PODER 360 - Douglas Rodrigues
© Sérgio Lima Bolsonaro disse que poderia contar como o pai
do presidente da OAB desapareceu
A PFDC (Procuradoria
Federal dos Direitos do Cidadão) do MPF (Ministério Público Federal) emitiu
nota nesta 3ª feira (20.jul.2019) criticando a declaração do
presidente Jair Bolsonaro sobre a morte de Fernando Santa Cruz, pai de Felipe
Santa Cruz, atual presidente da OAB.
Segundo o órgão do
MPF, “toda pessoa que tenha conhecimento do destino ou paradeiro da vítima e
intencionalmente não o revele à Justiça pode ser, inclusive, considerada
partícipe do delito”, diz o documento (íntegra). Ou seja: o
presidente da República pode ter cometido 1 delito por ter afirmado que “1 dia”
comunicaria a Felipe Santa Cruz o destino de seu pai.
Eis o trecho na
nota oficial da PCDF.
© Reprodução Trecho do documento do MPF sobre a declaração
do Bolsonaro
Entenda o caso
Fernando é pai do
presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, e desapareceu em fevereiro de 1974,
durante a ditadura militar no Brasil.
Bolsonaro disse
na 2ª feira que o presidente da OAB, “não vai querer saber a
verdade” sobre o desaparecimento do pai. A Comissão da Verdade diz que
Fernando foi morto por agentes da ditadura.
Já Bolsonaro
afirmou que ele não foi morto pelos militares, mas sim pela organização de
esquerda Ação Popular do Rio de Janeiro –classificada pelo presidente como
“grupo terrorista”.
Bolsonaro
afirmou durante live via Facebook nessa 2ª feira que ouviu histórias
a respeito do assunto de pessoas de sua convivência. Não deu mais detalhes.
Para a PFDC,
“crime de desaparecimento forçado é permanente, ou seja, sua consumação
persiste enquanto não se estabelece o destino ou paradeiro da vítima”.
“A responsabilidade
do cargo que ocupa impõe ao Presidente da República o dever de revelar suas
eventuais fontes para contradizer documentos e relatórios legítimos e oficiais
sobre os graves crimes cometidos pelo regime ditatorial. Essa responsabilidade
adquire ainda maior relevância no caso de Fernando Santa Cruz, pois o
presidente afirma ter informações sobre um crime internacional que o direito
considera em andamento”, diz trecho da nota.
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