Coordenação Nacional do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro
O Dia Internacional
de Luta das Mulheres foi fruto de muitas lutas das comunistas.
Herdamos essa
importante data da organização internacional das mulheres socialistas,
protagonizada por Clara Zetkin, Alexandra Kollontai e outras centenas de
lutadoras.
Clara Zetkin sugeriu, em 1910, na II Conferência Internacional das
Mulheres Socialistas, uma data específica para dar visibilidade à situação das
mulheres na época.
O dia 8 de março foi escolhido para homenagear a chama
revolucionária das operárias russas, que em 1917 tomaram as ruas de Petrogrado
e marcaram a história das trabalhadoras e trabalhadores de todo mundo.
Surgia a
Revolução Russa, a qual trouxe à vida das mulheres avanços jamais vistos na
história da humanidade.
Desde então,
historicamente, o Dia Internacional de Luta das Mulheres foi palco de lutas das
comunistas pelo mundo todo. Em 2019, o 8 de março não pode ser diferente!
Devemos promover a luta unificada de trabalhadoras e trabalhadores contra os
todos os ataques às nossas vidas.
Acompanhamos, nos
últimos anos, o aprofundamento da crise mundial do capital, com uma
intensificação de uma economia liberal conservadora, o crescimento de políticas
fascistas, o ataque aos direitos e à vida da classe trabalhadora. Uma
consequência direta deste processo foi o ressurgimento de governos fascistas –
a exemplo da Ucrânia – e ultraconservadores, como é o caso de Estados Unidos e
Brasil. Apesar das crises, o capitalismo em sua fase monopolista mantém sua
expansão, a expropriação e exploração de trabalhadoras em diferentes partes do
mundo. Em busca de mercados, fontes energéticas e efetivação do capital, os
países imperialistas e seus aliados engendram guerras de rapina, como têm feito
na Venezuela, e promovem políticas de austeridade.
Em nosso país, o
Impeachment sofrido pela então Presidenta Dilma Rousseff e a prisão do
ex-presidente Lula demonstram a derrocada do projeto de conciliação de classes
liderado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) na última década. Com o governo do
golpista Michel Temer (MDB) e, agora, com o desenrolar do governo de Jair
Bolsonaro (PSL), crescem o aparato militar, o fundamentalismo religioso e uma
agenda de privatizações e retirada de serviços públicos essenciais à
sobrevivência da classe trabalhadora.
A absorção das
principais reivindicações populares para a disputa institucional, assim como a
criação de uma cúpula sindical afastada das bases, deslocaram o conjunto de
trabalhadoras e trabalhadores das lutas no último ciclo. Em meio à
desmobilização popular, facilitou-se a rápida aprovação da contrarreforma
trabalhista, que interfere drasticamente nos direitos e possibilidades de
organização das trabalhadoras, além de terem se fortalecido as pautas
conservadoras e a ilusão liberal entre a população em geral. Apesar dos
inúmeros ataques que a classe está sofrendo, sabemos que ainda teremos muitas
dificuldades para reorganizar mecanismos de luta que tenham condições de dar
respostas à altura dos desafios apresentados.
Além disso, estamos
assistindo ao desmonte da Previdência Social, que irá condenar os mais pobres a
trabalhar até a morte. Em especial, as mulheres serão as mais violentadas, com
aumento do tempo mínimo de aposentadoria para trabalhadoras da cidade de 60
para 65 anos e para as trabalhadoras do campo de 55 para 60 anos, o que iguala
o tempo de trabalho entre homens e mulheres e desconsidera as nossas múltiplas
jornadas de trabalho. O tempo mínimo para aposentadoria plena (100% do salário)
passará a ser, se aprovado, 40 anos. Isso significa que a maioria das
trabalhadoras não conseguirá se aposentar com seu salário total.
Há, ainda, a proposta
de capitalização, que transfere a aposentadoria para fundos privados. Quando
implementada no Chile, durante a ditadura militar, já mostrou-se falha, e
piorou imensamente as condições dos idosos nesse país, uma vez que muitos se
aposentam, em média, com menos do salário mínimo corrente. Os ataques não param
por aí. O Benefício de Prestação Continuada – cedido às pessoas em condição de
adoecimento e aos idosos de baixa renda – será em valor menor do que é hoje, e
serão estabelecidos mais entraves para ser acessado, atentando contra toda
dignidade humana.
A flexibilização do
porte de armas contribuirá para o aumento de casos de feminicídios e de
violência de trabalhadores contra trabalhadores, fomentando o lucro da bancada
da bala, bem como possibilitando um maior armamento das milícias e perseguição
às lutadoras e lutadores sociais, a exemplo do que aconteceu a Marielle Franco.
No mês de janeiro desse ano já foram registrados no Brasil mais de 100 casos de
feminicídios.
O pacote anticrime do
Ministro da Justiça, Sergio Moro, não apresenta propostas de combate à
violência e sim de estímulo ao extermínio e encarceramento da população preta e
periférica, maiores vitimas da violência promovida pelo Estado brasileiro.
Aumentará a possibilidade de policiais matarem e não sofrerem qualquer
condenação, bem como as prisões arbitrárias. Será formado um Estado ainda mais
policialesco, com a tensão constante gerada pelo aparelho militar, a fim de
gerar o medo e um maior imobilismo social.
Em fevereiro, a PEC
29/2015, que criminaliza o aborto em todos as condições, foi retomada no
Senado. A mesma impõe a gravidez para todas as mulheres, bem como homens trans,
mesmo quando decorrente de violência sexual ou quando a risco de vida para a
mulher.
Nesse mês de março
estaremos nas ruas, nos morros, favelas, bairros periféricos, fábricas, lutando
e mantendo viva a memória daquelas que morreram pela nossa emancipação. Em
homenagem à brava Marielle, cuja execução completa em março um ano ainda sem
respostas, e à fantástica teórica e militante marxista, Rosa Luxemburgo, cujo
assassinato faz 100 anos em 2019, resistiremos!
Em defesa da
Previdência Social/SUS, contra a reforma proposta pelo governo!
Pela revogação da
Reforma Trabalhista!
Pela legalização do
aborto, gratuito e seguro, pela soberania sobre nossos corpos.
Por mais serviços
públicos de qualidade: educação pública, transportes, moradia digna.
Contra a perseguição
às lutadoras e lutadores sociais, contra a lei anticrime e a lei do armamento.
Contra as
privatizações que levam a crimes como os da Vale em Brumadinho e Mariana e
péssimas qualidades de prestação de serviços à população pobre.
Pela vida das
mulheres. Contra a violência machista, patriarcal e do Estado à nossas vidas.
Somos todas Marielles!
Somos
anti-imperialistas, lutamos pela paz – não aquela dos cemitérios – mas aquela
que respeita a soberania e autodeterminação dos povos e nesse sentido
condenamos o saque de riquezas empregado pelos grandes monopólios. Defendemos a
autonomia dos povos e países. Tirem as mãos da Venezuela, da Palestina, da
Síria e do povo Sarawui!
Vamos com
criatividade, ousadia e organização vencer o medo e manter acesas as lutas de
nossa classe!
Fonte: http://anamontenegro.org/cfcam/2019/03/06/8m_2019/
Coordenação Nacional
do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro 06 de março de 2019.
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