Ney Nunes – Membro do Comitê Central do PCB
Um olhar mais atento
para a história recente do Brasil, no que tange aos ocupantes da cadeira
presidencial, poderá ser de grande valia para termos uma compreensão do que
está se passando na atualidade do nosso país. Fazendo um breve retrospecto,
desde o fim da ditadura militar-empresarial imposta com o golpe de 1964,
veremos no cargo de primeiro mandatário da nação figuras bastante díspares,
considerando suas características pessoais, sociais e políticas. Mas, apesar
disso, e algumas vezes até contrariando expectativas, todos cumpriram, no
essencial, uma determinada tarefa.
Examinando o perfil
pessoal de José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique,
Lula, Dilma Roussef e Temer, encontraremos traços distintos, variando entre a
simpatia e a arrogância, a prudência e o açodamento, a lealdade e o cinismo;
além desses, muitos outros ainda poderiam ser atribuídos. As origens sociais
também são as mais diversas: nelas encontraremos desde o funcionário público, o
intelectual, o operário e até um playboy. No aspecto político, as trajetórias
também guardam distância: temos aqueles que serviram à ditadura e outros que
fizeram oposição a ela, uns eram considerados de direita, alguns de centro e
outros de esquerda.
Quando voltamos nossa
atenção para o atual presidente, verificamos que o seu perfil pessoal, social e
político difere em muitos aspectos dos antecessores. Temos hoje um presidente
de personalidade transtornada, adorador de torturadores e assassinos, obcecado
por servir aos EUA, despejando diariamente nas mídias verdadeiras diarreias
verbais. Trata-se de um ex-militar, quase expulso das fileiras do Exército, que
virou político profissional e líder de um clã familiar de extrema direita. Mas,
apesar dessas terríveis peculiaridades, ele também cumpre uma tarefa em comum
com os anteriores.
A essa altura os
leitores já devem estar se perguntando: que tarefa em comum será essa? Observem
que todos os mandatos que citamos, incluindo o atual, não promoveram ou
tentaram promover nenhuma mudança estrutural no sistema econômico e político a
que estamos submetidos. Os pilares desse sistema foram e são mantidos, em que
pesem as agruras que causam à esmagadora maioria do povo brasileiro. A exploração
do povo trabalhador, a submissão diante das potências imperialistas e a
corrupção dos recursos públicos, essas três irmãs siamesas, seguem aprofundando
a desigualdade e a miséria, colocando nosso país no rumo da barbárie.
Quanto a tarefa em
comum, esta é designada pelos verdadeiros donos do poder, o grande empresariado
e seus sócios imperialistas. Ela consiste no gerenciamento do sistema político,
promovendo o essencial, ou seja, a continuidade do capitalismo e sua máxima
rentabilidade. Nisso reside a diferença fundamental entre o patrão e o gerente:
o primeiro determina o objetivo, ao segundo cabe encontrar os meios de
alcançá-lo. Não cultivemos ilusões; para os verdadeiros donos do poder, desde
que o objetivo seja alcançado, pouco importam quais sejam os gerentes e os
meios utilizados.
Às favas os patrões e
os gerentes!
EM TEMPO: Como ficará o nosso Brasil com mais três anos e meio de entrega/venda do nosso patrimônio, de agressão ao meio ambiente, de submissão a Donald Trump, de perda das conquistas sociais, de desemprego, de baixo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), de ataque a educação, de insegurança, de ataque a saúde através do corte de verbas e da liberação do uso de agrotóxicos nas plantações, de entrega aos EUA da Base Militar de Alcântara no Maranhão, de atrito com alguns governantes estrangeiros, dentre outros?
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