Veja.com - Da Redação
© Antonio Cruz/Agência Brasil - Levantamento indica que cresceu a parcela dos que refutam a
possibilidade de uma nova ditadura no Brasil
Após o primeiro ano
do governo de Jair Bolsonaro,
caiu o apoio à democracia como melhor forma
de governo, aponta pesquisa Datafolha publicada hoje no jornal Folha de
S. Paulo. Para 62% dos
entrevistados, a democracia é sempre melhor que qualquer outra forma
de governo. No levantamento anterior, realizado na semana do primeiro turno das
eleições de outubro de 2018, esse índice era de 69%.
Cresceu de 13% para
22% a parcela da população para quem tanto faz se o governo é uma democracia ou
uma ditadura. Permaneceu estável em 12% a fatia de entrevistados que diz ser
preferível uma ditadura em certas circunstâncias. A pesquisa também
mostra que, cinquenta e um anos após sua edição, o Ato Institucional nº 5, que
deu início ao período de maior repressão da ditadura militar, é desconhecido
por 65% da população brasileira, enquanto 35% dizem já ter ouvido falar do ato.
O índice de conhecimento
do AI-5 aumentou em relação à última pesquisa Datafolha que trouxe a pergunta,
em novembro de 2008. Naquela época, 82% afirmaram nunca ter ouvido falar do
ato, enquanto 18% o conheciam.
O Datafolha ouviu
2.948 pessoas nos dias 5 e 6 de dezembro, em 176 municípios de todo o país. A
margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para
menos.
No início de
dezembro, pesquisa exclusiva VEJA/FSB revelou que a grande maioria do país não compactua com a recaída autoritária.
Foram ouvidos por telefone 2 000 eleitores de 26 estados e do Distrito Federal
entre 29 de novembro e 2 de dezembro. Quase 80% dos entrevistados afirmaram
acreditar que a democracia é sempre, ou na maior parte das vezes, o melhor
sistema de governo. Apenas 10% apontaram a ditadura como uma alternativa ideal.
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O mesmo
levantamento, porém, também trouxe um alerta: 40% dos consultados acham que é
média, grande ou muito grande a possibilidade de o Brasil virar novamente uma
ditadura. Outros 28% acreditam que essa possibilidade é pequena — e só 26%
estão razoavelmente tranquilos nesse aspecto. Em resumo, embora a população
continue professando a fé na democracia, uma fração considerável dela enxerga o
risco de nuvens negras no horizonte.
A pesquisa Datafolha
questionou ainda se há alguma chance de haver uma nova ditadura no Brasil. O
levantamento indica que cresceu a parcela dos que refutam a possibilidade de
isso acontecer. Para 49%, não há nenhuma chance de uma nova ditadura no Brasil.
Em outubro de 2018, na semana do primeiro turno da eleição, eram 42%. Já 46%
dizem que isso poderia acontecer —desses, 21% falam em muita chance, 25% em
alguma chance. Não souberam responder 5%.
Em 2018, eram 31%
os que diziam haver muita chance, e 19% os que falavam em pouca chance de uma
nova ditadura, enquanto 8% não souberam responder. O legado deixado pela
ditadura militar que governou o país de 1964 a 1985 também foi alvo de
questionamento.
Desde 2014, vem
crescendo o percentual de entrevistados que afirma que o regime deixou mais
realizações negativas. Eram 46% naquele ano, 51% em 2018 e agora são 59%.
EM TEMPO: A maioria da população
brasileira é conservadora e despolitizada, favorecendo a expansão da ideologia
das classes dominantes do país. Não é à toa que o governo Bolsonaro quer sucatear a educação e a cultura. A dominação é inversamente proporcional a educação/cultura. Ou seja, quanto menor o grau educacional e cultural, maior será o domínio das massas.
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