Veja.com - Da Redação
O jornalista Glenn Greenwald disse, nesta
terça-feira, 25, que o ministro da Justiça e Segurança Públi-ca, Sergio Moro, não negou, em nenhum momento, a veracidade das
mensagens reveladas pelo site The Intercept Brasil, envolvendo o então juiz
federal e o procurador Deltan Dallagnol. “Ele disse apenas que o material poderia ter
sido alterado”, afirmou.
Greenwald é ouvido
em uma audiência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos
Deputados nesta terça-feira, 25, desde as 15h.
Greenwald afirmou
que ficou “chocado” quando teve contato com o material enviado à equipe do The
Intercept Brasil por uma fonte anônima. Ele disse que, “em qualquer país
democrático”, Moro sofreria consequências graves, como perda do cargo de
ministro ou proibição para exercer a função pública. “Esse material vai
continuar sendo reportado e ele [Moro] não pode fazer nada para impedir isso”,
disse.
Na sessão desta
terça-feira, o jornalista também rebateu as declarações de que o conteúdo foi
obtido de forma ilegal. Greenwald disse que “não tem importância nenhuma” o
método utilizado por uma fonte para obter uma informação. “O jornalismo mais
importante nas ultimas décadas foi baseado em informações e documentos muitas
vezes roubados”, afirmou.
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Greenwald
questionou a postura de Moro na troca de mensagens sobre o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Segundo o site, o atual ministro de Bolsonaro
pediu para Dallagnol não investigasse o tucano, por se tratar de alguém cujo apoio era “importante”. “Isso não é corrupto ou
antiético? Um crime para impedir uma investigação?”, questionou.
O primeiro
bate-boca na audiência ocorreu quando a deputada Katia Sastre (PL-SP) afirmou
que “quem deveria ser condenado e sair daqui [Câmara] preso é o jornalista
[Glenn Greenwald], que cometeu um crime”. A parlamentar disse, ainda, que o
site é “ideológico” e parcial. Em seu tempo de fala, Greenwald disse que Sastre
não tem “nenhuma evidência” de que ele cometeu um crime, reforçou que a
Constituição brasileira garante a liberdade de imprensa, e que não se importa
com “táticas de intimidação”.
A deputada Carla
Zambelli (PSL-SP) disse que Glenn cometeu uma “estupidez” ao divulgar as
mensagens, porque as reportagens do site incentivarão as manifestações
previstas para o próximo dia 30 de junho a favor da Operação Lava Jato. “Onde
estão os áudios que você [Glenn] diz que tem? Se o senhor não provar, é
criminoso. Se comprovar a veracidade, é criminoso também, porque invadiu o
celular de alguém”, disse a parlamentar do partido do presidente da República.
Desde o dia 9 de
junho, o site The Intercept Brasil tem publicado reportagens sobre conversas do
atual ministro da Justiça e Segurança Pública com o chefe da força-tarefa da
Lava Jato.
No dia 14 de junho,
o site revelou que Moro pediu aos procuradores uma nota à imprensa para responder
ao que classificou como “showzinho” da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva após o depoimento do petista no caso do triplex do Guarujá, em São
Paulo.
Greenwald foi convidado
pelos deputados Camilo Capiberibe (PSB-AP), Carlos Veras (PT-PE), Márcio Jerry
(PCdoB-MA) e Túlio Gadelha (PDT-PE).
Como informa o blog Radar, um forte esquema de segurança foi
montado para entrada no plenário. Apenas funcionários designados e com crachá
especial poderão entrar na sessão da Câmara.
Reportagem de capa
de VEJA também mostrou como a atuação de Moro nos casos da Lava Jato alçou o juiz ao posto de celebridade – imagem que começa
a mudar com a divulgação das mensagens. Os diálogos são inequívocos:
mostram o estabelecimento de uma relação de cooperação incompatível com a
imparcialidade exigida por lei de qualquer juiz.
Acesse o sítio abaixo e ouça a entrevista:
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