Por TALITA FERNANDES
BRASÍLIA, DF
(FOLHAPRESS) - No dia em que seu primogênito foi alvo de uma operação do
Ministério Público do Rio de Janeiro, o presidente Jair Bolsonaro evitou a
imprensa e recebeu o senador Flávio Bolsonaro (sem partido), no Palácio da
Alvorada nesta quarta-feira (18).
O senador chegou à
residência oficial da Presidência por volta de 17h30 em um carro oficial do
Senado, cerca de 20 minutos antes do pai.
Ao chegar ao
Alvorada, o presidente desembarcou no térreo, onde o filho o aguardava, e não
na garagem, onde o veículo costuma deixá-lo.
O encontro entre
eles não consta na agenda oficial do presidente. Questionada, a assessoria de
imprensa do Palácio do Planalto não soube informar o motivo da reunião.
Bolsonaro
participou de um evento religioso à tarde, mas chegou e saiu do local sem
passar pela área onde estavam os jornalistas.
Na sequência, não
fez discurso em cerimônia do Planalto e saiu do salão nobre evitando o
local reservado à imprensa.
Na semana passada,
Bolsonaro disse que em breve viriam outras acusações contra seus
familiares, mas não deu detalhes do que se tratava.
A operação da
Promotoria apura suposta lavagem de dinheiro e a prática de
"rachadinha" no gabinete de Flávio quando ele era deputado estadual
no Rio. Além do hoje senador, foram alvo ex-assessor Fabrício Queiroz
e outros ex-funcionários do gabinete.
Também estão entre
os 24 alvos da operação parentes de Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair
Bolsonaro --alguns deles moram em Resende (RJ).
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Já foram
recolhidos documentos e celulares na casa de alguns dos alvos. O Ministério
Público não se pronunciou sobre a operação, alegando que o procedimento corre
sob sigilo.
As buscas e
apreensões ocorrem após quase dois anos do início das investigações contra
Queiroz.
A Promotoria
fluminense recebeu em janeiro de 2018 relatório do antigo Coaf
--hoje Unidade de Inteligência Financeira (UIF)-- apontando
movimentações atípicas do policial militar aposentado.
Após pedido de Flávio, as apurações foram suspensas a partir de julho deste ano por liminar (decisão provisória) do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, mas foram retomadas neste mês após decisão do plenário da corte.
Após pedido de Flávio, as apurações foram suspensas a partir de julho deste ano por liminar (decisão provisória) do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, mas foram retomadas neste mês após decisão do plenário da corte.
No caso de Flávio,
o alvo de busca e apreensão foi a loja de chocolates do senador. Os agentes
chegaram por volta das 6h40 ao shopping Via Parque, na Barra da Tijuca (zona
oeste do Rio), onde fica a franquia da Kopenhagen que pertence a Flávio, e
deixaram o local por volta das 10h40.
O primogênito de
Bolsonaro é dono de 50% da franquia desde janeiro de 2015. A firma é citada num
relatório do antigo Coaf que descreve oito transferências que somam
R$ 120 mil dela para o senador entre agosto de 2017 e janeiro de 2018.
A empresa também
foi alvo de quebra de sigilo bancário e fiscal pela Justiça em abril.
Frederick Wassef,
advogado do senador, afirmou em nota que os investigadores não encontrarão
nas buscas nada que comprometa o filho do presidente. "O que sabemos até o
momento, pela imprensa, é que a operação pode ter extrapolado os limites da
[medida] cautelar, alcançando pessoas e objetos que não estão ligados ao
caso."
Já
a defesa da família de Queiroz afirmou que recebe a ação "com
tranquilidade e, ao mesmo tempo surpresa, pois é absolutamente
desnecessária". "Ele sempre colaborou com as investigações, já tendo,
inclusive, apresentado todos os esclarecimentos a respeito dos fatos",
disse o advogado Paulo Klein.
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