22 de fevereiro de 2019
Por Carmen Esquivel*
Havana (Prensa
Latina)
Invocando a ”ajuda
humanitária” e a ”responsabilidade de proteger”, Estados Unidos e seus aliados
buscam um pretexto para agredir a Venezuela, como evidenciam os voos militares
no Caribe e a tensão nas zonas fronteiriças.
Desde o início do mês
começaram a chegar à cidade colombiana de Cúcuta, limítrofe com a Venezuela, e
a outros pontos, aviões da Força Aérea estadunidense com a chamada “ajuda
humanitária” que se pretende introduzir no país vizinho mediante a pressão e a
força.
Cúcuta, onde a
pobreza atinge 40 por cento da população, se converteu em epicentro de todo um
show e ali está previsto também neste 23 de fevereiro um concerto organizado
pelo multimilionário Richard Branson, para arrecadar fundos com o alegado fim
de ajudar os venezuelanos.
Mas resulta paradoxal
que os Estados Unidos anunciem uma ajuda de 20 milhões de dólares para a
Venezuela, quando por outro lado aplica sanções e bloqueios econômicos contra
esse país que já causaram perdas de 30 bilhões de dólares.
A Cúcuta chegou nos
últimos dias o senador norte-americano Marco Rubio, ferrenho opositor do
governo legítimo do presidente Nicolás Maduro, para reiterar que Donald Trump
tem sobre a mesa todas as opções.
Também está prevista
a chegada dos chefes de Estado da Colômbia, Chile e Paraguai, países
integrantes do chamado Grupo de Lima que reconheceram o deputado Juan Guaidó,
autoproclamado presidente em exercício da Venezuela.
Guaidó, junto com um
grupo de deputados da oposição, viajou ao estado de Táchira, fronteiriço com a
Colômbia, com o propósito de fazer entrar pela força o referido carregamento
humanitário, fato considerado pelas autoridades de Caracas uma afronta à
soberania.
É a crônica de uma
provocação anunciada, segundo advertiu a porta-voz do Ministério de Relações
Exteriores da Rússia, Maria Zajarova. De acordo com Zajarova, os promotores do
plano contra as autoridades legítimas da Venezuela preveem provocar um
incidente para que os guardas fronteiriços e os militares recorram à força.
A fronteira
colombiano-venezuelana tem uma extensão de 2.219 mil quilômetros, com 63
balizas que marcam a linha divisória, mas a maior parte está em terrenos
agrestes e desabitados ou dividida por rios.
Autoridades
venezuelanas alertaram que Washington e seus aliados da direita tentam montar
um cenário para justificar uma intervenção militar com o fim de derrubar o
governo de Nicolás Maduro e se apoderar dos recursos naturais desse país,
sobretudo do petróleo.
Pretextos similares foram
utilizados para justificar invasões, com ou sem o aval da ONU, em países como
Somália, Iraque, Líbia e Iugoslávia.
Entre os casos mais
escandalosos de manipulação está o da menina Nariyah, cujas declarações na
televisão estadunidense contribuíram para convencer a população sobre a
necessidade de intervir no Iraque em 1990 e pouco depois se soube que o
depoimento era falso e a menor era filha do embaixador kuwaitiano em
Washington.
No caso da Líbia, em
2011, a ONU aprovou criar um corredor humanitário que deu luz verde à
intervenção dos Estados Unidos, Reino Unido e França, a qual provocou milhares
de mortos e mergulhou o país no caos até hoje.
Uma aventura militar
disfarçada de intervenção humanitária prepara também os Estados Unidos contra a
República Bolivariana da Venezuela, advertiu o governo cubano por meio de uma
declaração pública. O texto faz referência aos voos de aviões de transporte
militar para o aeroporto Rafael Miranda, de Porto Rico; para a base aérea de
San Isidro, na República Dominicana e para outras ilhas do Caribe
estrategicamente localizadas. Nas últimas horas, a Venezuela decidiu fechar
suas fronteiras marítima e aérea com Aruba, Bonaire e Curaçao e pôr em revisão
as relações diplomáticas com esses países.
Também foi fechada
até novo aviso a fronteira com o Brasil e não se descarta que possa ser adotada
uma medida similar com a Colômbia. A chancelaria venezuelana manifestou sua
preocupação com a utilização de algumas nações como plataformas para planejar
operações ilegais contra o Governo.
Uma operação
denominada Sentinela está ativada com efetivos da Força Armada Nacional
Bolivariana para evitar qualquer violação à integridade do território.
rr/ucl/car/mm/gdc
https://www.prensalatina.com.br/index.php?o=rn&id=22098&SEO=venezuela-no-limiar-de-uma-provocacao
Nenhum comentário:
Postar um comentário