17 de abril de 2019
Comissão Política Nacional do Partido Comunista Brasileiro (PCB)
A chegada do
centésimo dia do governo Bolsonaro trouxe à tona inúmeras análises a respeito
de suas primeiras iniciativas. Os balanços encontrados nas redes sociais e
mídias empresariais, no geral, contêm muitas críticas ao Palácio do Planalto.
Chama atenção, nesse contexto, o rápido desgaste da imagem do capitão
reformado, demonstrada no crescimento das avaliações negativas dos eleitores em
relação ao desempenho do poder executivo federal.
Quando comparado aos
presidentes que o precederam desde o início do assim chamado processo de
redemocratização, Bolsonaro figura entre os mais impopulares governantes da
Nova República. Tal cenário tem levado alguns comentaristas a já falarem,
inclusive, na possibilidade de Jair Messias ser afastado do cargo. Contudo, o fenômeno
em questão exige dos trabalhadores uma leitura mais atenta. Como temos
alertado, o governo PSL tem um caráter ultraliberal, reacionário e de extrema
direita. Seu objetivo central é retirar direitos dos trabalhadores, criando
condições para intensificar a exploração da nossa classe e elevar as taxas de
lucro dos capitalistas. Por mais que as frações da classe dominante possuam
divergências entre elas sobre como atingir tais objetivos, não se deve
subestimar os interesses comuns que podem mantê-las coesas.
As políticas do
governo recém iniciado já vêm despertando insatisfações de segmentos bastante
diversos da sociedade brasileira, desde determinadas frações burguesas até as
diferentes camadas proletárias. Neste contexto, é importante distinguir as pautas
políticas, os interesses e os conteúdos de classe presentes neste jogo
cotidiano de ações e reações ao que ocorre em Brasília.
Os trabalhadores não
devem depositar suas esperanças na possibilidade de o governo ser derrubado
pelas próprias confusões ou pela ação de setores da classe dominante. Primeiro
porque, apesar das rusgas existentes entre os campos políticos que compõem o
governo – evangélicos/ olavistas, ultraliberais e militares –, há muito mais
complementariedade do que antagonismo entre eles. Segundo, ainda que um
eventual processo de impeachment não possa ser descartado, deve-se ter clareza
que, no presente momento, o objetivo principal das críticas a Bolsonaro, quando
partem da burguesia e seus poderosos veículos de comunicação, não é, a priori,
depor o presidente neofascista, mas sim orientar seus passos para melhor
servi-la.
Portanto, é
fundamental que os trabalhadores fortaleçam a luta contra o presidente
neofascista e seu governo, aproveitando-se das contradições intraburguesas e
contribuindo para seu isolamento político, porém, sem se diluir com as pautas
burguesas. Bolsonaro não passa de uma peça na estratégia dominante de
consolidar um ciclo prolongado de ofensiva contra a maioria do povo brasileiro
em particular e latino-americano em geral, a serviço dos capitalistas e do
imperialismo. Ou seja, seu clã pode ser descartado assim que não for mais útil
à burguesia.
Porém, só com
resistência, trabalho de base, organização, mobilização, luta, unidade e
autonomia, a classe trabalhadora pode se credenciar para voltar a influir nos
rumos do país, dirigir politicamente a oposição ao governo e reverter a atual
correlação de forças. Para tanto, os trabalhadores não podem abrir mão de
empunhar suas bandeiras, apresentando para a sociedade o que este governo não
pode apresentar: as verdadeiras soluções para os problemas que assolam a grande
maioria do povo.
O caminho para salvar
a economia não é jogar a crise nas costas dos mais pobres, mas sim cobrar a
conta dos seus verdadeiros responsáveis, o 1% mais rico da população. O caminho
para enfrentar a violência não é executar mais inocentes nas periferias e
liberar o porte de armas, mas sim fortalecer a segurança preventiva – com
inteligência e investigação –, enquanto se ampliam educação, empregos e oportunidades
para a juventude. O caminho para fortalecer a soberania nacional não é agredir
a Venezuela a serviço de Trump, nem entregar a Amazônia e a base de Alcântara
aos Estados Unidos, mas sim adotar uma política externa independente e
anti-imperialista, buscando a paz, a solidariedade e a cooperação entre os
povos. O caminho para que o Brasil avance não passa pelo aprofundamento do
capitalismo, mas sim pelo Poder Popular, rumo ao Socialismo.
O momento é de
reforçar as lutas contra o projeto de destruição da previdência pública e de
mobilizar a população contra todas as medidas adotadas pelo governo de
Bolsonaro que representam retrocessos políticos e sociais e retiradas de
direitos historicamente conquistados pela classe trabalhadora e pelos setores
populares. A hora é de reforçar, nos estados, a organização do Fórum Sindical,
Popular e de Juventude por Direitos e pelas Liberdades Democráticas,
organização criada por entidades sindicais, movimentos populares e de juventude
para, de forma unitária em todo o país, estruturar a resistência aos ataques do
capital e a defesa de nossos direitos. Juntamente com as centrais sindicais e
frentes de massa nacionais devemos preparar o 1º de Maio de Luta e Resistência
em todas as cidades do Brasil, preparando a Greve Geral para barrar os
retrocessos.
BASTA DE RETROCESSOS!
DITADURA NUNCA MAIS!
CONTRA A REFORMA TRABALHISTA
CONTRA O FIM DA PREVIDÊNCIA
PÚBLICA!
EM DEFESA DOS DIREITOS E DAS LIBERDADES DEMOCRÁTICAS!
POR UM 1º DE
MAIO DE LUTA E RESISTÊNCIA, RUMO À GREVE GERAL!
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