PODER 360 - Sabrina Freire
© Lula Marques A ex-presidente Dilma Rousseff
ao discursar em seminário na Câmara dos Deputados
No Congresso
Nacional pela 1ª vez depois do impeachment,
a ex-presidente Dilma Rousseff chamou nesta 4ª feira (4.set.2019) o governo do
presidente Jair Bolsonaro de “neofascista”. Segundo ela, até o seu
governo, o país havia “resistido” à política “neoliberal“,
agora, tem de “conviver com absurdos característicos do neofascismo”.
“Por que que é ‘neo’? Porque geralmente os
partidos fascistas eram nacionalistas. E esse grupo que está no poder não tem o
menor compromisso com a nação. Portanto, não tem compromisso com sua soberania.
Porque a soberania tem necessariamente de dar respostas à
questão nacional, à questão do seu país, do seu território das suas riquezas e
do seu povo”, disse em discurso
durante seminário sobre a “Soberania Nacional e Popular”, no auditório Nereu
Ramos da Câmara dos Deputados.
Ao chegar no
Congresso, Dilma foi aplaudida e recebida por
líderes do PT, como a presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR).
Alvo de impeachment
em 31 de agosto de 2016, Dilma voltou a negar que tenha cometido 1 “crime
de responsabilidade” e, para ela, o que chama de “golpe”, a
prisão do ex-presidente Lula e a “destruição de partidos de centro” foram
necessários para o surgimento do governo Bolsonaro.
“Foi necessário
então 1 impeachment sem crime de responsabilidade. Foi necessário a prisão do
nosso maior líder político latino-americano, o presidente Lula. Foi necessária
a destruição, inclusive, dos partidos de centro, que tiveram e mostraram isso
para que houvesse esse espaço do surgimento desse governo e da proposta
neoliberal”, disse.
A petista ainda
afirmou que “quem abriu as portas” para o atual cenário político e
econômico do país foi o PSDB. Para ela, diferentemente do que é no mundo, no
Brasil a social-democracia “é golpista”.
“É muito importante
pra gente lembrar, que quem abriu as portas para essa lei [do teto dos gastos], é o mesmo que abriu
as portas para a retirada dos 30% da Petrobras em todos os blocos do pré-sal.
Foi o PSDB, o senador José Serra”, disse.
“Isso é importante
porque nesse país, infelizmente, a social-democracia, que sempre, pelo menos no
mundo, achou que aceitar o consenso neoliberal era fundamental, ela que achou
isso no resto no mundo, aqui não, ela virou golpista. Uma parte dela pelo menos
virou golpista, a outra, a gente convida para todas as nossas frentes, que
devem ser ecumênicas e receber todos aqueles que se interessam pela
sobrevivência do nosso país”, completou.
Dilma citou 3
pontos que, para ela, “são fundamentais no ataque à questão nacional”:
- privatização
das estatais:“a privatização das
estatais, não é privatização coisa nenhuma, é desnacionalização,
principalmente das maiores estatais. A Petrobras não será privatizada,
será desnacionalizada. Não há no Brasil capital suficiente para comprar e
desenvolver a Petrobras. Ao mesmo tempo, nós temos que nos referir a toda
essa imensa onda de privatização desnacionalizante, que é a venda dos
nossos bancos, ou a destruição deles. A destruição do BNDES transforma em
impossibilidade de investimento em infraestrutura no nosso país. Portanto,
é uma derrota nacional reduzir o BNDES a pó”;
- Fundo
Amazônia: “O fundo da Amazônia
não foi 1 presente para o governo brasileiro e para o Brasil. Foi a
contrapartida para uma política ambiental consequente de redução
sistemática do desmatamento e da projeção que em 2020 nós chegaríamos a
uma redução de 80%”, disse. “Ninguém
segura a Amazônia se não tiver 1 gasto coibindo o desmatamento, coibindo o
garimpo ilegal, a exploração ilegal de mineral, a morte de indígenas, o
avanço em florestas nacionais”, completou.
- Future-se: falou sobre o programa do Ministério da
Educação que visa incentivar a captação de recursos privados para as
universidades federais. “Quando você destrói as universidades
públicas, você destrói duas coisas, porque a forma de destruir também é
solerte, é que nem a Petrobras, é que nem a Floresta Amazônica. Porque que
ela é solerte? Você cria uma OS SOS e vira uma forma de operação das
empresas aparentemente, ela continua com uma faixa pública e costuma a ser
minada por 2 critérios: 1 critério de atuação ligados aos interesses das
corporações educacionais que vão comprar e ser a sustentação da OS; e
também pelo fato que os critérios se descolam do critérios do
desenvolvimento do país;
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