THAIS ARBEX, ANGELA BOLDRINI E DANIELLE BRANT
Folhapress, 07
de agosto de 2019
***ARQUIVO***SÃO
PAULO, SP - 05.08.2019: Deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente do PT,
durante o primeiro debate preparatório para o 7º Congresso 'Democracia x
Capitalismo' na Fundação Perseu Abramo, São Paulo. (Foto: Zé Carlos
Barretta/Fotoarena/Folhapress)
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A
presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), afirmou nesta quarta-feira (07.08.2019)
que o ministro da Justiça, Sergio Moro, atuou para que fosse autorizada a
transferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de Curitiba para
uma unidade prisional em São Paulo.
"Não temos dúvidas que o está
acontecendo com o presidente Lula é fruto de uma atuação do agora ministro da
Justiça, Sergio Moro, que já atuou de maneira militante e política para julgar,
condenar e mandar prender o ex-presidente", disse Gleisi em ato na Câmara.
A juíza federal Carolina Lebbos,
responsável pela execução da pena Lula determinou nesta quarta que o petista
seja transferido da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
"Mais uma vez o presidente Lula
é vítima de Sergio Moro. Foi a Polícia Federal que pediu a transferência de
Lula e a Polícia Federal é subordinada a Moro. Ele está sempre atuando
politicamente para perseguir e prejudicar o presidente", disse
Gleisi.
A dirigente petista também
classificou a decisão como "grave, extemporânea e
desnecessária".
Também presente ao ato do PT na
Câmara, o ex-prefeito de São Paulo e candidato derrotado à Presidência,
Fernando Haddad, afirmou que o Brasil "está vivendo uma escalada
autoritária desde o dia 1º de janeiro". "E é preciso frisar que de
duas semanas para cá ela mudou de patamar."
Logo após o ato, que durou pouco mais
de 15 minutos, uma comitiva de deputados saiu a pé do Congresso e atravessou a
Esplanada em direção ao STF (Supremo Tribunal Federal), para uma audiência com
o presidente da corte, Dias Toffoli.
Além de parlamentares de partidos da
oposição, como PT, PSOL, PDT, PC do B e PSB, também estavam presentes deputados
influentes de partidos do centrão, como Arthur Lira (PP-AL), Wellington Roberto
(PR-PB), Paulinho da Força (SD-SP) e Marcelo Ramos (PR-AM), este último
ex-presidente da comissão especial da Previdência.
Advogado, o vice-presidente da
Câmara, Marcos Pereira (PRB-SP), foi representando a Casa, a pedido do
presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ).
A juíza negou um pedido da defesa de
Lula para aguardar decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre eventual
suspeição das decisões do ex-juiz Sergio Moro (hoje ministro da Justiça) e
anulação do julgamento do ex-presidente.
No plenário, Maia, parlamentares de
partidos de centro e até do PSDB criticaram a decisão de Lebbos.
O deputado Joaquim Passarinho
(PSD-PA) afirmou estranhar a decisão da juíza. "Apesar de nunca ter votado
nele, acho que [Lula] é um ex-chefe de Estado e merecia um outro
tratamento", disse. Para ele, tocar no assunto mais de um ano depois
parece "perseguição à toa."
Maia respondeu, concordando.
"Tem toda razão, deputado", afirmou. O presidente da Câmara se
colocou à disposição "para que o direito do ex-presidente seja
garantido."
Depois, a jornalistas, Maia disse que
é preciso "tomar cuidado". "Eu acho que já estava lá há bastante
tempo para fazer uma mudança sem estar organizado. Se fosse mudar para São
Paulo se organizasse um lugar em São Paulo que pudesse dar as mesmas garantias,
condições", disse.
A pedido de líderes partidários do
Congresso, o PT elaborou uma nota de apoio a Lula. A ideia é que o documento
seja suprapartidário. Petistas vão colher assinaturas de parlamentares e
pretendem divulgá-lo no fim do dia.
A nota diz que o ex-presidente foi
alvo de "medidas arbitrárias por parte de autoridades que deveriam zelar
pelo cumprimento da lei e da Constituição".
"A transferência de Lula para um presídio
estadual de São Paulo é uma medida extemporânea e temerária, que expõe sua
dignidade e até mesmo sua segurança pessoal. Numa democracia, os direitos devem
valer para todos, independentemente de posição política ou partidária",
diz o texto.
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