© Foto: André Penner/AP |
Glenn Greenwald, Edoardo Ghirotto, Fernando Molica, Leandro Resende e
Roberta Paduan
A relação próxima
desenvolvida pelo juiz Sergio Moro e pelo procurador Deltan Dallagnol durante as
investigações da Operação Lava-Jato abriu
espaço para um companheirismo digno de colegas de trabalho.
O diálogo inédito
faz parte do material analisado por VEJA em parceria com o site The Intercept
Brasil. Só uma pequena parte havia sido divulgada até agora — e ela foi
suficiente para causar uma enorme polêmica.
A reportagem realizou o mais
completo mergulho já feito nesse conteúdo. Foram analisadas pela 649.551
mensagens. Palavra por palavra, as comunicações examinadas pela equipe são
verdadeiras e a apuração mostra que o caso é ainda mais grave. Moro cometeu,
sim, irregularidades. Fora dos autos (e dentro do Telegram), o atual ministro
pediu à acusação que incluísse provas nos processos que chegariam depois às
suas mãos, mandou acelerar ou retardar operações e fez pressão para que
determinadas delações não andassem. Além disso, revelam os diálogos,
comportou-se como chefe do Ministério Público Federal, posição incompatível com
a neutralidade exigida de um magistrado. Na privacidade dos chats, Moro revisou
peças dos procuradores e até dava broncas neles.
São vários os
exemplos. Em 14 de dezembro de 2016, Dallagnol escreve ao parceiro para contar
que a denúncia de Lula seria protocolada em breve, enquanto a de Sérgio Cabral
já seria registrada no dia seguinte (o que de fato ocorreu). Moro responde com
um emoticon de felicidade , ao lado da frase: “um bom dia afinal”.
Nota da redação: procurados por VEJA, Deltan
Dallagnol e Sergio Moro não quiseram receber a reportagem. Ambos gostariam que
os arquivos fossem enviados a eles de forma virtual, mas, alegando compromissos
de agenda, recusaram-se a recebê-los pessoalmente, uma condição estabelecida
por VEJA. Mesmo sem saber o conteúdo das mensagens, a assessoria do Ministério
da Justiça enviou a seguinte nota: “A revista Veja se recusou a enviar
previamente as informações publicadas na reportagem, não sendo possível
manifestação a respeito do assunto tratado. Mesmo assim, cabe ressaltar que o
ministro da Justiça e Segurança Pública não reconhece a autenticidade de
supostas mensagens obtidas por meios criminosos, que podem ter sido adulteradas
total ou parcialmente e que configuram violação da privacidade de agentes da
lei com o objetivo de anular condenações criminais e impedir novas
investigações. Reitera-se que o ministro sempre pautou sua atuação pela
legalidade”.
Colaboraram Leandro
Demori, Victor Pougy, Nonato Viegas e Bruna de Lara
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