quinta-feira, 30 de maio de 2019

Protestos em todo o país vão contra Bolsonaro e a favor da Educação

Em Curitiba, faixa retirada por bolsonaristas é recolocada

 Yahoo Notícias   
(Pedro Lima/Futura Press)

Da FOLHAPRESS

Milhares de pessoas se reúnem nesta quinta-feira (30) no Largo da Batata, na zona oeste de São Paulo, para protestar contra o bloqueio de verbas para a educação imposto pelo governo Bolsonaro. Alguns também pediam a liberdade do ex-presidente Lula, o fim da reforma da previdência e justiça para a vereadora assassinada Marielle Franco.
O público era composto, em grande parte, por estudantes, professores, integrantes de movimentos sociais e de centrais sindicais.
Por volta das 17h, havia 50 mil pessoas no local, segundo organizadores -a UNE (União Nacional dos Estudantes) encabeça a manifestação.
"Se diz que estudante vem coagido, não conhece a realidade da universidade pública do Brasil", afirmou um dos organizadores, do alto de um carro de som, em referência a uma fala de Bolsonaro sobre o último ato, realizado em 15 de maio.
"O Bolsonaro não é rei do Brasil!", disse outra organizadora.
Também rechaçaram a declaração do presidente de que manifestantes eram "idiotas úteis": "No dia 15, a gente mostrou que quem é inútil é ele, e que a gente é útil para caramba para o país!", disse um jovem, também no carro de som.
O casal de namorados Beatriz Kovacs, 25, e Lucas Rodrigues, 23, são alunos de universidades federais -ela, estudante de nutrição na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e ele, de engenharia na Universidade Federal do ABC.
Ele conta que o bloqueio cancelou a circulação de um veículo fretado que fazia o transporte de universitários entre os campus da instituição. Já Kovacs diz que "falta muita coisa" na Unifesp. "Quanto mais gente se unir, maior pode ser o efeito", diz ela.
Vieram porque dizem que os cortes podem piorar ainda mais a situação das instituições.
O paisagista Agnaldo Carlos, 43, foi acompanhado dos dois cachorros, Sofia e Flash, para o ato contra o corte de verbas na educação. Os animais estavam com figurinos com os dizeres "fora Bozo" (em referência ao presidente Jair Bolsonaro) e "educação". "É uma forma de chamar atenção do povo para essas questões", diz ele, dividindo-se entre os vários pedidos de fotos com os bichos. Ele afirmou ser ex-aluno da Universidade Federal do ABC.
Enquanto os manifestantes bradavam frases como "Bolsonaro, seu fascistinha, os estudantes vão botar você na linha" e "não é mole não, tem dinheiro para milícia mas não tem para a educação", um homem vendia caipirinhas e batidas, servidas em uma bandeja, por R$ 10 para refrescar os jovens.

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Em Minas, além de Bolsonaro, Zema vira alvo
O governador de Minas Gerais Romeu Zema (Novo) também virou alvo dos estudantes que protestam nesta quinta (30) na capital mineira.
"Fora Zema" e "Pare com os cortes na UEMG" são alguns dos cartazes colocados entre frases de Paulo Freire e mensagens como "se arme de livros".
A universidade estadual que já teve cortes, segundo estudantes que participam do ato, demitiu funcionários essa semana, sem aviso prévio.
"A gente não tem biblioteca mais, não temos secretaria, nem técnicos de informática. Como uma universidade funciona sem isso?", diz Nathan Fagundes, 20, estudante de Ciências Biológicas na UEMG de Ibirité.
Ele diz que também houve cortes de bolsas de pesquisa e extensão.
Em Curitiba, faixa retirada por bolsonaristas é recolocada
Estudantes e professores que participam do ato contra o bloqueio de verbas da Educação em Curitiba instalaram nesta quinta-feira (30 uma nova faixa na fachada do prédio histórico da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
(Eduardo Matysiak/Futura Press)

No domingo (26), uma faixa com a frase "em defesa da Educação" pendurada no mesmo local havia sido retirada sob aplausos por manifestantes que participaram do ato pró-governo Bolsonaro.
A nova faixa é maior que a anterior e foi colocada num local mais alto da fachada do prédio da UFPR, numa operação que contou com andaimes.
"Isso mostra que toda vez que a educação for atacada estaremos aqui para defendê-la e colocá-la num ponto ainda mais alto", disse Paulo Vieira Neto, presidente da Associação dos Professores da UFPR, uma das entidades que participam do ato em Curitiba.
A nova faixa traz novamente a frase "em defesa da Educação". Tem, porém, uma observação sobre quem custeou sua confecção: "este material foi produzido e pago com recursos de colaboradores externos, ex-alunos, alunos, técnicos e professores".
"Temos responsabilidade e não usamos dinheiro público para nos manifestar", lembrou o estudante Edilonson de Oliveira, integrante do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da UFPR.
Em entrevista ao Blog de Leonardo Sakamoto, o reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, classificou a retirada da faixa anterior por manifestantes pró-governo como "um elogio ao obscurantismo e à ignorância". Fonseca esteve no ato na UFPR.
No domingo, manifestantes que retiraram a faixa argumentaram que um prédio público como o da universidade não poderia ser usado de forma ideológica.
A retirada repercutiu. Nesta quinta, diferentes campi da UFPR receberam uma faixa parecida com a do prédio histórico. Faixas com os dizeres "em defesa da Educação" também foram instaladas em universidades do Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Espírito Santo.
"A faixa virou um símbolo", disse o professor Vieira Neto. "A instalação das faixas nas outras universidades é uma coisa espontânea. Não foi combinado." Na UFPR, junto com a nova faixa, uma estendida uma bandeira do Brasil na escadaria do prédio da universidade. Na bandeira, foram escritas frases em defesa da educação pública. Uma série de cartazes contra o governo e a favor do investimento em universidades também foram levados por manifestantes, que foram ao ato mesmo debaixo de chuva.
Fronteira com Uruguai também tem protestos
Onde o Brasil faz divisa com o Uruguai, na cidade gaúcha de Jaguarão, centenas de estudantes foram às ruas no início da tarde desta quinta-feira (30) em protesto contra os cortes de verbas impostos pelo Ministério da Educação (MEC).
Uma das faixas, carregadas por alunos do Ifsul (Instituto Federal do Rio Grande do Sul) continha os dizeres: "Vivemos para o estudo. Soldados da ciência, o livro é nosso escudo e a arma é a nossa inteligência".
Além do Ifsul, a cidade conta com um campus da Unipampa (Universidade Federal do Pampa).


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