Lula livre é derrota para a extrema direita.
É preciso avançar a luta popular!
É preciso avançar a luta popular!
Comissão Política
Nacional do PCB
O Partido Comunista
Brasileiro (PCB) saúda a vitória democrática parcial representada pela
liberdade do ex-presidente Lula e entende ser necessário avançar a organização
popular na resistência aos ataques promovidos pelo Governo Bolsonaro/Mourão e
seus aliados, que age a serviço dos interesses dos monopólios e do
imperialismo, para viabilizar a construção da necessária contraofensiva
anticapitalista e anti-imperialista.
Desde 2015, o Brasil
tem sido alvo de uma implacável ofensiva da burguesia e do imperialismo, em
especial o estadunidense. As políticas ultraliberais, tidas como austeras para
administrar a crise econômica em favor dos interesses do grande capital,
impuseram pesados ataques ao conjunto dos trabalhadores: aumento do desemprego e subemprego, fome, destruição do meio ambiente, massacre
dos povos indígenas, incentivo ao racismo, à homofobia, ao machismo e à
misoginia, desmonte de políticas sociais, privatização de empresas nacionais,
entrega dos recursos naturais e progressivos cortes nos orçamentos ligados à
saúde e à educação, a fim de pagar os juros da dívida pública.
Pesquisas
recentes apontam o aumento da desigualdade em nosso país: quase metade da
população está vivendo com menos de 413 reais mensais. No outro polo, a riqueza
social tem se concentrado ainda mais nas mãos de banqueiros, rentistas,
empresários do agronegócio e empresas transnacionais.
A adoção desse
programa econômico se relaciona diretamente com a restrição às liberdades
democráticas na já limitada democracia burguesa. A conciliação de classes
passou a ser um impeditivo para a implementação desse programa que aumenta
brutalmente os níveis de exploração do trabalho e espoliação dos recursos
naturais do país. No bojo desse processo, o PCB, mesmo tendo profundas
divergências com o projeto petista, sempre denunciou o caráter reacionário do
golpe de 2016, entendendo a prisão política do ex-presidente Lula como parte de
toda a manipulação que envolveu as eleições de 2018.
Na contramão do que
expressam as convulsões sociais e os levantes populares antineoliberais que
hoje explodem na América Latina, o Governo Bolsonaro/Mourão segue sua pauta de
terra arrasada, fazendo avançar o programa ultraliberal de Guedes e ampliando
os retrocessos políticos e sociais, mas começa a acumular significativos
desgastes junto à população. Com a desmoralização da Operação Lava Jato diante
das provas concretas de sua seletividade política e as crescentes disputas no
interior da classe dominante, o STF recuou e seguiu a Constituição de 1988
sobre a questão da prisão em segunda instância. Essa decisão, apertada e
sujeita a alterações, representou uma importante derrota dos setores da extrema
direita e punitivistas.
No Brasil, milhares
de presos ainda aguardam julgamento durante anos nas prisões, em sua imensa maioria
vítimas do racismo estrutural e do caráter de classe da justiça brasileira,
que, no fundamental, encarecera pobres, negros e negras. Além de beneficiar o
ex presidente Lula, tal medida também pode ajudar na libertação de outros
presos políticos como Rafael Braga e Renna da Penha. O ex-catador de
recicláveis Rafael Braga, único condenado após as Jornadas de Junho de 2013,
foi preso por portar dois frascos lacrados de produtos de limpeza, o que foi
entendido como material explosivo pela polícia do Rio de Janeiro. Rennan da
Penha, um dos idealizadores do baile funk do bairro da Penha (RJ), foi preso e
condenado, em segunda instância, sem provas, por associação ao tráfico de
drogas.
Essas vitórias
parciais podem e devem ser comemoradas. No entanto, não devem servir para
desarticular mobilizações contra o atual programa econômico e político do
governo Bolsonaro, que ameaça retirar ainda mais direitos, privatizar
plenamente as empresas públicas e as riquezas nacionais, ferindo a soberania
nacional e submetendo a nação de forma vergonhosa aos interesses do
imperialismo, agindo como um capacho do governo dos Estados Unidos. O PCB
defende a mais ampla unidade de ação na luta contra as medidas do governo
Bolsonaro/Mourão e seus aliados, para além do calendário eleitoral e
institucional.
Urge, mais do que
nunca, apostar na reorganização da classe trabalhadora, da juventude e dos
movimentos populares, participando ativamente do fortalecimento das suas
entidades representativas e das lutas nos bairros, no campo, nas escolas e nos
locais de trabalho. Para o PCB, o neoliberalismo é uma fase do sistema fundado
na lógica da exploração da força de trabalho em benefício dos donos dos meios
de produção. Na atual dinâmica política da luta de classes no Brasil e no
mundo, há cada vez menos espaço para medidas conciliatórias e humanizadoras nos
marcos do capitalismo. Nesse sentido, conclamamos todos os lutadores e
lutadoras sociais a que, no bojo da construção de uma frente única contra os
retrocessos e ataques do capital, possamos avançar na perspectiva estratégica
anticapitalista e anti-imperialista, a fim de que sejam efetivamente resolvidos
os problemas econômicos, sociais e culturais da classe trabalhadora e dos
setores populares. A saída é o Poder Popular, no rumo do Socialismo.
Comissão Política
Nacional do PCB
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