Em Curitiba, faixa retirada por bolsonaristas é recolocada |
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(Pedro
Lima/Futura Press)
Da FOLHAPRESS
Milhares de
pessoas se reúnem nesta quinta-feira (30) no Largo da Batata, na zona oeste de
São Paulo, para protestar contra o bloqueio de verbas para a educação imposto
pelo governo Bolsonaro. Alguns também pediam a liberdade do ex-presidente Lula,
o fim da reforma da previdência e justiça para a vereadora assassinada Marielle
Franco.
O público era
composto, em grande parte, por estudantes, professores, integrantes de
movimentos sociais e de centrais sindicais.
Por volta das 17h,
havia 50 mil pessoas no local, segundo organizadores -a UNE (União Nacional dos
Estudantes) encabeça a manifestação.
"Se diz que
estudante vem coagido, não conhece a realidade da universidade pública do
Brasil", afirmou um dos organizadores, do alto de um carro de som, em
referência a uma fala de Bolsonaro sobre o último ato, realizado em 15 de maio.
"O Bolsonaro
não é rei do Brasil!", disse outra organizadora.
Também rechaçaram
a declaração do presidente de que manifestantes eram "idiotas úteis":
"No dia 15, a gente mostrou que quem é inútil é ele, e que a gente é útil
para caramba para o país!", disse um jovem, também no carro de som.
O casal de
namorados Beatriz Kovacs, 25, e Lucas Rodrigues, 23, são alunos de
universidades federais -ela, estudante de nutrição na Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo) e ele, de engenharia na Universidade Federal do ABC.
Ele conta que o
bloqueio cancelou a circulação de um veículo fretado que fazia o transporte de
universitários entre os campus da instituição. Já Kovacs diz que "falta
muita coisa" na Unifesp. "Quanto mais gente se unir, maior pode ser o
efeito", diz ela.
Vieram porque
dizem que os cortes podem piorar ainda mais a situação das instituições.
O paisagista
Agnaldo Carlos, 43, foi acompanhado dos dois cachorros, Sofia e Flash, para o
ato contra o corte de verbas na educação. Os animais estavam com figurinos com
os dizeres "fora Bozo" (em referência ao presidente Jair Bolsonaro) e
"educação". "É uma forma de chamar atenção do povo para essas questões",
diz ele, dividindo-se entre os vários pedidos de fotos com os bichos. Ele
afirmou ser ex-aluno da Universidade Federal do ABC.
Enquanto os
manifestantes bradavam frases como "Bolsonaro, seu fascistinha, os
estudantes vão botar você na linha" e "não é mole não, tem dinheiro
para milícia mas não tem para a educação", um homem vendia caipirinhas e
batidas, servidas em uma bandeja, por R$ 10 para refrescar os jovens.
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Em
Minas, além de Bolsonaro, Zema vira alvo
O governador de
Minas Gerais Romeu Zema (Novo) também virou alvo dos estudantes que protestam
nesta quinta (30) na capital mineira.
"Fora
Zema" e "Pare com os cortes na UEMG" são alguns dos cartazes
colocados entre frases de Paulo Freire e mensagens como "se arme de
livros".
A universidade
estadual que já teve cortes, segundo estudantes que participam do ato, demitiu
funcionários essa semana, sem aviso prévio.
"A gente não
tem biblioteca mais, não temos secretaria, nem técnicos de informática. Como
uma universidade funciona sem isso?", diz Nathan Fagundes, 20, estudante
de Ciências Biológicas na UEMG de Ibirité.
Ele diz que também
houve cortes de bolsas de pesquisa e extensão.
Em
Curitiba, faixa retirada por bolsonaristas é recolocada
Estudantes e
professores que participam do ato contra o bloqueio de verbas da Educação em Curitiba
instalaram nesta quinta-feira (30 uma nova faixa na fachada do prédio histórico
da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
(Eduardo
Matysiak/Futura Press)
No domingo (26),
uma faixa com a frase "em defesa da Educação" pendurada no mesmo
local havia sido retirada sob aplausos por manifestantes que participaram do
ato pró-governo Bolsonaro.
A nova faixa é
maior que a anterior e foi colocada num local mais alto da fachada do prédio da
UFPR, numa operação que contou com andaimes.
"Isso mostra
que toda vez que a educação for atacada estaremos aqui para defendê-la e
colocá-la num ponto ainda mais alto", disse Paulo Vieira Neto, presidente
da Associação dos Professores da UFPR, uma das entidades que participam do ato
em Curitiba.
A nova faixa traz
novamente a frase "em defesa da Educação". Tem, porém, uma observação
sobre quem custeou sua confecção: "este material foi produzido e pago com
recursos de colaboradores externos, ex-alunos, alunos, técnicos e professores".
"Temos
responsabilidade e não usamos dinheiro público para nos manifestar",
lembrou o estudante Edilonson de Oliveira, integrante do DCE (Diretório Central
dos Estudantes) da UFPR.
Em entrevista ao
Blog de Leonardo Sakamoto, o reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, classificou
a retirada da faixa anterior por manifestantes pró-governo como "um elogio
ao obscurantismo e à ignorância". Fonseca esteve no ato na UFPR.
No domingo,
manifestantes que retiraram a faixa argumentaram que um prédio público como o
da universidade não poderia ser usado de forma ideológica.
A retirada
repercutiu. Nesta quinta, diferentes campi da UFPR receberam uma faixa parecida
com a do prédio histórico. Faixas com os dizeres "em defesa da
Educação" também foram instaladas em universidades do Ceará, Minas Gerais,
Rio de Janeiro, Bahia e Espírito Santo.
"A faixa
virou um símbolo", disse o professor Vieira Neto. "A instalação das
faixas nas outras universidades é uma coisa espontânea. Não foi
combinado." Na UFPR, junto com a nova faixa, uma estendida uma bandeira do
Brasil na escadaria do prédio da universidade. Na bandeira, foram escritas
frases em defesa da educação pública. Uma série de cartazes contra o governo e
a favor do investimento em universidades também foram levados por
manifestantes, que foram ao ato mesmo debaixo de chuva.
Fronteira
com Uruguai também tem protestos
Onde o Brasil faz
divisa com o Uruguai, na cidade gaúcha de Jaguarão, centenas de estudantes
foram às ruas no início da tarde desta quinta-feira (30) em protesto contra os
cortes de verbas impostos pelo Ministério da Educação (MEC).
Uma das faixas,
carregadas por alunos do Ifsul (Instituto Federal do Rio Grande do Sul)
continha os dizeres: "Vivemos para o estudo. Soldados da ciência, o livro
é nosso escudo e a arma é a nossa inteligência".
Além do Ifsul, a
cidade conta com um campus da Unipampa (Universidade Federal do Pampa).
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