25
de outubro de 2019
Comissão Política Nacional do Partido Comunista Brasileiro (PCB)
O Partido Comunista
Brasileiro (PCB) manifesta com entusiasmo sua solidariedade militante a todos
os povos da América Latina e Caribe que neste momento se levantam aos milhões
contra o desastre neoliberal que vem sendo implantado há décadas em nossa
região.
Ao mesmo tempo,
protestamos com indignação contra a repressão selvagem realizada pelos governos
subservientes ao imperialismo e que buscam dobrar a insubordinação popular com
a brutalidade policial, a barbaridade contra a população, que inclui
espancamentos generalizados, gás lacrimogêneo, gás de pimenta, balas de
borracha e munição letal, o que vem resultando num verdadeiro banho de sangue
com dezenas de mortos e milhares de feridos em vários países.
Os levantes populares
que acontecem atualmente significam, ao mesmo tempo, o colapso da política
neoliberal em nossa região, bem como uma reação do povo trabalhador contra anos
de massacre aos direitos básicos, o que inclui a privatização dos bens públicos
necessários à vida, como água, luz, saúde, educação, previdência, transporte,
saneamento, telefone, aposentadorias, levando ao aumento brutal do custo de
vida.
Esta política vem
acompanhada do desmantelamento das leis trabalhistas, promovendo salários
miseráveis, além de favorecer a ampliação da corrupção nas altas esferas das
classes dominantes, fenômeno estrutural do capitalismo. Tudo isso está sendo
realizado para privilegiar e encher os bolsos dos empresários, banqueiros, do
agronegócio, da oligarquia financeira e dos milionários em geral. Trata-se de
uma classe dominante arrogante, autoritária e truculenta com o próprio povo de
seus países, mas profundamente servil aos interesses do imperialismo.
A ação imperialista
em nosso continente se traduz ainda no aumento da presença militar dos Estados
Unidos na região, buscando pôr em prática seus planos de exploração econômica e
cooperação militar articulados com os governos subservientes a esta política. A
recente ativação do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR)
representa um passo ameaçador na preparação das condições para uma agressão
militar, sob a máscara de uma aliança regional.
Para cumprir os
objetivos econômicos de controlar recursos energéticos, a biodiversidade, a
água, o petróleo e diversas outras riquezas naturais que o continente possui, a
administração Trump promove ações de todo tipo com a intenção de provocar a
desestabilização e a derrubada dos governos de Cuba Socialista, da Venezuela,
Nicarágua e Bolívia, os quais, com suas especificidades políticas e sociais,
representam obstáculos às pretensões e aos interesses imperialistas.
As rebeliões
populares, em geral ainda espontâneas em sua grande maioria, também significam
que os trabalhadores e trabalhadoras não só estão perdendo a paciência contra a
barbárie neoliberal, como prenunciam um novo ciclo de lutas na América Latina e
Caribe contra o imperialismo, os altos ganhos das classes dominantes e a
destruição dos direitos e garantias, com o rebaixamento dos salários e das
condições de vida da população.
Os levantes apontam
para a possibilidade de avançar na busca de um novo rumo para a nossa região,
baseado no poder popular. A fúria do povo demonstrada nas rebeliões do Equador,
do Haiti, de Porto Rico, a recente insurreição popular no Chile, que era
considerado o paraíso neoliberal das Américas, as manifestações populares no
Uruguai, na Colômbia, em Honduras, no Panamá e na Costa Rica demonstram que as
placas sociais tectônicas começam a se mover em outra direção.
A resistência do povo
trabalhador está demonstrando ainda que o medo está mudando de lado e levando
pavor às classes dominantes, acostumadas a esmagar as reivindicações populares
com a repressão policial, a perseguição política, ou afastar dirigentes
políticos que não rezam por sua cartilha com os golpes jurídico-parlamentares,
as farsas judiciais, a demonização pública, os boicotes, sanções políticas,
econômicas e sociais visando dobrar pela fome os povos em luta.
Esse conjunto de
manobras e manipulações parece que está se esgotando porque os trabalhadores e
trabalhadoras estão se cansando da farsa neoliberal e se mostram dispostos à
luta de todas as formas para mudar a vida em nossa região. A repressão
generalizada, que antes sufocava as reivindicações populares, agora aumenta a
fúria dos povos, que enfrentam de forma cada vez mais destemida a brutalidade
policial, impondo derrotas importantes a esses governos reacionários.
Gostaríamos também de
advertir ao presidente Bolsonaro que não adianta tentar amedrontar ou intimidar
a população brasileira, ordenando o monitoramento dos movimentos sociais e
partidos políticos e prometendo utilizar as forças armadas em caso de
manifestações populares em nosso país. Não se engane: quando os trabalhadores,
a juventude e a população pobre dos bairros e periferias decidem lutar por sua
emancipação e mudar o rumo da vida, não tem força militar no mundo capaz de
derrotá-la, apesar da brutalidade da repressão e do sacrifício que tenha que
ser feito no curso da luta. Afinal, vocês são poucos, nós somos milhões.
Comissão Política
Nacional do PCB
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