MARINA DIAS, Folhapress
WASHINGTON, EUA
(FOLHAPRESS) - Parlamentares americanos enviaram na segunda-feira (4) uma carta
ao secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, para pedir que o governo de
Donald Trump defenda os direitos humanos no Brasil.
No texto de quatro
páginas, os congressistas afirmam que o presidente Jair Bolsonaro "ameaça
as minorias" e "coloca em risco o futuro democrático do país" e
se dizem "desapontados" com os elogios feitos por integrantes do
governo americano ao brasileiro.
"Desde a
eleição de Bolsonaro como presidente, estamos particularmente alarmados com a
ameaça da agenda de Bolsonaro à comunidade LGBTQ+ e outras minorias, mulheres,
sindicalistas e dissidentes políticos no Brasil. Estamos preocupados porque, ao
visar direitos políticos e sociais duramente conquistados, Bolsonaro está
colocando em risco o futuro democrático a longo prazo no Brasil", diz a
carta assinada por trinta parlamentares.
Os congressistas
americanos afirmam ainda que, após medidas do novo governo brasileiro como o
decreto que ampliou o acesso a armas no país, ficou claro que a violência
contra a mulher, por exemplo, "não será prioridade" de Bolsonaro e
sua equipe.
Essa não é a
primeira vez que representantes do Congresso dos EUA endereçam a Pompeo,
responsável pela política externa americana, críticas ao governo Bolsonaro -com
quem Donald Trump tem estabelecido boa relação desde a eleição do brasileiro,
em outubro do ano passado.
Em janeiro, a
Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados dos EUA aprovou um
pedido para que Pompeo condenasse algumas ações de Bolsonaro justamente na área
de direitos humanos. O deputado democrata Eliot L. Engel, de Nova York e
presidente do colegiado, disse que as decisões do presidente brasileiro
prejudicam a comunidade LGBT, afro-brasileiros e indígenas.
Na carta desta
semana, os parlamentares citam a renúncia do mandato e saída do Brasil do
ex-deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), que disse estar se sentindo ameaçado por ser
gay no país durante a gestão do novo presidente, e afirmam que a democracia do
Brasil "ainda está se desenvolvendo" e, portanto, precisa estar
"particularmente vigilante em proteger suas instituições e separação de
poderes".
O texto, remetido
a Pompeo pela deputada Susan Wild, da Pensilvânia, diz que "antes mesmo da
eleição de Bolsonaro" as ameaças à democracia brasileira eram
"claras".
O exemplo na carta
é a prisão do ex-presidente Lula, em abril do ano passado. Segundo os
parlamentares americanos, o petista foi "barrado de concorrer em
circunstâncias controversas" que tiraram "o direito das pessoas
escolherem livremente seu presidente".
Por fim, os
deputados afirmam que o próprio Bolsonaro demonstra "hostilidade" em
relação à democracia quando diz que é um admirador da ditadura, elogia a
tortura e sugere perseguição a inimigos políticos.
Eles
dizem que vão continuar acompanhando de perto a situação no Brasil, mas pedem
quem Pompeo, como autoridade americana para a política externa, advogue pelos
direitos fundamentais e dignidade do povo brasileiro.
Publicado
em 07.03.2019
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