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Arte: Caroline Oliveira |
Silenciar a
filosofia é censurar quem concebe o mundo de outra forma
Por Felipe Alberti
A criação de
explicação para os fenômenos, para acontecimentos sociais, permite ao indivíduo
uma compreensão da realidade: compreendendo-a pode agir sobre ela.
É a partir da
perspectiva conceitual de algo que se procura justificar uma crença, uma
explicação racional da realidade. Diferentes perspectivas sobre a igualdade,
por exemplo, terão como resultado diferentes condutas, atos e compreensão da
realidade.
Dito de outro
modo, da construção subjetiva do mundo – alicerçada em crenças, códigos e
normas – surge os motivos para as mais diversas condutas dos indivíduos.
Dessa construção
subjetiva, emergem na sociedade grupos de pessoas que não comungam – não pensam
– o mesmo mundo. Consequentemente: concepções diferentes de realidade convivem
e colidem, já que ordens, regras, códigos e padrões de conduta valorados e
percebidos como moralmente bom para certos grupos de pessoas, não o é para o
outro.
Diante disso e dos
diversos conceitos que transitam na sociedade propondo condutas diversas e
compreensões diferentes da realidade, emerge a importância da filosofia: o seu
aspecto questionador.
A filosofia não se
contenta com conceitos existentes na sociedade por força da moral, da política
e da religião. Pelo contrário, a filosofia parte da crítica desses conceitos e
da criação de novos – não na busca de um conceito inabalável, mas ambicionando
uma reflexão que resulte em crítica e construção da realidade: esta sempre provisória.
Em outras
palavras, a filosofia vislumbra a existência de diversos conceitos com base em
valores diferentes. Respeitá-los, criticá-los e defendê-los por meio do diálogo
e do debate argumentativo é premissa básica de uma democracia.
Portanto, querer
silenciar a filosofia: é silenciar as crenças e conceitos sobre a realidade; é
silenciar quem concebe o mundo de outra forma; é silenciar a existência do
outro e a liberdade dele em construir pelo livre pensar conceitos sobre a
realidade; é silenciar a democracia.
Felipe Alberti é bacharel em Direito pela Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUC-PR); Licenciado em Letras Direito pela
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).
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