Foto: REUTERS/Bruno Kelly |
Yahoo Notícias, 11 de outubro de
2019
O desmatamento cresceu cerca de 96%
em setembro na Amazônia, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais). O aumento é referente ao mesmo mês em 2018 e foi registrado pelo
Deter, sistema que dispara alertas de desmate para embasar ações do Ibama.
Desde junho, a devastação na Amazônia
tem apresentado crescimento em relação à série histórica do Inpe. Os meses de
julho, agosto e setembro do primeiro ano do governo Jair Bolsonaro tiveram as
maiores taxas de desmate desde o início dos registros do Deter, em 2015.
Junho teve aumento de 90% no desmate.
Em julho, foram 278% de crescimento. Em agosto o salto foi de 222%, em relação
ao mesmo período do ano anterior.
No mês de setembro foram devastados
1.447 km² de floresta amazônica. O Deter (Sistema de Detecção do Desmatamento
em Tempo Real) não tem a função de medir precisamente a área desmatada, o que é
feito pelo Prodes, divulgado anualmente apontando o desmate entre agosto de um
ano e julho do seguinte. Mesmo assim, o Deter pode ser usado para apontar a
tendência geral de aumento ou redução da destruição na floresta.
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A explosão no desmatamento acabou
levando, entre julho e agosto, a ataques sem provas do governo Bolsonaro aos
dados de desmate produzidos pelo Inpe. O presidente chegou a afirmar que o
então diretor do instituto, Ricardo Galvão, poderia estar a "serviço de
alguma ONG". As informações de devastação também foram contestadas, sem
apresentação de justificativa, pelos ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente),
Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) e pelo general Augusto Heleno (Gabinete de
Segurança Institucional).
Galvão se defendeu do ataque e também
fez a defesa dos dados do Inpe. O então diretor acabou exonerado pelo ministro
Pontes no dia 2 de agosto.
A destruição crescente gerou alerta
nos países que investem em desenvolvimento sustentável no Brasil, como a
Noruega e Alemanha --através do bilionário Fundo Amazônia, que está bloqueado
após Bolsonaro ter extinto os conselhos que geriam o fundo. Ambas as nações
paralisaram recursos enviados.
Em meio ao desmate, cresceram também
as queimadas, o que atraiu ainda mais atenção internacional ao Brasil e gerou
uma crise da imagem ambiental do governo Bolsonaro.
As crises sobrepostas levaram a
manifestações de preocupação da chanceler alemã Angela Merkel e do presidente
francês Emmanuel Macron.
Bolsonaro, como resposta, falou que
Merkel poderia usar o dinheiro bloqueado (R$ 150 milhões) que seria enviado ao
Brasil para reflorestar as matas alemãs. O presidente também menosprezou o
bloqueio de dinheiro norueguês para o Fundo Amazônia.
Por fim, na discussão com Macron, o
presidente brasileiro chegou a ofender a primeira dama francesa. Após ser
criticado, disse não ter ofendido Brigitte Macron. Bolsonaro ainda recusou US$
20 milhões de dólares (R$ 82 milhões) do G7 para combate às queimadas e chamou
a oferta de ajuda de "esmola".
Mas aceitou ajuda israelense.
Inicialmente o país disse que enviaria material químico para conter o fogo,
mas, no fim, enviou somente uma delegação com 11 especialistas em combate a
incêndios.
A crise das queimadas, que se
concentra principalmente em áreas privadas e florestas não destinadas --nas
quais qualquer desmatamento e incêndio é ilegal--, levou o presidente Bolsonaro
a assinar um decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) que autorizava uso das
Forças Armadas para combater os incêndios.
***Da Folhapress
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