Rodrigo Lima – PCB de Santa Catarina
A entrevista de Lula
revela aspectos muito importantes para pensar sobre o atual cenário do país e o
futuro da esquerda. Primeiro, é importante ressaltar que Lula, mesmo preso há
mais de um ano, segue sendo uma figura central na política nacional.
A omissão da
entrevista pela Globo e pela Record revela muito. E Bolsonaro acusou o golpe
das comparações e análises feitas pelo ex-presidente, ao afirmar que a justiça
errou ao conceder o direito de Lula ser entrevistado. Lula, ao fazer
comparações entre o seu governo e o início do governo bolsonarista, deixa
constrangidos e na defensiva os defensores de Bolsonaro. A crítica que ele faz
a Guedes foi uma paulada, ao perguntar onde o super-ministro estudou economia.
Lula articula pautas
importantes: abre fogo contra a Globo e os grandes meios de comunicação;
desmascara a Lava Jato; critica as políticas neoliberais; denuncia a submissão
do atual governo aos EUA e pauta questões econômicas que afetam o cotidiano
dos/as brasileiros/as.
Sua capacidade de
comunicação é impressionante. A questão é que Lula, mesmo preso, se mostra mais
agressivo em suas críticas, mas não o suficiente para romper com o projeto de
conciliação de classes, ao apontar para a saída dos problemas pela via do
consumo e do crédito, sem tocar na politização e mobilização das massas.
Ele revela suas
mágoas com o empresariado e com os militares, como se os mesmos o tivessem
traído, já que nenhum presidente fez tanto por estes setores. Sua esperança de
sair da prisão e poder disputar uma eleição novamente mostra sua crença na
institucionalidade. O que é um erro.
Da entrevista fica
uma lição importante para a esquerda. Do lulismo há de se destacar a capacidade
de comunicação com as massas, de falar sobre os problemas do povo e dos
trabalhadores brasileiros e a articulação de um projeto político.
Também fica o
aprendizado que a retomada dos marcos do lulismo, com a conciliação de classes
e a crença na institucionalidade não são as saídas para o Brasil. O quadro em
que vivemos não permite mais um pacto de classes, a não ser em níveis
rebaixadíssimos para os/as trabalhadores/as.
Lutar pela liberdade
de Lula é uma tarefa da esquerda e dos setores progressistas do país. Como
também é uma tarefa superar o lulismo e seu projeto de conciliação de classes.
É preciso um projeto
radical, popular e socialista! Possível e necessário!
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