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| Foto: REUTERS/Rodolfo Buhrer |
Redação - Yahoo Notícias
Deltan
Dallagnol pediu para usar dinheiro público em peça publicitária de interesse
pessoal.
Além das suspeitas
de coordenação de ações da Lava Jato, um novo diálogo vazado mostrou que Sergio
Moro autorizou o procurador Deltan Dallagnol a usar dinheiro da 13ª Vara
Federal de Curitiba para campanha publicitária. O trecho faz parte da série de
conversas obtidas pelo The Intercept Brasil, publicadas pelo
jornalista Reinaldo Azevedo nesta segunda-feira (15.07.2019).
Em 16 de janeiro
de 2016, Deltan, atual coordenador da Operação, enviou uma mensagem a Moro para
saber se seria possível usar R$ 38 mil para divulgar uma peça na Rede Globo. “A
produtora está cobrando apenas custos de terceiros, o que daria uns 38 mil.”
“Se for so uns 38 mil achi [quis escrever
"acho"] que é possível. Deixe ver na terça e te respondo”, respondeu
Moro um dia depois.
A peça em questão
era uma propaganda de uma medida que chegou ao Congresso de forma civil,
encabeçada por Deltan e outros colegas. Entre os pedidos, estavam a abolição de
habeas corpus, ampliação dos casos de prisão preventiva e admissão em juízo de
provas ilegais - desde que colhidas de boa fé.
Entenda
o caso das mensagens vazadas pelo ‘Intercept’
A série de
reportagens do ‘Intercept’ começou no dia 9 de junho, um domingo. Na primeira leva de matérias, o site divulgou uma
série de mensagens trocadas entre Moro e Dallagnol.
Nessa primeira
leva, as acusações contra Moro ficaram por conta de um suposto direcionamento
que ele dá para a Lava Jato internamente. Entre outros, o portal apresenta
mensagens que mostrariam que Dallagnol duvidada de provas contra Lula, além de
colaboração proibida do então juiz com o procurador.
Mais tarde, em 14
de junho, o ‘Intercept’ seguiu suas publicações com mais material contra Moro.
Nas novas mensagens divulgadas, há um diálogo horas depois do primeiro
depoimento prestado por Lula à Lava Jato.
Neste diálogo,
Moro teria proposto ao Ministério Público a publicação de uma nota à imprensa.
Nela, haveria conteúdo que esclarecesse o que Moro chama de “contradições” do
ex-presidente, no que ele se refere como um “showzinho” da imprensa.
Juiz
do TRF-4 adiantou ao MPF que provas eram 'fracas'
Na sexta-feira
(12), mensagens trocadas pelo Telegram entre procuradores do MPF (Ministério
Público Federal) revelam que um juiz do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª
Região) adiantou aos envolvidos na investigação da operação Lava Jato de que as
provas apresentadas contra um réu eram “fracas”.
As novas mensagens
foram atribuídas ao procurador-chefe Deltan Dallagnol e outros procuradores. O
magistrado do TRF-4 citado pela revista é o desembargador João Pedro Gebran
Neto, que atua como relator dos casos da operação que chegam ao órgão
encarregado de julgar em segunda instância os processos da Lava-Jato em
Curitiba.
Os diálogos nos
quais Gebran é citado se referem a Adir Assad, acusado de ser um dos operadores
de propinas da Petrobras. Assad foi preso pela primeira vez em março de 2015, e
em setembro do mesmo ano foi condenado pelo então juiz Sergio Moro a 9 anos e
10 meses de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de
quadrilha.
Mensagens trocadas
apontam que, com o caso de Assad submetido à segunda instância no TRF-4 e sob
análise de Gebran, Deltan Dallagnol comentou, no dia 8 de fevereiro de 2017,
em um chat com outros colegas do MPF que o desembargador o adiantou um parecer
sobre as provas apresentadas pela acusação contra Assad.
Dallagnol
comemora proibição de entrevista de Lula
No primeiro áudio
vazado do grupo da Lava Jato no Telegram, o procurador Deltan Dallagnol
comemora uma liminar do ministro do STF Luiz Fux que proibia o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva de conceder uma entrevista. O arquivo foi divulgado
pelo site The Intercept
Brasil nesta terça-feira (9).
Datado de setembro
de 2018, os participantes do grupo reclamavam da decisão de Ricardo Lewandoski,
também do Supremo, ao autorizar Lula, preso em Curitiba, a conceder uma
entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.
Após procuradoras
chamarem os envolvidos de "mafiosos", Deltan apazigua os ânimos com a
informação da liminar de Fux:
“Vem
muito mais por aí”
Em entrevista exclusiva ao Yahoo, o jornalista Glenn
Greenwald afirmou que os conteúdos divulgados até então eram “apenas o começo”.
Moro não pode
dizer que a reputação dele foi destruída. Mas a aprovação dele caiu dez pontos
e ainda vem muito mais coisa por aí, a máscara dele [Moro] vai ser derrubada”,
afirmou o jornalista na oportunidade.
Defesa
apelou, mas STF manteve Lula preso
Houve a percepção,
por parte da defesa do ex-presidente, de que as mensagens divulgadas pelo
‘Intercept’ poderiam ajudar a tirá-lo da cadeia.
O STF decidiu,
então, julgar dois habeas corpus pedidos pela defesa de Lula, sendo um deles
relativo a Moro e que havia tido sua votação suspensa após pedido de vista do
ministro Gilmar Mendes.
Foi o próprio
Gilmar que, no início deste novo julgamento, na terça (25), pediu que os
ministros considerassem a hipótese de, em caso do HC relativo às acusações
contra Moro não fosse julgado, o ex-presidente pudesse esperar o julgamento
terminar em liberdade.
Os ministros
adiaram a votação do HC por entenderem que a série de mensagens ainda não havia
terminado e, com isso, não se podia a chegar a nenhuma conclusão sobre possível
uso da Lava Jato por parte de Moro contra Lula. Negaram, no entanto, a
liberdade proposta por Gilmar e também pela defesa.
Greenwald
foi à Câmara e reiterou que Moro chefiava Lava Jato
Na mesma terça
(25) em que a defesa de Lula apelava pela liberdade do ex-presidente no STF,
Greenwald esteve na Câmara dos Deputados para responder perguntas dos
congressistas.
Em audiência na
Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, o jornalista a
autenticidade do material recebido de uma fonte anônima, fazendo questão de
confirmar novamente a autenticidade do material.
"O material
já mostrou e vai continuar mostrando que Moro era o chefe da força-tarefa da
Lava Jato, que era o chefe dos procuradores. Ele [Moro] está o tempo todo
mandando o que os procuradores deveriam fazer e depois entrando no tribunal e
fingindo que era neutro. Já mostramos isso, mas vai ter muito mais material
ainda", declarou o jornalista no dia.
A audiência
pública na Câmara dos Deputados teve a presença principalmente de parlamentares
da oposição.
Uma
das poucas aliadas de Moro que falaram foi a deputada Policial Katia Sastre
(PL-SP), que disse que Greenwald deveria ser preso. "Quem deveria ser
julgado e condenado e sair daqui preso é o jornalista, que em conjunto com o
hacker cometeu crime", disse a parlamentar.

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