o meu caso, por exemplo, eu era um
assessor que não dependia daquilo como emprego. E por minha característica
pessoal também não dependia daquilo emocionalmente, (é) uma coisa que não me
faz falta nenhuma. Pelo contrário, eu deixei de fazer coisas que eu gostava e
até mais rendosa (mais bem remunerada) para tentar ajudar dentro de um projeto
porque eu acreditava que o presidente Bolsonaro foi a melhor opção na eleição,
não tenho dúvida nenhuma. Naquele momento, ele era a melhor opção e, naquilo
que ele falava, eu fui lá para tentar ajudar.
Agora, é normal o presidente
também (trocar ministros). Eu acho que não existe nenhum governo no mundo que
começa e acaba com os mesmos ministros. O que não é normal é o que está
acontecendo aqui quando você vê a interferência (dos filhos), familiares se
metendo no Twitter, dando opinião sobre conduta de ministro. E coisa falsa sendo
entregue para o presidente, mas o presidente não quer dizer quem é que entregou
a falsidade para ele. Então, esse tipo de atitude são coisas que saem da
normalidade.
BBC News Brasil -
O senhor está se referindo a um diálogo forjado envolvendo o senhor que foi
dado ao presidente?
Santos Cruz
- Lógico, isso aí depõe contra meus 40 anos de vida
militar aonde você cultua exatamente a honestidade. Então, uns criminosos
vagabundos de baixo nível fazem aquilo, entregam para o presidente,
incrivelmente ele acredita naquilo e incrivelmente ele até hoje se nega a dizer
quem levou aquilo para ele. Então, são coisas que não se pode esperar de uma
autoridade que tem essa responsabilidade.
[Nota da redação:
em maio, circulou nas redes sociais a imagem uma suposta conversa por WhatsApp
em que Santos Cruz teria criticado Jair Bolsonaro e seu filho Carlos no dia 6
daquele mês; o ex-ministro diz que a imagem é falsa e que estava em uma viagem
de avião no horário da suposta conversa.]
BBC News Brasil -
Outro militar que deixou o governo foi o general Maynard Santa Rosa que se
demitiu em novembro da Secretaria de Assuntos Estratégicos. Em entrevista ao
UOL, ele disse que o presidente Bolsonaro se cercou de "um grupo de
garotos que têm entre 25 e 32 anos que fazem uma espécie de cordão magnético em
torno e filtram o acesso". O presidente se isolou num em torno de jovens
mais radicais no Planalto?
Santos Cruz - Em
primeiro lugar, eu acho que ele tem todo o direito de escolher quem ele quer.
No meu caso, por exemplo, que eu saia do governo está absolutamente dentro de
uma prerrogativa do presidente. Não tem nada de anormal. Eu conheço muita gente
de 25, 30 anos que é extremamente competente. Eu acho que quando o general
Santa Rosa disse isso ele estava se referindo a um pequeno (grupo), alguns que
trabalham diretamente dentro do gabinete do presidente que não tem experiência
nenhuma para ser um assessor presidencial. Acredito que ele se referiu a essas
pessoas. Eu não tenho restrição de idade. Se você olhar aí para a relação de pessoas
que foram presas na Lava Jato você não vai encontrar muita gente jovem. Então,
idade não tem muito a ver não, o que tem a ver é a experiência e a função da
pessoa.
BBC News Brasil -
Um desses jovens assessores é o Felipe Martins, que atua principalmente na
política externa. Como avalia sua atuação?
Santos Cruz - Eu
acho que não tem a mínima condição de ser um assessor de nível presidencial em
assuntos internacionais. Isso é o que eu acho, agora, o presidente não acha.
Você tem o Itamaraty com uma grande quantidade de pessoas com experiência, mas
o presidente tem o direito de escolher quem ele quiser. É uma questão que não
envolve nenhum erro. É uma opção do presidente e ele que carregue o peso dessa
escolha.
BBC News Brasil -
Nessa entrevista, o Santa Rosa também falou sobre sua saída do governo. Segundo
ele, isso teve relação com o controle das verbas da Secretaria de Comunicação,
pois o Carlos Bolsonaro queria direcioná-las para algum grupo e o senhor teria
se oposto. O senhor confirma que seria esse o motivo?
Santos Cruz
- Olha, se (Carlos Bolsonaro) queria ou não, eu não
sei, porque comigo isso não iria acontecer sem dúvida. Jamais o Carlos
Bolsonaro falou comigo sobre isso, também não adiantaria falar porque se fosse
isso eu não iria concordar, porque, em primeiro lugar, ele não tem função
nenhuma no governo. Segundo, se ele tem capacidade para gerenciar isso daí, eu
digo: põe a chuteira, a camiseta, aquece, entra em campo e vai trabalhar, né?
Ficar na posição confortável de crítica também não é o caso. Mas jamais teve
esse tipo de proposta para mim. Eu não aceitaria isso. Acho que comunicação de
governo não pode ser usada como instrumento de poder, não pode ser usada como
instrumento de ideologia. Se não a gente vai cair no erro dos governos anteriores,
vamos voltar lá para o PT. A comunicação de governo tem que ser esclarecedora e
não pode ser uma área que você utiliza para a manutenção do poder.
BBC News Brasil -
Por exemplo, direcionando recursos para pessoas aliadas, blogueiros?
Santos Cruz
- Não (pode), se não nós vamos voltar para o mesmo
problema anterior.
BBC News Brasil -
Fala-se na existência de um gabinete de ódio que operaria dentro do Palácio do
Planalto, orquestrando ataques a supostos adversários. O senhor se sente vítima
disso?
Santos Cruz
- Olha, pode ter sido. Isso é um caso policial, isso
não é um caso de filosofia, ou de método de governo. Isso é simplesmente um
caso policial, é pegar os casos produzidos de falsidade de informação, de
injúria, de difamação, tratar disso daí de maneira policial. É fácil você
chegar nos autores através de tecnologia existente e processar na forma da lei
essas pessoas. Se elas estiverem dentro do Palácio, que sejam processadas, não
interessa quem, não tem ninguém acima da lei, nem que trabalhe dentro de um
palácio em todas as funções. Então, se existe esse tal gabinete de ódio, acho
que existe essa possibilidade de você identificar tecnicamente e mover ação
judicial.
BBC News Brasil -
Em relação ao que o presidente prometeu fazer na campanha eleitoral e frente ao
que aconteceu neste primeiro ano, qual o saldo que o senhor tira do governo?
Santos Cruz
- Em termos de resultado, é um governo que acertou em
algumas coisas, errou em outras, como é normal em qualquer governo, nada de
excepcional. A parte econômica, que sempre foi um problema bastante crítico,
teve um crescimento do PIB no mesmo patamar do governo (de Michel) Temer, que
tinha 5% de aprovação (contra 30% de Bolsonaro, segundo o Datafolha). Então,
não vejo problema nenhum. Em relação à campanha, houve
algumas mudanças. A primeira delas: a reeleição. Ele dizia que não iria
continuar com a reeleição etc, com quatro meses estava aberta a campanha de
reeleição.
Outra coisa: o combate à corrupção, que foi o carro-chefe, digamos
assim, junto com o antipetismo, o combate à corrupção não ficou tão
caracterizado e acho até que em alguns pontos se afastou, se afastou disso aí.
E isso aí eu acho que trouxe desilusão para muita gente. A parte política, o destaque
acho que ficou para o Congresso que trabalhou. O Congresso foi a grande estrela
da política nesse ano.
BBC News Brasil -
Ofuscou o papel do Bolsonaro?
Santos Cruz
- Não, não ofuscou o presidente porque o presidente
se manteve na mídia, mas por outras razões. O presidente se manteve na mídia
até por característica de comportamento, não é bem por desempenho político.
Então, eu vejo um ano que chama atenção o grupo ideológico, a seita ideológica
foi muito ativa e monopolizou muito a atenção da mídia. Para mídia, isso é bom,
brigas e acusações e xingamentos e coisa de baixo nível. Então, no total, foi
um governo com algumas coisas boas outras coisas não, mas acho que tem alguma
expectativa de algumas coisas boas à frente.
BBC News Brasil -
Por exemplo, o que o senhor está esperando de positivo?
Santos Cruz - A
parte de econômica normalmente é uma área que demora a dar resultado. Vamos ver
se a área econômica, mais um ano, mais seis meses, oito meses, ela começa dar
frutos. Você tem áreas muito boas como é o caso da agricultura com a ministra
Tereza Cristina. A parte da infraestrutura é uma parte técnica, né? O Brasil é
tão ineficiente em infraestrutura que você pode fechar os olhos e colocar o
dedo no mapa e fazer alguma coisa. E o ministro (Tarcísio de Freitas) é bom. A
área econômica é boa, eu tenho algumas restrições como cidadão, mas a área é
boa. A restrição é que tem que prestar atenção pra não ficar só na matemática
financeira, tem que chegar nos mais desfavorecidos.
BBC News Brasil -
A última pesquisa do Instituto Datafolha mostrou que a avaliação positiva do
presidente é de 30% na população de forma geral e cai para 22% entre os mais
pobres. A que o senhor atribui essa insatisfação maior dos mais pobres? Será
que tem a ver com a área econômica?
Santos Cruz - Olha,
as pessoas mais pobres foram por longo tempo manipuladas pelo governo com
diversos benefícios. Benefícios que você tem que dar para os mais
desfavorecidos, não tem saída. Não pode deixar sofrendo, tem que ajudar. Mas
você não pode fazer disso daí uma exploração política, se não se torna uma
coisa desumana. Eu dou sempre como exemplo o MST (Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) na beira das estradas por 15, 20 anos, sem ninguém resolver o
problema. Isso aí caracteriza que aquela massa ali tem que continuar daquela
maneira.
É o caso (da pobreza) do Nordeste: você tem que dar o benefício, mas
também tem que resolver o problema. Então, é um público muito sensível, porque
tem muita necessidade. A queda (da aprovação entre os mais pobres) que você
está dizendo do governo (é) porque o governo está com muitas medidas
econômicas, até bastante eufóricas, como 'ah, a bolsa de valores chegou a 116
mil pontos', mas o que isso aí significa lá para o elemento que está
necessitado? Não significa nada por enquanto, pode ser (que signifique) na
frente.
'Ah, mas agora a taxa Selic
está 4,5%'. Sim, esse juro é bom pra quem? É para o mais pobre? Pode ser para o
classe média e baixa que está comprando casa etc, mas para aquele bem
necessitado não, isso aí não chegou nele. Então, você tem várias razões para a
pessoa necessitada, os mais pobres, terem sempre restrições.
O juro caiu para 4,5%, mas a
pessoa mais pobre que usa o cartão de crédito como empréstimo paga 300%, é uma
coisa absurda. Eu não pago porque normalmente eu tenho dinheiro no final do mês
para pagar tudo que eu usei no cartão de crédito, mas aquele que usa como empréstimo
está num nível muito forte de exploração.
BBC News Brasil -
Falta um pouco de sensibilidade para o atual governo ao lidar com esse grupo?
Por exemplo, eles anunciaram um programa para combater o desemprego em que os
recursos vêm da taxação do seguro desemprego.
Santos Cruz - Você
tem que ter muito cuidado, é uma massa muito sensível. Por exemplo, até para as
pessoas que não são as mais necessitadas, mas tem algum limite pequeno no
cheque especial, (tem que) pagar um percentual para o banco mesmo que não
utilize aquele limite. São coisas assim... A área bancária no Brasil é uma das
áreas mais bem remuneradas e favorecidas. São poucos bancos que dominam tudo,
que tem bilhões de lucros. Então, vejo (a Economia) como uma área muito boa mas
a gente não pode nunca esquecer que não é só grandes resultados de matemática
financeira, isso aí tem que chegar no pessoal mais pobre.
BBC News Brasil -
No caso da corrupção, o senhor me pareceu que se frustrou ou viu uma
incoerência na atuação do governo em relação ao discurso de campanha. O que o
senhor vê de errado nesse campo nesse governo?
Santos Cruz
- (O combate à) Corrupção, da maneira que estava
estruturada no momento da eleição, você tinha operação Lava Jato, na realidade
a Polícia Federal, Ministério Público trabalhando nisso, você tinha o Coaf
(Conselho de Controle de Atividades Financeiras, hoje renomeado Unidade de
Inteligência Financeira). São os instrumentos (com) que você combate corrupção,
controlando lavagem de dinheiro. Esses mecanismos sofreram um pouco de
desgaste. O Coaf, quando foi para o Banco Central (por escolha do governo
Bolsonaro), muitos percebem que ele trocou de nome e reduziu atividade.
A própria operação Lava Jato
passou, passa por diversos desgastes também. A própria Polícia Federal, teve um
período ali de muita pressão sobre o diretor para ser trocado ou não (em
setembro, o presidente disse que a PF precisava de uma "arejada" e
que Moro podia trocar o diretor Maurício Valeixo, o que não se concretizou).
Essas coisas atrapalham. Agora, foi criada uma nova
figura de juiz de garantia, tem que ver como é que vai ser. A prisão em segundo
instância (foi proibida pelo STF), tudo isso, todo esse conjunto de coisas
trouxe um pouco de sensação de que o combate à corrupção está se tornando cada
dia mais difícil.
BBC News Brasil -
No caso do juiz de garantia, por exemplo, o senhor acha que o presidente
deveria ter vetado esse ponto do pacote anticrime como várias pessoas têm
criticado ele nas redes sociais?
Santos Cruz
- Ao menos, a ideia geral é essa. Se era uma coisa
importante, teria que ter sido até mais discutida. Hoje em dia você tem
mecanismos para esclarecer a população com rapidez, e foi uma coisa quase
surpresa para o público. Talvez não para o parlamentar, mas para o público.
BBC News Brasil -
Quem veio para o governo com o propósito de fortalecer o combate à corrupção é
o ministro Sérgio Moro. O senhor acha que o ministro está enfraquecido, sem
todas as condições de trabalhar?
Santos Cruz - Acho
que ninguém trabalha nas condições ideais, né? E eu acho que ele também não
trabalha nas condições ideais. O juiz Sérgio Moro é uma pessoa que tem um
histórico que garante ele por um longo tempo. Ele tem um fundo de garantia
muito alto, mas sempre é um desgaste.
BBC News Brasil -
Temos visto várias revelações de uso de funcionários fantasmas, não só no
gabinete do Flávio Bolsonaro, que está sendo investigado pelo que poderia ser
um esquema de 'rachadinha' (prática em que parlamentares se apropriam de parte
dos salários dos funcionários), mas há também denúncias de que o vereador
Carlos Bolsonaro pode ter tido funcionários fantasmas, e, mesmo no gabinete do
presidente Jair Bolsonaro quando ele era deputado, reportagens revelaram que
havia muitos funcionários que eram parentes da família de uma das ex-mulheres
do presidente, pessoas que não apareciam, que não davam expediente. O senhor
confia na integridade dessa família ou vê sinais de possíveis desvios de
recursos ou de condutas que não são corretas?
Santos Cruz - Eu
vejo o seguinte, no momento que você é eleito Presidente da República, um filho
é senador, o outro deputado, outro vereador, todos da mesma família, a atenção
vai toda em cima, ainda mais quando sua retórica é uma retórica muito forte.
Então, é natural que mergulhem a fundo nessas investigações todas. Eu gostaria
que todos os parlamentares que têm essa prática sofressem o mesmo grau de
investigação. É claro que isso não acontece no mesmo nível para todo mundo,
porque aqueles que se destacam mais, como é o caso da família do presidente,
sofrem mais esse tipo de pesquisa. Agora, a partir da hora que se incorre nesse
erro que seja cumprida a lei. Não acho que são cidadãos acima da lei.
BBC News Brasil -
Mas o que perguntei é se o senhor confia na integridade deles?
Santos Cruz
- Olha, daí você tirar uma conclusão genérica eu acho
problemático. Agora, nesses casos específicos que sejam investigados e cada um
pague sua conta.
BBC News Brasil -
Gostaria de falar sobre as manifestações do presidente Bolsonaro, de seus
filhos e também de ministros do governo relacionadas à ditadura militar (1964 a
1985). Esse ano nós tivemos declarações do Eduardo Bolsonaro e do Paulo Guedes
citando a possibilidade de um novo AI-5 (Ato Institucional nº5, de 1968, que deu
poderes ainda mais autoritários ao governo militar), caso houvesse uma
radicalização da esquerda. Como vê esse tipo de declaração?
Santos Cruz - Esse
aí é o tipo da declaração infeliz, desconectada da realidade. O que acontece?
Você está comparando a situação atual com 1968, cinquenta anos atrás. No
mínimo, você está desatualizado. Se você tiver que (lidar com extremismos,
pode) endurecer às vezes uma legislação, o Judiciário (pode) endurecer uma
conduta no período de crise, o governo (pode) solicitar ao Congresso alguma
coisa, nós estamos vivendo outra época. Não dá nem pra comparar com aquela
época, são 50 anos de diferença. Então, acho esse tipo de manifestação
completamente deslocada no tempo, infeliz, falta de noção de momento.
BBC News Brasil -
Como é o sentimento dentro das Forças Armadas com relação a essas declarações?
É um tema que os militares preferem não mexer, incomoda que o presidente traga
à tona?
Santos Cruz
- Olha, eu não posso falar pelas Forças Armadas. Eu
estou fora do Exército (na reserva) já faz algum tempo. Eu também não vejo o
motivo pelo qual o governo se refere ao período de governo militar. Naquela
época, quando houve a revolução de 1964 (movimento que depôs o presidente João
Goulart, considerado um golpe por historiadores), eu tinha 12 anos, Bolsonaro
acho que tinha nove, não teve participação nenhuma. Depois, a gente teve
participação já na adolescência, na fase adulta, quando a gente pegou o Brasil
em pleno desenvolvimento. Então, pegamos uma fase em que o Brasil tinha
planejamento, desenvolvimento, etc. Voltar agora com comparações, eu acho uma
coisa completamente deslocado no tempo. Eu acho que temos que ver a realidade
hoje do Brasil, resolver os problemas atuais. Se teve coisa errada, você não
repete. Se teve coisa boa, você repete.
BBC News Brasil -
O que teve de errado?
Santos Cruz - Se
teve, todo governo tem coisas... Por exemplo, até aí tem que voltar no tempo...
É normal qualquer governo ter coisas ruins ou coisas boas. Uma coisa boa, por
exemplo, que existia era o planejamento né? Existia mais planejamento.
BBC News Brasil -
O senhor acha que o regime militar errou, por exemplo, em não realizar eleições
diretas, em cassar congressistas?
Santos Cruz - Tem
que ver o contexto daquele momento, é questão de contexto. Por exemplo, outros
países não têm o nosso sistema de eleição direta, então, tem que ver qual é o
nosso costume. A nossa tradição é o voto direto. Ali foi quebrado por uma
questão de período de exceção, era um período excepcional. Depois voltou (para
eleição direta). Você não vai voltar agora para eleição indireta.
A parte de anistia (lei que em
1979 perdoou os crimes de agentes do governo e de militantes opositores do
regime), por exemplo, foi uma coisa boa. O Brasil tem tradição de passar a
borracha e todo mundo voltou à vida normal. Até aqueles que hoje se
caracterizaram como criminosos em vários setores da administração pública
(durante a ditadura) foram anistiados, voltaram à vida normal. Teve gente que
participou de guerrilha, matou gente inocente, etc, foi anistiado. Então, tem
coisa que você tem que analisar e ver o que não foi bom e o que deu certo. E
aquilo que não foi bom tem que trabalhar para que não aconteça de novo.
BBC News Brasil -
O presidente também considera um herói o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra
(um dos que comandou sessões de tortura). Como o senhor vê essa figura
histórica? Qual a sua leitura do Ustra?
Santos Cruz - Ele
escreveu um livro, né? Bastante conhecido até, mas eu não li. Ele é acusado de
tortura e etc.
BBC News Brasil -
Há relatos muito fortes de torturas muito violentas comandadas por ele contra
presos políticos.
Santos Cruz
- Isso aí (a tortura) é uma coisa que independente da
profundidade do relato, ou do trauma do relato, ou dos acontecimentos, é uma
coisa que você não pode trazer como exemplo para ações futuras. Assim como você
naquela época teve também assassinatos por pessoas de esquerda e que se
chamavam de justiçamento. Não era justiçamento, era assassinato. Num período
daqueles, você tem várias deformações dos dois lados. Essas deformações dos
dois lados não podem acontecer de novo. Então, seja do Brilhante Ustra ou seja
dos criminosos da esquerda, isso não pode acontecer novamente.
BBC News Brasil -
Muitas pessoas que defendem a ditadura militar, que consideram que não era uma
ditadura, mas um regime excepcional, justificam o assassinato e a tortura de
presos políticos dizendo que havia o terrorismo de grupos de oposição ao
regime. Mas essas ações de alguns grupos extremistas justificam que o Estado
tenha torturado pessoas?
Santos Cruz
- O que acontece naquele tipo de ambiente é
exatamente isso, um lado tenta se justificar com o que o outro faz. Ou aqueles
que são acusados de tortura, ou que torturaram, acusam que estão fazendo aquilo
por causa dos crimes que o outro está fazendo, e o outro diz que está cometendo
aqueles crimes porque o outro está torturando. O Brasil não está vivendo esse
período hoje, e é bom que aquele período não volte com nenhum dos dois lados
com a mesma atitude. Esse é o problema. Tem gente que está querendo agora ficar
analisando o que passou há 50 anos. Era outro ambiente onde os dois lados
cometeram coisas erradas, e um tentando justificar por conta do que o outro
fazia. Isso aí tem que parar.
Eu vi outro dia, no ano
passado (2018), alguém comentou: "ah, as Forças Armadas têm que pedir
desculpa". E o pessoal (da oposição ao regime militar) não tem que pedir
desculpa também pelos assassinatos que fez? Por que nunca propuseram, então,
"vamos fazer todo mundo junto"? Não adianta ficar trazendo e
discutindo coisas (do passado) pra um Brasil que hoje tem 12,5% de
desempregados, que tem que fazer uma conciliação, que tem que parar com a
divisão social, com os grupos extremistas que nós temos aí hoje. Tem muita
coisa pra fazer que eu acho que o que vale do passado e trazer a lição, não é o
julgamento.
BBC News Brasil -
O senhor já indicou em entrevista que pensa em um dia concorrer a algum
cargo político, se filiar algum partido. O que passa na sua cabeça nesse
sentido?
Santos Cruz - Eu
acho que as pessoas que reclamam da política precisam participar de alguma forma,
seja como eleitores, seja como candidato, seja como filiado a partido político
ou não. Se você não estiver filiado, você não pode competir em eleições, mas
você pode ser um bom eleitor. Há pessoas que não são filiadas a nada e que são
divulgadoras de ideias, mobilizam um grupo de pessoas. Acho que todo mundo tem
que procurar participar para melhorar o nível (da política), se não a gente só
reclama.
E você tem um país que tem uma
desigualdade social absurda. A desigualdade social no Brasil é simplesmente
inadmissível, você tem do mesmo cofre público gente que ganha salário mínimo, e
gente que ganha 30 mil, 50 mil. Gente que no contracheque ganha mais de 100
mil. Então, você tem imoralidades que foram legalizadas. Para desmanchar isso
aí, é difícil, mas o grande objetivo tem que ser a redução da desigualdade
social. E isso aí você só consegue com uma participação mais ativa em todo o
processo (político). Eu não sou encantado com política não, agora, tenho
recebido convite para entrar em partido político etc. É uma coisa que também
não consome meu tempo, eu tenho outras coisas para fazer. No momento certo, vou
fazer essa avaliação.
BBC News Brasil -
Aqui no Distrito Federal não tem eleição municipal no ano que vem. O senhor
projeta para 2022 participar talvez da eleição?
Santos Cruz - Pode
ser.
BBC News Brasil -
Qual o cargo o senhor disputaria?
Santos Cruz
- Olha, eu não pensei nem em filiação partidária, não
fiz análise dos partidos. Tem que ver as pessoas e principalmente a filosofia
partidária. Um partido é como uma forma de conduzir a vida pública, a
administração pública, aquelas transformações que você imagina. Eu não me dediquei
a isso ainda não.
BBC News Brasil -
O convite que o senhor recebeu foi do PSDB?
Santos Cruz - Não
só do PSDB como de outros. Isso só gera especulação e, pior de tudo, gera
compromisso. Prefiro não tratar disso agora.
EM TEMPO: Evidentemente que o ex-general Santos
Cruz não está só, uma vez que outros
militares da ativa e/ou da reserva pensam da mesma forma. Portanto, o governo
Bolsonaro está a cada dia perdendo apoio político.
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