25 de abril de 2019
Sindejufe-BA - A privatização da previdência fracassou na maioria dos
países que adotou o sistema de capitalização previdenciária proposto por
Bolsonaro.
Uma das conclusões do
estudo publicado pela Organização Internacional do Trabalho, é de que o maior
beneficiário das privatizações foi o setor financeiro ANDES – SINDICATO
NACIONAL Brasília (DF) (Brasil)
As privatizações dos
sistemas previdenciários fracassaram. Essa é a conclusão do estudo “Reversão da
Privatização de Previdência: Questões chaves”, publicado pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT) em dezembro do ano passado. O documento traz um
levantamento acerca da privatização dos sistemas de previdência no mundo e
sobre a reversão das privatizações. De 30 países que privatizaram a
previdência, 18 estão em processo de reversão.
O documento da OIT
lista uma série de lições aprendidas ao longo de três décadas de privatização
da previdência no mundo. Ao contrário do prometido pela propaganda oficial e
pelas instituições financeiras, a previdência privada não aumentou a taxa de
cobertura. Na Argentina, por exemplo, a taxa de cobertura caiu 20%, assim como
no Chile, na Hungria, no Cazaquistão e no México.
Nos países que
privatizaram os seus sistemas de previdência, o valor das aposentadorias
diminuiu. Na Bolívia, por exemplo, as aposentadorias privadas representavam
apenas 20% da média salarial dos trabalhadores. Segundo a OIT, a privatização
da previdência resultou no aumento do empobrecimento na velhice.
Outro aspecto negativo
da privatização da previdência apontado pela OIT é o aumento da desigualdade de
gênero e de renda. Isso se deu porque os componentes redistributivos dos
sistemas de previdência social foram suprimidos com a introdução de contas
individuais.
“Como a aposentadoria
privada é resultado de poupança pessoal, as pessoas de baixa renda ou que
tiveram sua vida profissional interrompida – por exemplo, por causa da
maternidade e das responsabilidades familiares – obtiveram poupanças muito
reduzidas e consequentemente terminaram com aposentadorias baixas, aumentando
assim as desigualdades”, afirma o estudo.
A OIT também pontua
que os custos da transição da previdência pública para o sistema privado foram
mal calculados pelos governos. Na Bolívia, o preço da privatização foi 2,5
vezes maior que a projeção inicial. Na Argentina, 18 vezes maior. Os altos
custos administrativos do sistema privados também são citados como problemas.
Na previdência pública não existe o pagamento de taxas administrativas, taxas
de gestão de investimentos, taxas de custódia, taxas de garantia, taxas de
auditoria, taxas de publicidade e taxas jurídicas, entre outras. De acordo com
o levantamento, esses custos somados chegaram a 39% dos ativos na Letônia, a
31% na Estônia e a 20% na Bulgária.
Quem ganhou com as
privatizações?
Uma das conclusões do
estudo é que o maior beneficiário da privatização da previdência no mundo foi o
setor financeiro. A OIT lembra que em muitos países as reservas de previdência
pública foram usadas para investir no desenvolvimento nacional. Com a
privatização, no entanto, isso não ocorre mais. Os fundos privados “investiram
as poupanças individuais em mercados de capitais buscando retornos elevados,
sem colocar as metas nacionais de desenvolvimento como prioridade”, diz o
levantamento. Nos países em desenvolvimento, muitas vezes são os grupos
financeiros internacionais que detêm a maioria dos fundos investidos.
Re-reformas e
reestatização
A OIT encerra o
estudo ressaltando que 18 países reverteram, ao menos em partes, a privatização
de suas previdências. Foram 13 países na Europa Oriental e 5 na América Latina.
São eles: Venezuela (2000), Equador (2002), Nicarágua (2005), Bulgária (2007),
Argentina (2008), Eslováquia (2008), Estônia, Letônia e Lituânia (2009),
Bolívia (2009), Hungria (2010), Croácia, Macedônia (2011), Polônia (2011),
Rússia (2012), Cazaquistão (2013), República Tcheca (2016) e Romênia (2017).
Segundo o estudo, a
reestatização apresentou resultados positivos, com a melhoria do sistema
previdenciário, a baixa de custos administrativos, o aumento da cobertura da
previdência e o aumento do valor das aposentadorias, em especial para a
população mais vulnerável.
http://homologacao.andes.org.br/conteudos/noticia/as-privatizacoes-fracassaram-afirma-oIT1
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