© Ricardo Moraes/Reuters Flávio Bolsonaro e Jair Bolsonaro sempre defenderam publicamente os milicianos |
Da redação – Exame.com
Uma reportagem destaca
que no último dia 29, o tio da primeira-dama Michelle Bolsonaro foi preso
acusado de ter laços com uma milícia que estaria incorporando terrenos perto de
Brasília. Além disso, o senador
e filho do presidente, Flávio Bolsonaro, empregava em seu gabinete a mãe e a
esposa de um fugitivo acusado de liderar uma milícia.
A revista também
cita que um policial ligado à mesma milícia e que foi preso pelo assassinato da
vereadora Marielle Franco morava no mesmo condomínio de
Bolsonaro e que o filho do presidente havia namorado a filha do acusado.
Jair Bolsonaro tem
um histórico de defesa de milícias e de personagens ligados à ela ao longo de
sua carreira política. Em fevereiro do ano passado, já como candidato à
Presidência, voltou a fazer essa defesa em entrevista à Jovem Pan.
“Tem gente que é
favorável à milícia, que é a maneira que eles têm de se ver livres da
violência. Naquela região onde a milícia é paga, não tem violência”, afirmou.
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A Economist destaca
que as milícias surgiram nos anos 90 para se contrapor às organizações de
tráfico de drogas, mas se tornaram máfias paramilitares. Elas controlam cerca
de um quarto da região metropolitana do Rio, provendo serviços e oferecendo
proteção em troca de cobranças e mediante ameaça de violência.
“Pesquisas sugerem
que a maior parte dos residente teme as milícias, talvez até mais do que as
gangues de drogas. Os políticos, no entanto, as consideram úteis. Elas dividem
seus saques com seus patronos políticos, conduzem seus apoiadores para os
locais de votação e intimidam seus oponentes”, diz o texto.
Em um artigo de opinião,
a revista aponta que o presidente não fez nada para combater essa organizações
e que seu argumento de que elas previnem a violência é “ridículo”. Pelo contrário, o
presidente teria oferecido como resposta para o problema do crime apenas
combater violência com violência.
Isso
incluiria ampliar o acesso à posse e ao porte
de armas, assim como a proposta do ministro Sérgio Moro de redução
ou até fim das penas para policiais que matarem alguém movidos por “forte
emoção”.
“Não deveria ser
preciso dizer isso, mas se o Sr. Bolsonaro quer reduzir o crime, não deveria
permitir que policiais liderassem suas próprias máfias. É difícil cultivar
respeito pela lei se os policiais podem atirar em qualquer um e gerenciar
grupos de extorsão com impunidade”, diz um trecho.
A revista aponta
que a confiança na polícia é comprovadamente um fator de combate à violência e
que não há nenhum incentivo para o trabalho duro de investigação policial se
casos podem ser simplesmente encerrados com um tiro.
“Infelizmente, há
poucos sinais de que o Sr. Bolsonaro e seus aliados amigos do gatilho tem a
paciência para uma tarefa dessas”, diz o texto.
O presidente segue
afirmando que a maior circulação de armas tem efeito de queda na violência, na
contramão das evidências compiladas pela
esmagadora maioria dos estudos internacionais.
“A certeza de que
se vai encontrar o cidadão desarmado é que faz com que a violência
cresça”, disse, em entrevista ao programa
The Noite com Danilo Gentili transmitida nesta sexta-feira, 31.05.2019
Questionado se
estaria disposto a voltar atrás nos decretos de posse e porte de armas editados
por seu governo caso o número de mortes por armas de fogo aumente, o presidente
respondeu:
“Agora, vou fazer
uma polêmica aí. Vou querer saber se são pessoas de bem que estão morrendo ou
bandidos. Se é marginal, tem que liberar mais armas ainda”.
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