Empresários, economistas e mídia voltam a falar fino
CRÍTICA DA ECONOMIA
por José Martins
Os inúteis empresários brasileiros,
seus economistas e sua mídia boca de aluguel voltaram a falar fino. Menos de
uma semana atrás (dia 30 agosto) eles falavam mais grosso que de costume.
Tinham o que festejar.
Festejar o quê? Os dados do PIB no 2º
trimestre 2019, divulgados naquela semana pelo IBGE. Festejavam a “recuperação
do crescimento” da economia nacional. Todos os jornais e noticiários a serviço
do sistema puxavam o coro dos otimistas.
O simpático presidente da República,
cara mais expressiva dos empresários nacionais e do sistema imperialista, era o
mais entusiasmado de todos. Como noticiava o jornal Folha de S.Paulo
(30/Agosto): “O presidente Jair Bolsonaro comemorou nesta quinta-feira (29) a
melhora da economia brasileira no segundo trimestre registrada pelo IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)”.
“Hoje tivemos uma boa notícia, um dado
positivo da Economia”, disse Bolsonaro, durante lançamento, no Palácio do
Planalto, do programa Em Frente Brasil, voltado para o combate da violência no
país. “Fiquei feliz de ver as mídias sociais divulgarem uma notícia dessas. E a
economia também ajuda nessa questão. Porque se o desemprego cai, a violência
também diminui no nosso país”, acrescentou.
No mesmo dia, o jornal Valor Econômico
estampava a ufanista manchete de primeira página: “PIB surpreende e afasta
temor de nova recessão”. No corpo da matéria enfatizava: “Os números mostram
que o Brasil não está em recessão, risco esperado por alguns, uma vez que,
entre janeiro e março, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 0,1%.”
Mais abaixo uma importantíssima
observação: “As boas notícias vieram da indústria de transformação, que avançou
2%, e da construção civil, que cresceu 1,9%. Os dois setores, principalmente o
segundo, estão entre os que mais sofreram com a crise que assola a economia
brasileira há seis anos.”
Uma semana depois, essa festança foi
repentinamente substituída por dissimulações e pessimismo. Profundo pessimismo,
quase desespero daqueles mesmos inúteis empresários brasileiros, economistas,
governo e mídia boca de aluguel. Voltaram a falar fino, como sempre.
Por que tanto pessimismo? Que más
notícias poderiam ter motivado esta súbita mudança de humor? Exatamente a
sinistra divulgação pelo IBGE, quarta-feira (04 Setembro), dos últimos dados da
produção industrial. Agora mais de acordo com a realidade.
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O outrora otimista Valor Econômico
agora noticia funebremente, no meio da sua edição de quarta-feira (04
setembro), em um canto bem escondido, que “Indústria decepciona e começa
trimestre em queda”
Resultado insofismável: ao invés de
recuperação do crescimento industrial, como se imaginava há uma semana, agora
chega notícia de que a indústria nacional desabou no 1º semestre do ano.
Particularmente no 2º trimestre do ano,
aquele mesmo período tão comemorado uma semana antes com uma suposta expansão
do PIB/2º trimestre 2019, que, como visto acima, salientado na matéria do
jornal Valor Econômico, teria sido puxada pela robusta expansão de 2% da
indústria da transformação.
Ora, agora é oficializado no novo
relatório divulgado pelo IBGE que foi exatamente esta indústria da
transformação que mais caiu no período. Em julho de 2019, a produção industrial
nacional caiu 0,3% frente a junho (série com ajuste sazonal), terceiro
resultado negativo consecutivo.
A perda acumulada nesse período foi de
1,2%. No confronto com julho de 2018 (série sem ajuste sazonal), a indústria
recuou 2,5%, após queda de 5,9% em junho.
O acumulado no ano foi de -1,7%. O
acumulado nos últimos 12 meses (-1,3%) mostrou perda de ritmo frente ao
resultado de junho (-0,8%) e permaneceu com a trajetória predominantemente
descendente iniciada em julho de 2018 (3,2%).
Para maior precisão do processo deve-se
observar a evolução da média móvel trimestral. É o melhor registro estatístico
para conferir o real desempenho da indústria da transformação naquele festejado
PIB 2º trimestre/2019, como, principalmente, o que se projeta para a economia
como um todo nos próximos trimestres.
Neste sentido, os competentes e
profissionais técnicos do IBGE – não confundir com sua atual direção e
interferências externas de milicianos de Brasília para manipulação de
indicadores – ainda conseguem nos informar que a média móvel trimestral (com
ajuste sazonal) mostrou variação de (-) 0,4% no trimestre encerrado em julho de
2019 e manteve a trajetória predominantemente descendente iniciada em agosto de
2018. A indústria já navega tropegamente no território das taxas abaixo de
zero.
Na próxima revisão do PIB 2º trimestre,
possivelmente na virada deste mês de setembro para outubro, com estes
indicadores mais realistas o IBGE deverá revisar fortemente para baixo aquele
estranho 2% de expansão da indústria da transformação embutido no cálculo do
PIB.
E aí, quem sabe, a nação ainda se
lembre daquela fajuta variação do PIB trimestral de 0.4% tão entusiasticamente
festejado há uma semana por inúteis empresários proprietários das terras e
demais meios de produção no país; seu simpaticíssimo presidente da República;
seus eunucos economistas e sua corrompida mídia oficial.
Apenas nua e crua realidade. Entre a
propaganda enganosa destes desonestos empresários e a realidade material do
país há um abismo econômico e social.
Quando se observa criteriosamente esse
processo de ruptura do atual sistema imperialista de exploração global, o
cenário mais provável para os próximos trimestres é uma continuidade de
estagnação com tendência a uma repentina depressão da economia brasileira.
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