© TVCâmara/Reprodução. Glenn Greenwald na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados |
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A OAB-RJ divulgou
nesta quinta-feira (04), uma nota oficial se posicionando sobre uma possível
investigação do Conselho de Controle de Atividade Financeiras, o Coaf, a pedido
da Polícia Federal (PF), para que levante detalhes das movimentações
financeiras do jornalista Glenn Greenwald, editor e
co-fundador do The Intercept Brasil.
Segundo a nota
oficial, assinada pelo presidente da Comissão de Liberdade de Expressão da
OAB-RJ, Marcus Vinícius Coelho, a instituição manifesta “contrariedade e
preocupação” com o pedido da PF, pois representa “inaceitável prática de
tolhimento e intimidação, em flagrante afronta à Constituição Federal”. A nota
diz ainda que Greenwald é “profissional internacionalmente reconhecido e
premiado” e que “a liberdade de imprensa é pressuposto indispensável para o
Estado democrático de Direito”.
Ainda não há a
confirmação se, de fato, a Polícia Federal fez o pedido ao Coaf contra o
jornalista como foi divulgado pelo site O Antagonista.
Na última
terça-feira (02), quando o Ministro Sergio Moro esteve na Câmara dos Deputados
para prestar esclarecimentos sobre os diálogos divulgados pelo The Intercept
Brasil, foi questionado diferentes vezes sobre a veracidade do pedido.
Moro não confirmou
nem negou. Disse que não participa das investigações e que, essa questão deve
ser feita “ao órgão certo”. A Polícia Federal está subordinada à pasta da
Justiça, chefiada por Moro, e o Coaf à Economia.
Glenn Greenwald é
um jornalista americano vencedor do prêmio Pulitzer por ter revelado, em 2013,
um sistema de espionagem em massa dos EUA com base em dados vazados por Edward
Snowden. Desde o último dia
09, o site que ele edita revela uma série de conversas vazadas que mostram Moro
e Deltan Dallagnol combinando estratégias de investigação e de comunicação com
a imprensa no âmbito da Operação Lava Jato.
Segundo as
revelações, o ex-juiz sugeriu mudanças nas ordens das operações, antecipou ao
menos uma decisão e deu pistas informais de investigações nos casos envolvendo
o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Confira a íntegra da nota da OAB-RJ
“A Ordem dos
Advogados do Brasil, Seção do Estado do Rio de Janeiro, por meio de sua
Comissão de Liberdade de Expressão, vem manifestar contrariedade e preocupação
a propósito do pedido da Polícia Federal para que o Conselho de Controle de
Atividade Financeiras (Coaf) levante detalhes das movimen-tações financeiras do
jornalista Glenn Greenwald. A notícia foi veiculada pela imprensa e, caso
confirmada, representa inaceitável prática de tolhimento e intimidação, em
flagrante afronta à Constituição Federal.
Não haveria como
desatrelar, do anunciado procedimento da Polícia, o trabalho jornalístico feito
pelo site comandado por Glenn, profissional internacionalmente reconhecido e
premiado.
A liberdade de
imprensa é pressuposto indispensável para o Estado democrático de Direito,
sendo a OAB/RJ historicamente uma de suas mais ardorosas defensoras, por
inclinação e dever estatutário.
Rio de Janeiro, 4
de julho de 2019
Marcus Vinícius
Cordeiro
Presidente da Comissão de Liberdade de Expressão da OAB/RJ”
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