Em carta a Davi Alcolumbre, Maduro sugere que o
Senado seja "porta-voz" para relação bilateral "amistosa e
respeitosa”.
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Maduro pede
que Senado seja porta-voz dos interesses de seu governo para “restabelecer
uma relação bilateral amistosa e respeitosa entre nossas nações”.
O presidente daVenezuela, Nicolás
Maduro, enviou uma carta ao presidente do Senado Federal e do Congresso
Nacional, Davi Alcolumbre (DEM-AP), em que pede o apoio do parlamentar
brasileiro para restabelecer “uma relação bilateral amistosa e respeitosa”
entre os dois países e reabrir a fronteira venezuelana com o Estado de Roraima,
segundo cópia da missiva obtida pela Reuters.
A correspondência foi entregue a
Alcolumbre nesta quarta-feira (17) pelo senador por Roraima Telmário Motta
(Pros), que se reuniu na segunda-feira com Maduro em Caracas. Telmário é
presidente da subcomissão temporária da Venezuela, na Comissão de Relações
Exteriores do Senado.
O fechamento da fronteira por Maduro
vigora desde o dia 23 de fevereiro e impediu a entrada de ajuda humanitária
organizada pelos Estados Unidos e apoiada pelo governo de Jair Bolsonaro. Esse
bloqueio tem causado perdas diárias milionárias ao comércio na cidade
fronteiriça de Pacaraima, onde os venezuelanos vinham se abastecer de alimentos
e produtos de consumo.
Na carta a Davi Alcolumbre, com
tradução juramentada, Nicolás Maduro inicia dizendo que a Venezuela é ameaçada
“permanentemente pelo governo dos Estados Unidos com uma intervenção militar,
ao mesmo tempo em que impõe à nossa economia um severo, arbitrário e injusto
bloqueio, com o objetivo de forçar uma mudança de governo pela força”.
Maduro diz que o presidente Jair
Bolsonaro “lamentavelmente” tem rompido com a tradição de relações de harmonia,
fraternidade e respeito mútuo ao adotar “uma política inamistosa com a
Venezuela e seu governo constitucional, violando sistematicamente o sagrado
princípio de não interferência em assuntos internos dos Estados”.
Senado como
porta-voz
Maduro pede que o Senado brasileiro
seja porta-voz dos interesses de seu governo para “restabelecer uma relação
bilateral amistosa e respeitosa entre nossas nações”.
Maduro considerou “muito positivo” o
envio de uma subcomissão do Senado para acompanhar a situação da Venezuela e
suas relações com o Brasil, citando o encontro de Telmário com ele e outros
integrantes do governo.
Segundo o líder venezuelano, após a conversa
com Telmário, ele decidiu atuar pela “reabertura dos postos fronteiriços, sob
regras claras a serem acordadas entre ambas partes, com um espírito
construtivo, de cooperação, de boa vizinhança e de complementação econômica”.
“Por tal motivo, peço apoio de vossa
excelência para estabelecer uma mesa de trabalho binacional, com participação
do Senado do Brasil, para concretar as regras de convivência e respeito que nos
permitam proceder a reabrir a fronteira, como gesto compartilhado de boa
vontade”, diz.
Maduro lembra na carta as vantagens de
uma normalização.
“Tem-me expressado o senador Temário
Mota que é de especial interesse para o Estado de Roraima o sano
restabelecimento de nosso intercâmbio comercial, econômico, humano e cultural”,
diz.
“De igual maneira, ordenei fazer todos
os esforços para superar as adversidades que ocasionou o ataque criminal a
nosso sistema elétrico nacional, para restituir, no menor prazo possível, nossa
cooperação em matéria de energia elétrica com o Estado de Roraima, como sempre
tem sido meu desejo. Conte o senhor e o Brasil todo com meu dedicado
compromisso nestas decisões”, completa.
Ao final da carta, Maduro reitera ao
presidente do Senado e a todas as instituições do Estado brasileiro “nosso
desejo de retornar o caminho das relações bilaterais de cooperação,
complementação e respeito mútuo, em benefício de nossos povos”.
Para ele, “nenhuma diferença ideológica
ou política pode se colocar por em cima da paz e da unidade dos povos de nossa
América Latina e Caribenha”.
“Tenho a certeza de que lograremos
neutralizar as ambições de guerra e as ânsias de confrontação, para juntos
retomar o caminho da harmonia e o desenvolvimento compartilhado de nossos povos
irmãos”, conclui.
O encontro de Telmário com Maduro foi
alvo de críticas de apoiadores de Bolsonaro. A deputada Carla Zambelli (PSL-SP)
divulgou uma carta de repúdio ao considerar “inaceitável” que um senador
brasileiro venha a público prestar apoio ao “regime criminoso e totalitário” de
Maduro.
“Maduro, com sua política comunista,
alcançou seu objetivo: todos os venezuelanos são igualmente miseráveis,
desnutridos e desamparados”, criticou ela. “Por fim, reafirmamos nosso apoio à
decisão do governo brasileiro em reconhecer Juan Guaidó como o presidente
legítimo da Venezuela.”
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