Nota Política do Partido Comunista Brasileiro – PCB
A recém anunciada
renúncia do Presidente Evo Morales foi o reflexo direto de um golpe de Estado,
na forma de um movimento promovido pelos setores oligárquicos e pela direita
boliviana, com o claro apoio do imperialismo estadunidense.
Acusando supostas
fraudes na eleição, a oposição insuflou setores conservadores e de alta renda
da população e canalizou insatisfações localizadas para atacar as conquistas do
povo boliviano, que, ao longo dos três mandatos anteriores concedidos pelo voto
popular a Evo, apoiados vigorosamente pelos movimentos sociais organizados e em
luta, obteve significativas melhorias nas condições de vida, com destaque para
os segmentos de baixa renda e as comunidades indígenas. Houve ainda importantes
avanços nas liberdades democráticas, com incentivo à maior participação popular
e justiça social, buscando superar processos históricos anteriores marcados por
sucessivas ditaduras militares a serviço dos interesses oligárquicos e
imperialistas.
O Partido Comunista
Brasileiro denuncia e repudia veementemente o golpe operado no Estado
Plurinacional da Bolívia. Evo Morales havia sido reconduzido democraticamente
ao comando da Nação, no primeiro turno da última eleição presidencial.
Repudiamos o motim da polícia e os ataques fascistas e racistas às comunidades
indígenas, que incluíram a queima de residências por parte dos grupos
reacionários, os quais ignoraram solenemente a postura de Evo Morales, que
buscou o diálogo político entre o governo e as oposições e chegou a apresentar
a proposta de realização de novas eleições gerais precedidas de uma renovação
total dos organismos eleitorais, tentando assim evitar a generalização dos
confrontos violentos no país. Mais uma vez na história se comprova que, no
trato com o fascismo, o diálogo é inútil.
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O PCB entende que se
faz necessária a mais forte mobilização dos movimentos populares, das
organizações sindicais, das comunidades indígenas e do conjunto das
trabalhadoras e dos trabalhadores bolivianos para, mantendo-se organizados e
atuantes, seguir adiante na luta contra as oligarquias e o grande capital, que
desejam destruir os avanços conquistados na organização popular, derrotar a
soberania do país, fazer retroceder os direitos sociais para poderem
superexplorar os trabalhadores. Externamos todo o nosso apoio ao povo boliviano
na luta pela emancipação plena frente aos ditames do capitalismo, à sanha do
imperialismo e das grandes empresas internacionais, que querem a privatização,
em favor de seus lucros, das reservas e dos direitos de exploração de riquezas
minerais da Bolívia.
Conclamamos as forças
democráticas, progressistas e de esquerda latino-americanas e mundiais a
manterem-se articuladas no apoio às organizações e aos movimentos populares
bolivianos em sua luta pelos direitos sociais e pela soberania da Bolívia.
Entendemos que a evolução do processo boliviano, assim como o de outras
experiências reformistas/progressistas recentes ou em curso na América Latina,
deixam claros os seus limites de avanço nos marcos do capitalismo e da
democracia burguesa, impondo a necessidade de afirmar, como centro da luta
política, a construção revolucionária do Poder Popular no rumo do Socialismo.
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