Organizar a luta contra os ataques aos trabalhadores em todo o Brasil!
Nota Política do
Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Ao apagar das luzes
do ano de 2019, governos estaduais, inclusive aqueles que se apresentam como
“de esquerda” ou “progressistas”, como Camilo Santana (PT) no Ceará e Renato
Casagrande (PSB) no Espírito Santo, conseguiram aprovar, nas Assembleias
Legislativas de seus estados, projetos de lei que impõem contrarreformas da
Previdência, ampliando a idade mínima para aposentadoria, taxando servidores
aposentados e retirando direitos duramente conquistados pela classe
trabalhadora.
No Maranhão de Flávio
Dino (PCdoB), a mudança, que atinge mais de 100 mil funcionários públicos, já
ocorreu em novembro, quando os deputados estaduais aprovaram – e o governador
sancionou – proposta em que a alíquota previdenciária sobe, em média, de 11%
para 14%, sendo que os descontos, dependendo da faixa salarial do servidor,
podem chegar a 22%! Em Alagoas, Renan Filho (MDB), utilizando de forte aparato
militar e sem oposição do PT local, que integra o governo, também fez aprovar
proposição aumentando a contribuição mínima de 11% para 14%, a ser descontada
de todos os servidores, independentemente da faixa salarial.
Não se trata,
portanto, de uma ação isolada. A contrarreforma (desmonte) da Previdência, já sacramentada
no Congresso Nacional a partir de projeto encaminhado pelo Governo de ultradireita
de Bolsonaro, Mourão e Guedes, tem propostas similares ou até mais nefastas aos
trabalhadores sendo apresentadas em vários estados da Federação. Além dos já
citados, há em andamento projetos antipopulares nos seguintes estados: Acre,
Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do
Sul, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina e São Paulo. Em comum, as
propostas visam modificar a idade mínima para a aposentadoria, na maioria das
vezes passando a 65 anos para homens e 62 anos para mulheres, além de outros
retrocessos.
No caso do Ceará,
parlamentares vinculados ao Partido dos Trabalhadores (PT), ao Partido
Comunista do Brasil (PCdoB) e ao Partido Democrático Trabalhista (PDT) votaram
de forma favorável à medida, que representa forte retrocesso aos servidores
públicos, aposentados e trabalhadores. Não é de hoje que o Governador Camilo
Santana (PT) age de forma contrária aos interesses dos trabalhadores, usando
sempre do mesmo modus operandi: envio de proposta à Assembleia Legislativa no
final do ano e uso da repressão. Em 2016, aprovou a Proposta de Emenda à
Constituição que congelou o investimento em áreas sociais e limitou gastos
públicos por 10 anos, na esteira da PEC do Congelamento de Michel Temer. Na
sequência, aumentou a alíquota previdenciária, que saltou de 11% para 14%. Além
disso, mantém o arrocho salarial dos servidores estaduais, que acumulam
sucessivas perdas na ordem de 25%, ao mesmo tempo em que concede isenções e
benefícios fiscais aos grandes capitalistas do Estado.
Na Bahia, o Governo
de Rui Costa (PT) também tem operado uma política de desmonte do serviço
público, destruição dos direitos sociais e precarização do trabalho dos
servidores públicos estaduais. As políticas neoliberais do governo baiano
incluem cortes nos orçamentos da educação pública, elevação da contribuição
previdenciária dos servidores de 11% para 14% e, como se não bastasse, cortou
os salários dos docentes que deflagraram greve em reação legítima aos ataques a
seus direitos. Chama atenção a forma como o governador petista recorre à força
policial para reprimir manifestações populares e a juventude negra da
periferia, sem diferença alguma em relação a qualquer governo da direita.
No Rio Grande do
Norte, o governo de Fátima Bezerra (PT) igualmente segue o receituário
neoliberal, propondo uma reforma da previdência que ataca os direitos de
trabalhadores e trabalhadoras, com o aumento progressivo das alíquotas e o
aumento da idade mínima e tempo de contribuição. Os sindicatos de trabalhadores
e organizações populares se organizam para barrar a proposta que está sendo
apresentada pelo governo.
O PCB repudia de
forma veemente todos os ataques desferidos pelos governos que agem como cães de
guarda da burguesia e promovem a retirada de direitos históricos da classe
trabalhadora em nome de um ajuste fiscal cujo objetivo maior é manter os
privilégios dos grandes empresários, que continuam desfrutando de todas as
benesses possíveis, tendo dívidas perdoadas, renúncia de impostos e
participando de esquemas fraudulentos em licitações, conforme fartas denúncias
na imprensa e nas redes sociais.
Não nos causa
estranheza que governadores eleitos por legendas da direita promovam ataques
contra os direitos da classe trabalhadora, mas muito nos indigna quando setores
da chamada esquerda e do campo democrático popular apliquem o mesmo receituário
das políticas econômicas do governo federal, encaminhando e fazendo aprovar,
com uso de forte aparato repressivo, contrarreformas da previdência altamente
lesivas aos interesses dos trabalhadores, ao invés de se posicionarem como
polos de resistência a estes ataques.
Desde os
desdobramentos do golpe de 2016, que se materializaram nas contrarreformas de
Temer e se radicalizaram no governo da extrema direita de Bolsonaro, o PCB defende
a necessidade de uma unidade de ação entre todas as forças políticas que
praticam a oposição ao governo Bolsonaro e suas políticas de terra arrasada,
que vêm destruindo direitos consagrados, atacando a educação, a ciência e o
meio ambiente, ampliando as ações repressivas e estimulando a violência aberta
contra a classe trabalhadora, mulheres, negros e negras, povos indígenas e
LGBTs. O PCB acredita que somente uma ampla unidade na luta poderá fazer frente
a esse governo, articular a resistência e tecer uma rearticulação com vistas à
reorganização da classe trabalhadora, tarefa fundamental para a construção da
contraofensiva anticapitalista no Brasil.
Contudo, assim como
não acreditamos que a solução para a complexa equação política brasileira passe
somente por indivíduos e figuras públicas, por mais importantes que estes
sejam, também não achamos que o fator de unidade deva ser somente a oposição a
Bolsonaro, mas sim ao conjunto da sua política antipopular e a tudo o que ela
representa de nefasto para trabalhadores, trabalhadoras e setores populares.
Não adianta derrotar Bolsonaro se seu programa continuar vivo e sendo aplicado
por qualquer governo que o suceda. A necessária unidade se constrói sobre
políticas e programas, que, na atual conjuntura, têm como centralidade o firme
combate às contrarreformas trabalhista e da previdência e às privatizações,
assim como a luta pelos direitos sociais e pelas liberdades democráticas, como
materialização de um programa mínimo de defesa dos interesses da classe trabalhadora.
Continuaremos
trabalhando nessa perspectiva, que acreditamos ser a única viável para o
combate radical e efetivo à atual ofensiva ultraconservadora, reacionária e
neoliberal, mas denunciando todas as traições e vacilações que, praticadas por
aqueles que se viciaram na política de conciliação de classes e de concessões
ao capital, nessa conjuntura enfraquecem ainda mais a classe trabalhadora.
Nesse sentido,
conclamamos as organizações políticas e sociais de fato comprometidas com as
lutas e os interesses populares a cerrar fileiras nos estados contra os ataques
promovidos pelos governos burgueses ou por aqueles que, travestidos de
progressistas, agem a mando do capital. É preciso organizar amplas frentes de
lutas e grandes mobilizações para barrar as contrarreformas que destroem
direitos dos trabalhadores!
Reafirmamos a
necessidade de consolidar nos estados o Fórum Sindical, Popular e de Juventudes
por Direitos e Liberdades Democráticas, para fazer avançar a organização e a
resistência aos ataques, assim como apontar para a realização do Encontro
Nacional da Classe Trabalhadora e para a construção do programa anticapitalista
e anti-imperialista, no rumo do Poder Popular e do Socialismo.
Comitê Central do PCB
EM TEMPO: Aqui em
Pernambuco, votaram a favor do “Desmonte da Previdência” do governo Paulo
Câmara, os seguintes deputados “esquerdistas”: Doriel Barros (PT); Ducicleide
Amorim (PT); Teresa Leitão (PT) e João Paulo (PCdoB)
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