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Veja.com - André Siqueira
Representantes das
entidades públicas e científicas que foram retiradas do Conselho Nacional
de Políticas sobre Drogas (Conad), por decisão do presidente Jair Bolsona-ro, classificaram a medida como um “retrocesso”.
“O governo está expurgando a opinião que seja diferen-te da dele”, disse a VEJA
o diretor da Sociedade Brasilei-ra para o Progresso da Ciência (SBPC), Sidarta
Ribeiro.
Além da SBPC,
deixarão de participar do Conad a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Conselho Federal de Medicina (CFM), o Conselho Federal
de Psicologia (CFP), o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), o Conselho
Federal de Enfermagem (Cofen), o Conselho Federal de Educação (CFE) e a União
Nacional dos Estudantes (UNE).
“O que preocupa é
que esta não é uma medida isolada. O governo Bolsonaro tem feito isso, o
desmonte, em vários conselhos, como no Conama (Conselho Nacional do
Meio Ambiente), por exemplo. Trata-se da insistência em políticas
governamentais anticientíficas”, disse Sidarta Ribeiro. “É uma série de ações
equivocadas. O governo tem agido como aquela pessoa que, quando com febre,
briga com o termômetro, quando deveria buscar o diagnóstico”, acrescentou.
Ele explica que o
governo federal já tinha maioria na formação do conselho “para aprovar
quaisquer pautas”. “Ainda que de forma minoritária, havia divergências dentro
do Conad, porque é do interesse de qualquer governo escutar opiniões divergentes”,
afirmou Ribeiro, que é professor de neurociências e diretor do Instituto do
Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). “Agora, trata-se
de um rolo compressor. Não haverá nem a voz contrária.”
Em nota, a Comissão
Especial de Segurança Pública da OAB expressou sua “preocupação com a exclusão
dos representantes da sociedade civil e especialistas da discussão e elaboração
de políticas públicas formuladas” no âmbito do Conad. A OAB afirma que as
políticas públicas sobre drogas representam um “tema de grande complexidade e
gravidade”, ressaltando o número de jovens que sofrem com a dependência
química.
A União Nacional
dos Estudantes (UNE) lamentou a decisão tomada pelo governo Bolsonaro, vista
como prejudicial à “elaboração de políticas públicas melhores ambientadas pela
experiência da população e de profissionais que pesquisam o tema”.
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